Leu porque quis, não me encha o saco.

domingo, maio 29, 2005

Pissing in a river, watching it rise... e hoje acabou o resto do Jägermeister. Parece que eu levei um soco na boca do estômago, tomei um monte de coca cola por cima, só piorou. Saco, não tenho mais vinte anos. Lembrei quando encontrei Falvito hoje no Jive. Nascemos no mesmo dia, no mesmo ano, praticamente na mesma hora, o que pra mim já é suficiente pra criar um apego. E a dor de estômago me fez ficar só meia hora no Jive. Jazi, envelheci e vim pra casa. Nunca vi tanto veado na rua. Veados de curitiba com seus paletós e all stars, veados do Rio cor de caixa, bichas paulistas fervidas, todos pela rua, atrás de algum tipo de putaria. É muito coisa de veado viajar pra outro estado por causa de uma bobagem como a parada gay. Celebrar orgulho, conta pro boneco. Todo mundo só quer atender, acuendar, ferver, se drogar, beber, ficar de ressaca no dia seguinte. Eu já fico de ressaca todos os dias seugintes. Não preciso de uma parada pra fingir que tenho vinte anos e não tenho muita paciência com esse tipo de gente que só se diverte nessas situações. Pau no cu da parada gay, pau no cu da marcha do Jesus. Queria bem dormir amanhã o dia todo. É aquele tipo de evento que vai render comentário por três semanas seguidas, tipo a ida da Bianca Exótica no Jô. Who cares? Por favor. Nego senta naquele sofá e de repente vira baluarte da ética, dos bons costumes, vira heróí de livro beat, de novela das oito de maior audiência, tem mais lições de vida que o almanaque de lições de vida da Ediouro. Uma mentira atrás da outra. Preguiça monstra, minha filha. Potencial todo mundo tem, inclusive pra ser medíocre, contar mentira, se enganar e no fim, judiação, duvidar de todas as merdas que inventou. E dá-lhe conversinha a respeito de coisas que provavelmente não aconteceram. Ah, que bom, que história ótima. Agora, vai comer ou quer que embrulhe? É mesmo, você tomou oito cápsulas do medo, foi parar na cobertura do Wolf Maia na Paulista com todo o elenco da Malhação fazendo uma orgia e acabou aqui na Loca? Que incrível! Vai comer o quer que embrulhe? Pior que conversinha de taxista.
Estou ouvindo Controller Controller. Foda. Música pra ouvir andando pela Paulista a pé. Com um quarto de ácido debaixo da língua, de coração partido, mas um coração partido de dezenove anos. Um coração partido que não tem contas pra pagar, não tem que acordar cedo pra trablahar, não tem nada melhor pra fazer além de tomar ácido e andar a paulista de ponta a ponta sofrendo um pouquinho, mas no fundo nem aí. Sofrendo por obrigação, tipo ler texto chato da faculdade. Ah tá, meu cu. E quando chega em Silent Seven, volta a fita, ouve, volta de novo, volta, ouve de novo, só mais uma vez, de novo, de novo, denovodenovodenovo. E a vocalista do ControllerController é uma mistura da Clarah Averbuck com a M.I.A. e quinta passada eu tentei ir lá no Milo ver a banda da Clarah, Jazzie e os Vendidos. Enrolei demais em casa, cheguei lá e não consegui entrar. E a Clarah é geminiana também e eu amo. Tenho apego com geminianos. E librianos. Sexo com librianos é sempre bom. Saudades das minhas aulas de arquitetura e não, Fred, não estou me referindo a sua pessoinha. Nunca. Ever, virgo.
Enquanto isso, http://www.controllercontroller.com

sábado, maio 28, 2005

Bom, faz tempo que não posto nada aqui. Ando ocupado, terminando o disco do Cansei, estamos mixando. São vinte músicas, vinte e cinco dias de mixagem lá no estúdio da Trama. Nunca tinha pisado num estúdio de verdade. Com pré amplificadores de verdade, compressores de verdade, mesa de verdade. Técnico. Tudo nos conformes. E chegamos lá todo dia às nove da manhã e saímos às nove da noite. Doze horas de trabalho por dia. Ainda acho pouco. Se eu pudesse ficava lá vinte horas, vinte e quatro horas seguidas. Está tudo indo tão bem que na verdade eu queria morar lá até o disco ficar pronto. Estamos todos orgulhosos das músicas, sim, vai ser um disco foda, FODA, FODA, FODA. Quarta o Supla foi lá gravar o vocal em FuckOffIsNotTheOnlyThingYouHaveToShow, versão roque. Igual que nem fizemos no TIM Festival. E o Supla é foda. Ficou muito bom. Daí hoje o Carlinhos veio gravar uma guitarra, ficou mais foda ainda. Ficou assim, bem didaticamente falando pra neguinho chochar mesmo, uma mistura de Mudhoney circa 92 com KoolThing do Sonic com Candy do Iggy Pop. Eu não consigo parar de escutar. E o Hugo Frasa fez um solo de escaleta por debaixo do Lovefoxxx Theme que nós encaixamos onde costumava ficar um trecho de WorkIt da Missy Elliot que ficou MUITO FODA. Muito. Segunda feira quero mixar. Vai ser a terceira mixagem a ficar pronta. Por aí vai. Nunca estive tão pobre na minha vida. Todo cagado, endividado, só no aguardo do pagamento. Não tô nem aí, nunca estive tão feliz, tão tranquilo, dormindo tão bem. Apesar dos pesares, que sempre estarão lá e que eu tento não dar importãncia, alguém avisa, eu nunca imaginei que ia estar tão bem. Tipo sábado, que foi o pior aniversário da minha vida, o pior de todos. Fui almoçar com minha avó, querida querida. Meu pai estava lá e é sempre estranho ficar no mesmo ambiente que ele. Almocei com minha avó, ele ficou na sala de tv assistindo futebol. Ou qualquer outra coisa no canal de esportes. Tanto faz. Daí eu vim pra casa e as únicas pessoas que me ligaram pra me dar parabéns foram minha irmã, minha madrinha, o playmobil e a Ida. O resto sisqueceu. E eu peguei morte. As usual. No fundo eu tenho preguiça das pessoas todas. De todas elas. Não me importam. Elas sempre tem algo mais interessante pra fazer. Sorte delas. Eu tenho também, então nem sei porque me preocupo com o fato de se esquecerem de mim. Daí fomos para Santos tocar. Eu bebi muito, capelei, cai do palco, quase quebrei o joelho. No dia seguinte em casa dormi com um emplastro Targus enrolado no joelho e ficou bem. Ah, que sono.
E hoje eu bebi tipo meia garrafa de Jägermeister. Como é bom. Acho que devia ter Jägermeister em todos os bares de São Paulo. quinta eu dei um toque pra Ermínia comprar pra por na Torre. Ela falou que quinta que vem vai ter, pena que agora eu vou ter que ficar um mês sem ir lá. Acho que a garrafa vai durar, aqui ninguém tem o costume de tomar Jäger.
http://www.jager.com/

quinta-feira, março 31, 2005

Go 'way from my window,
Leave at your own chosen speed.
I'm not the one you want, babe,
I'm not the one you need.
You say you're lookin' for someone
Never weak but always strong,
To protect you an' defend you
Whether you are right or wrong,
Someone to open each and every door,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

Go lightly from the ledge, babe,
Go lightly on the ground.
I'm not the one you want, babe,
I will only let you down.
You say you're lookin' for someone
Who will promise never to part,
Someone to close his eyes for you,
Someone to close his heart,
Someone who will die for you an' more,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

Go melt back into the night, babe,
Everything inside is made of stone.
There's nothing in here moving
An' anyway I'm not alone.
You say you're looking for someone
Who'll pick you up each time you fall,
To gather flowers constantly
An' to come each time you call,
A lover for your life an' nothing more,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

quinta-feira, março 24, 2005

Meu deus, que esquisito. Esquisito, esquisito, esquisito demais. Fui lá fazer o show que a princípio era pra arrecadar dinheiro pra Cha. Daí acontece que ela morreu antes do show. E resolvemos fazer o show assim mesmo, custa caro morrer. Ainda mais quando você fica cinco meses sem conseguir trabalhar com dores. Ok, tá, não vem ao caso. Ou vem, mas tá, estou bêbado, muito bêbado. Cheguei em casa há uma hora e fui silcar camiseta por falta de sono, tipo quatro da manhã. Mas voltando, fomos lá no Jive. Passamos o som, o Seu Feltrinho, aka Jeff Molina, alguém avisa, é o cara mais querido do mundo, ajudou a gente a passar o som, caramba, ficou bem legal. Queria ter dinheiro pra patrocinar esse tipo de gente. Logo mais, logo mais. Daí eu estava super animado, saímos de lá e fomos até o Prainha tomar birinaite (o meu mal é a birita). Eu, Deedee, Clara, Ana, Carol, Tica, Kaninha Dircinha, Mary, Iracema e a amiga dela que entrou hoje pro clube do desemprego, ô coitada, esqueci o nome dela, viva a esclerose alcoólica. Daí estávamos lá bebendo, começou a pior chuva do mundo, e bebe, bebe. O Prainha é do lado da TFP e a gente gritava TÊ-ÉFE-PEIDOOOOO bem alto. Na volta, gritamos TÊ-ÉFE-PEIDOOOOO muito, era peido, peido, peido, TÊ-ÉFE-PEIDOOOOOO e fazíamos peido com o sovaco pffff pfffffff pfffffff e Carolina batia palmas PEIDO PEIDO PEIDO e eu ri tanto que tive espasmos. Kaninha Dircinha com sua sombrinha gritava "olha o teatro mambembe" e pulava chacoalhando um frevo desgraçado. Pode-se dizer que foi o momento catártico da noite. Peido, peido, peido. Ok. Talvez não faça muito sentido isso tudo escrito, mas na hora fez. E voltamos lá pro Jive uma meia noite e meia. Tinha um monte de gente no boteco da Alameda Barros, todo mundo meio borocochô, "ahn, tá meio vazio, ninguém veio". Daí começou a cair a ficha. Bom, meu caro, ninguém tá muito afim de festa. Ninguém que era muito próximo da Cha, pelo menos. Dos quatro DJs marcados pra festa, só a Lu Riot apareceu. E o Pomba, fofo, abriu a noite pro salão vazio. Entramos, umas sessenta pessoas lá pra ver os shows, alguns rostos conhecidos, próximos da Chá. Mas 95% do povo que TINHA que estar lá abafou. Na hora que subi no palco, fui acometido por uma tristeza inexplicável, como se só naquela hora eu tivesse consciência de que o motivo da festa era a ausência, a saudades, a tristeza, a dor e a dívida da Charlote, em suma, uma coisa muito desgraçada e que nada tinha a ver com festa, com alegria, com confraternização e sim com silêncio. De repente a última coisa que eu queria fazer era um show. Eu queria ir pra casa. Naquela hora. A ausência dos amigos mais próximos à Cha tirou totalmente a razão de ser daquela "festa" e tudo que eu senti foi incômodo e constrangimento. Na hora de PartyAnimal fui lá fazer minha dança ridícula, foi a sensação mais próxima do suicídio que eu já tive. Efim. Meu cu. Quem tinha que ir não foi, não foi arrecadado dinheiro suficiente pra pagar as contas de Cha. Ok, tá todo mundo triste, mas acho que todos os AMIGOS mesmo tem uma responsabilidade para com ela. Muito esquisito.

quarta-feira, março 23, 2005

Acordei as nove da manhã, vim aqui pra casa, trabalhei um pouco no disco do Cansei. Daqui a pouco vou gravar tudo sozinho, cansei de esperar as pessôe (como diria bob ernest) virem aqui fazer suas partes. Daí fui andando até a Heitor Penteado, encotrei com a Larissa do outro lado da rua, trocamos tiaus e gritinhos histéricos de quem não se vê há algum tempo. Eu estava indo encontrar com a Clara e a Deedee e a Emily para comermos no Gopala. Fiquei com preguiça de ir de metrô, eu tenho um monte de dinheiro no meu bilhete único, resolvi gastar os ônibus do Serra. Tomei o primeiro que passou, pena que ia direto pra Paulista, eu estava com vontade de tomar vinte ônibus só de raiva dele. Desci na Paulista, fui andando até a casa da Clara. Subi lá, logo as outras meninis chegaram, fomos pro restaurante. Não gosto muito do Gopala, tudo frito, cheio de gordura. Pedi meio prato. Emily estava triste que ia embora do Brasil hoje e eu estava triste que ela estava indo, estou super apegado nela. Nunca tive uma amiga dyke de bigode e barba. Não é esse o motivo de eu estar apegado à Emily, lógico. Ela é doce e inteligente e querida. E fez um disco incrívi, como ela mesma diria, que eu não consigo parar de ouvir no carro. Mas hoje eu estava sem carro e depois do almoço fomos na Augusta tomar um café. Enchi o saco da Clara para ela me dar a inscrição falsa da faculdade para eu fazer uma carteirinha de estudante, fomos no cyber e eu imprimi uma cópia para mim. Iés. Quero pagar meia, pufavô, obigádu. Daí Deedee teve a melhor idéia do dia: tomar champanhe no Terraço Itália. Estamos todos desempregados mesmo, que que tem? Sentamos lá em cima e olhando aquela vista assustadora dessa cidade horrenda pedimos o drink mais mulezinha que tinha no cardápio caro: kir royal. Um pra mim, outro pra Deedee. Clara foi de Cerpa, Emm foi de caipirinha. De pinga. Ficamos um tempão lá, bebendo, rindo, esperando por nada. Aquela angustiazinha da despedida. Enfim, fomos pro aeroporto. Chuva, trânsito. No aeroporto, fui na Pizza Hut e fiz minha carteirinha de estudante com o papel tosco mal impresso. Trinta real. E aí, sou estudante, só pago meia. Que nem na música do Tetine que eu tinha que cantar lá no karaokê do bonde do tetão no dia que choveu dentro de casa e eu não fui. Emily se foi. Voltamos pra casa. Não gosto de terças feiras. Não tem nada pra fazer a noite.

segunda-feira, março 21, 2005

Foi há muito tempo atrás, Eu ainda estava deslumbrado com a vida que aparecia na minha frente, cada dia com uma novidade diferente, novidades que me deixavam com orgulho de finalmente as ter encontrado, que me faziam vislumbrar uma vida que eu vinha procurando e me faziam ter certeza que eu estava no caminha certo. Como era bom começar a ter vinte anos, eu tinha tantas certezas e princípios que fui perdendo pelo caminho até começar a fazer trinta. Minhas amizades eram mais sólidas que a vida e a vida parecia estar muito longe de poder ser perdida. Eu tinha a força de vontade de mil homens, cumpria meus pequenos rituais com uma soberania samurai e acima de tudo, tinha certeza de estar no controle. No controle do que? No controle, oras. Eu não entendia muito sobre o que eu mantinha controle, mas a mais ínfima sensação de estar no controle já me era suficiente. Se eu quisesse e me dispusesse, nada daria errado. Com o tempo, dar errado deixou de parecer tão horrível até se tornar uma idéia com a qual eu me acostumei. Como o dia que eu deixei de lado a ginástica, o karatê, o aikidô, o piano. Outras coisas surgiram no lugar, minhas bandas, o aluguel, os cachorros. O emprego. Maldito emprego, que me ocupava quinze horas por dia. Acho bom culpar o emprego. Porque eu sinceramente não penso em voltar a trabalhar quinze horas por dia nunca mais. Eu odiei todos os meus empregos, Por menos pior que fossem, eu odeio todos eles. Em alguns lugares eu me apeguei às pessoas que trabalhavam comigo, mas eu nunca, nunca me apeguei ao meu emprego. Sempre o fiz com o maior desprezo que eu já senti na vida. Talvez por isso nunca tenha conseguido dar valor ao dinheiro que eu ganhei. Nunca consegui guardar dinheiro. Eu me sentia tão miserável trabalhando que eu torrava o salário com o maior prazer. Eu merecia ter coisas caras depois de fazer aquelas coisas hediondas pra vender porcarias que ninguém precisa ter. Eu caía na minha própria armadilha. Passei dez anos fazendo música pra enganar os outros. Escrevendo asneiras pra ressaltar qualidades de um carro que eu nunca ia ter. Daí um dia comprei um carro caro. E acabei com ele na estrada depois de entrar em coma alcoólico da vodka que eu tinha ajudado a vender fazendo uma trilha escrotíssima. Sim. Eu não me orgulho de uma merda de trilha que eu tenha feito. Nunca copiei um repertório, tenho vergonha. Trilha de publicidade é tudo cópia, tudo copiado da maldita referência. Tive pena o dia que meu patrão falou que ficava assistindo o repertório dele na casa dele com os filhos dele. Fiquei com raiva da maneira com a qual ele quis me por pra baixo dizendo que nem ia me mostrar o repertório dele pra eu não me sentir mal. Ainda mais ele que produziu tantos discos, tocou em bandas tão legais. Não entendo. Me demiti no mesmo dia. Quando foi que tudo começou a desandar mesmo? Quando eu deixei o karatê de lado? Pra que foi que eu deixei o karatê de lado? Pra fazer trilhazinha pra vender promoçãozinha de companhia telefônica? Pra que? E se eu morrer amanhã? E se eu ficar incapacitado amanhã? O que eu vou ter feito da minha vida? O que? Bom, faz tempo. Uns dez anos. Mais. Com certeza. Eu acreditava que eu faria tudo aquilo que eu tivesse vontade. E eu conhecia pessoas incríveis que viviam suas vidas da maneira que elas bem entendiam e eu me sentia muito a vontade entre elas. E sábado a Charlotte morreu e eu sinto muito, muito, muito, vou sentir muita falta de ter por perto uma pessoa que sempre fez o que bem entendeu e que só de estar por perto me fazia sentir seguro, porque ela era uma dessas pessoas nas quais eu tinha fé e tinha certeza que sempre ia estar lá. Agora ela se foi e não sei de onde eu sei que não posso deixar de acreditar naquilo que sempre foi importante pra mim, que sempre me deu forças pra acordar as cinco e meia da manhã pra ir treinar. Pode parecer piegas tudo isso, ainda mais se você acorda cedo todos os dias pra passar mais da metade da sua vida com o rabo preso na cadeira se matando de trabalhar por um dinheiro que você gasta mal. Mas como diria a Cha, "pelo menos era um ser humano".
Ser humano? Sei. Conta pro boneco.

sexta-feira, março 18, 2005

Tá, tá, tá.
Sai da minha aba sai pra lá, sem essa de não poder me ver.
Me matei no Orkut. Foi mais ou menos como o dia que eu me demiti: acordei, pensei DEUS O LAIVRE. Quem eu tava querendo enganar? O Orkut é caxa. Caxacaxacaxa.
Mais caxa que aguentar patrão.

quarta-feira, março 16, 2005

O rock é super caixa. Caixãozão, kraft. O rock faz bronzeamento artificial, drenagem linfática e aplicação de botox lá na LeRu. Usa bolsa Luis Vuitton falsificada que comprou lá no Stand Center da Paulista junto com o bonezinho VonDutch cafonérrimo. Caixa. O rock não tem mais jeito, não tem mais aviso que arrume. Quebrou, degringolou. Encaixotou. O rock é caixa. Levaram o rock a sério, ninguém avisou. O rock se mudou, mudou pra Moema, diz que é um bairro ótimo. Come uma tábua de frios no Johan Sehn aos sábados. Toma um chopp vendo futebol na casa do vizinho. Vai à feira na Arapanés de domingo e depois pede um pizza na hora do Fantástico. O rock assina O Estado De São Paulo e prefere ler a home do Terra. Fica feliz quando compra a Veja no supermercado. Ô, rock. Coitadinho. Em protesto fiz tie dye em todas as minhas camisetas pretas, comprei brincos de pena, gravei um cd com os sucessos da Ivete. Rock, você não vale um ovo.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Fui pro Rio no fim de semana. Como sempre, fiquei com vontade de morar lá mas me convenceram que se eu morasse lá eu ia odiar... novidade. Daí encontrei uma amiga minha que falou que sempre lê meu blog e eu fiquei com um pouco de saudades de escrever aqui, faz muito tempo que não escrevo. E agora com o advento do Speedy aqui em casa e com meu atual estado de desemprego compulsivo, fica mais fácil. Pois é, me demiti. De novo. Bem que eu tentei ir lá trabalhar. Consegui por mais de um ano. E foi aquela coisa dos infernos, nunca tinha hora pra sair, nunca sabia se ia ter que trabalhar no fim de semana, pra tirar férias foi um pouco complicado, tive que convencer que eu tinha o direito de sair por um mês SIM, não me pagaram as férias, tá. Não vou reclamar do meu ex emprego por mais que eu tenha vontade. Foi bom. Ganhei dinheiro de um jeito que eu provavelmente não vá mais ganhar. Comprei muito equipamento. Engordei doze quilos. Que vieram com o advento do judaísmo na minha história pessoal, o que não vem ao caso. Blábláblá. Quer virar hétero? Pergunte-me como. Tá. Bem, continuando. Me demiti. Ufa. Chegou num ponto que eu tive que escolher: ou eu levava pra frente minhas bandas ou virava publicitário. Não foi muito difícil escolher. Ainda mais depois da turnê do Butchers pela Europa em novembro do ano passado. Um mês viajando, tocando TODOS os dias. É ISSO que eu quero fazer da minha vida. Não ficar trancado num estúdio SOFRENDO dezoito horas seguidas pra fazer o efeito da bola de basquete do Toni Tigre da Kellogs. Nem a pau. Pau no cu do Toni Tigre, nada pessoal. Mas sinceramente, eu tenho coisa mais importante pra fazer. Ok. Sendo um pouco menos específico, até porque o Toni Tigre foi a última gota que fez transbordar o copinho de café da minha paciência. Como eu ia poder ficar lá fazendo coisas que eu não tinha o menor interesse depois de tocar em Ljubljana? Como ficar trancado naquela sala sem uma vista depois de ir pra Praga? Kortrijk? Viena? Berlim? Deus me livre. Deus me livrãozão. E lá na europa, a cada show que fazíamos, ia crescendo um sentimento de incompatibilidade que me tirava o sono. Como autenticar o que eu estava fazendo se dali há algumas semanas eu ia ter que voltar a fazer música pra vender coisas que ninguém precisa? Sendo que o tempo gasto com essas duas coisas era inversamente proporcional. Eu hein.

terça-feira, janeiro 11, 2005

Te beijo na chuva, te bato no sol. E se não gostar, não faz mal. Acho que você bem sabe... eu já sei da recíproca.

sexta-feira, novembro 12, 2004

Da coluna do Lúcio Ribeiro

* CANSEI DE NÃO SER - Toquei segunda-feira passada no Rio de Janeiro, na famosa festa Maldita, que ocupa a Casa da Matriz, em Botafogo. Foi no pós-show da bizarra noite em que o Primal Scream e o Libertines passaram pelo Cais do Porto carioca. Antes, fui abordado por uma galera que me pedia satisfações por ter falado bem sempre o grupo paulistano Cansei de Ser Sexy. "O que foi aquele show no Tim, na sexta?", estavam inconformados. Eu disse que até gostei da apresentação, toda zoada, acidentada, a cara da banda. O papo morreu e mais tarde eu estava tocando na pista de cima da Maldita. O local bombando e eu coloco uma música do CSS, inclusive uma que eles mandaram ver no show do Tim. O povo que estava na pista começou a urrar, de satisfação. A canção "A-la-la" é realmente uma das melhores músicas para tocar em pista que eu já ouvi uma banda nacional fazer. Aí, quando olho num cantinho da pista, está a galera que tinha bronca do CSS, se descabelando de dançar. A maior parte dos urros estava vindo deles.



Tá.
Somebody up there likes me.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Blablabla.
Que sono, que preguiça, que dor de estômago. Pronto, passou. Agora é saber o que vai ser daqui pra frente e parece que vai ser incrível, apesar de toda a maldade e escrotidão jornalística. Jornal não é blog, alguém avisa. Síndrome do colunista estrela, meu cu. Todo mundo quer ser o Finatti agora? Hahahaha, tá Finatti, com todo o respeito do mundo que eu tenho por sua pessoa. Aliás ontem alguém falou uma coisa super engraçada de você, o que foi mesmo? Não lembro. Mas eu ri bastante. E ri pra não chorar também, porque aquele EXXEX tava superlotado.Superlotadão. Tomei uma vodka, dei oi e corri de lá. Um pouco capelão. Fomos lá pra boca do lixo comer um dog. Depois sentamos no banco do estacionamento e ficamos conversando horas, eu, Clara e Fábio. Blablabla, fomos pro Gourmet e lá a Adriana me lembrou o porre mais vexaminoso da minha vida, durante o qual eu perdi minha camiseta. Como alguém consegue perder a camiseta? Alguém me avisa. Mas daí vai, foi, vai foi, eram três da manhã e eu tinha que acordar cedo pra vir aqui pra masmorra. Aliás, o prazo de validade de mim aqui já venceu faz tempo. Não sei se aguento os treze dias que restam.
Amanhã tem show delícia do CSS (cansei de ser chata, segundo aquela gorda caixa cafona e desgraçada do Estadão) no Sesc Pompéia, no projeto Cidade Mutação. U uu. Vai ser gostosinho. Então tá.
Enquanto isso mentalize o baterista dos Libertines com aquele samba todo no pé que eu to te olhando daqui. Como é divertido ser brasileiro.

domingo, novembro 07, 2004

Já me escreveram perguntando de onde eu tirei essa crítica, foi do site do próprio Tim Festival.

"Critica - 6/11/2004 07:08:55
Uma boa piada - mas que dura só duas músicas - por Silvio Essinger
Quem chegava ao Motomix achava que tinha voltado aos terríveis anos 80. O Cansei de Ser Sexy, com seus modelitos de new wave precários e as duas vocalistas se esgoelando, lembrava a Blitz, na melhor das hipóteses, e O Espírito da Coisa – na não tão pior. A onda era fazer – de forma irônica, entende-se – um rock meio punk, com algumas eletrônicas toscas (o que se podia, com boa vontade, chamar de eletro). As meninas nas guitarras e baixo lembravam uma banda de sarau, sem muito jeito de palco. E as letras das músicas, em inglês, faziam grandes gozações com assuntos que passavam ao largo de boa parte do público. Dava para achar engraçado durante umas duas músicas, principalmente porque as vocalistas Luisa Lovefoxx e Clara se esforçavam, em músicas como “I Wanna Be Your J.Lo”. Mas precisa muito mais do que só ironia para segurar um show inteiro. "

Como me disse o velho Abu um dia, quem sabe faz, quem nao sabe fazer ensina, quem nao sabe fazer nem ensinar vira critico.
Triste profissão, mas uma feliz forma para escritores mediocres pagarem o aluguel.
Ninguém é obrigado a gostar do que eu faço. Ninguém é obrigado a entender a estética da minha piada interna. Base eletronica tosca no meio do teu rabo, seu filho da puta do caralho. Obviamente você foi escalado pra escrever de algo que você não tem o menor embasamento a não ser seu gosto duvidoso, a saber pelas outras críticas que você escreveu. Gosto não se discute e muito menos é verdade absoluta.
Galinha que come pedra sabe o tamanho do cu que tem. Obviamente o Cansei se apresentar no Tim Festival foi a maior dada de cara a tapa que eu já dei na minha vida. E eu não fui lá achando que íamos ser unanimidade, que íamos agradar aquelas pessoas que acharam a discotecagem antiséptica e publicitária do 2ManyDjs a coisa mais incrível do mundo. Eu toco há mais de dez anos e o Cansei é a banda mais criativa que eu já tive. Queria muito ouvir uma crítica construtiva a respeito do show. Primeiro porque falar que as bases são toscas é mais do que maldade, porque tosco estava o som que nos foi dado. Não tivemos passagem de som, nosso show era um tanto complicado tecnicamente já que havia músicas que eram tocadas junto com bases eletrônicas, músicas que era somente as bases eletrônicas e músicas tocadas sem bases eletrônicas. Era de suma importância que nós passássemos o som para tudo ficar no seu devido plano. Mas não, não nos deixaram passar o som por causa que o Kraftwerk, com o maior show de playback da história, mais até que a Britney Spears (sim, eu vi de onde saía a música do show deles, era de um Powerbook g4 que ficava na cochia), já havia montado o palco e foda-se o resto das atrações. Ainda bem que nós tínhamos ensaiado mais de cinquenta horas pra fazer esse show, caso contrário o desastre teria sido muito maior.
Vocês não tem idéida do caos que estava o som em cima do palco. Eu só ouvia as bases no meu retorno, não ouvia voz, não ouvia guitarra, baixo, nada. Nada. Nosso técnico de som operou verdadeiro milagre para que o som saísse com um mínimo de decência para o público, mas isso não é coisa que se faça com o show rolando. Sem passagem de som, o Tim festival quebrou nossas pernas. Como disse um amigo, nos atirou nas bocas dos leões, como esse panaca do Sílvio Essinger, que graças às pobres referências que tem nos comparou a uma piada sem graça, numa má vontade inexplicavel, mas ninguém é obrigado a ter boa vontade quando se gasta mais de cem reais por dia para ver shows. E ninguém é obrigado a ter boa vontade quando se é obrigado a escrever uma crítica a respeito de um show quando se está virado, com sono e mau humorado.
Eu realmente não quero ficar aqui me explicando e justificando o desastre que foi o show. Eu estou muito triste e desanimado, frustrado e com vontade de brigar com todas as pessoas que escreveram coisas ruins a respeito do show, porque realmente nós nos preparamos, investimos muito dinheiro e tempo pra fazer essa presepada. Que se tornou uma presepada graças a má organização do Tim, a falta de respeito e pouco caso com os artistas de primeira viagem.
No camarim do CSS: Smirnoff e suco Del Valle.
No camarim do Soulwax: Absolut e Cranberry Juice.
Tá, meu cu. No fim a gente ganhou Absolut deles.
Agora a coisa é que na verdade o Tim Festival é um festival mainstream. Nós não somos uma banda mainstream, nunca seremos, não temos a menor vontade. Se para uma pessoa média como o Sílvio Essinger nosso figurino era "precário" (e nada mais recalcado e maldoso que "precário"), isso só indica o quão distante estamos do imaginário da classe média, que ainda acha cool as roupinhas pretas do souwax. Se para outro jornalista nós somos um clone malfeito de Chicks On Speed e Tatu, eu só posso entender isso por causa da má qualidade do som. Obviamente as pessoas vão sempre pelo lado mais fácil. E realmente não dá pra culpar as pessoas pela falta de informação, agora jornalista que não faz lição de casa devia levar uma surra. Eu sou o primeiro a querer dar essa surra. Sempre. Mas não me misturo com gente recalcada e feia. Quanto mais dizem que São Paulo está fervendo de cultura, mais eu tenho certeza que isso aqui não passa de uma Belo HOrizonte mais convencida. Cada vez mais eu acho que símbolos de cosmopolitismo paulistano de cu é rola. O sonho mais moderno que o paulistano médio tem é poder comprar em dólar nos jardins para dar pinta no castelo de Caras ao som da trilha de comercial de sabão em pó dos 2manyDjs. E depois, comprar meia dúzia de revista moderna e deixar na mesinha do telefone pra fingir que realmente entende de modernidade.
Preguiça.
Eu não aguento mais meu trabalho, eu não aguento mais essa cidade, eu não aguento mais pessoas.
Ainda bem que daqui a quinze dias eu vou pra europa tocar com o Butchers. Quando eu voltar eu decido o que eu vou fazer da minha vida.

quinta-feira, outubro 14, 2004

Já que eu não ia embora tão cedo, dei um pulo no posto e comprei duas Smirnoff Ice. Quando estava quase na hora de ir embora, tomei a primeira. Bom, vamos combinar que o negócio é ruim, ainda mais essa nova, a Black. Mas quem falou que eu queria que fosse gostoso? Sendo ruim eu bebo mais rápido, já que eu nem estava afim de apreciar o bouquet da bobagem e sim acalmar as idéias. Quando a primeira garrafa acabou, parecia que eu tinha acabado de dar um mergulho num dia muito quente, foi quase a mesma sensação. Quase, porque mergulhar não dá azia e junto do último gole veio aquela queimação filhadaputa que nem Milanta tá resolvendo. Peguei meu carro, pus o cd do Liars (que eu tenho ouvido em loop nos últimos dias) e fui pro JukeJoint passar o som. I no longer want to be a man, I want to be a horse, men have small hearts, I need a tail, give me a tail, tell me a tale of the children that stood in the way of the endless winter e eu fui ficando transtornado a medida que ia virando a segunda garrafa de vodka infantil. Já era tarde, eu tinha trabalhado mais de doze horas, como de costume, e usualmente estava irritadíssimo, como de praxe, concordando plenamente com aquela idéia de querer ser um cavalo. I, I am the boy, she, she is the girl, he, he is the bear, we, we are the army you see throurgh the red haze of blood, blood, blood, blood. E eu ficava cantando blood, blood, blood e babando ao mesmo tempo, porque eu estava com vontade de vomitar, aquela vodka maldita caiu como um copo de tachinhas no meu estômago e eu cheguei no JukeJoint e resolvi dar uma caminhada pela chuva pra ver se passava aquela sensação de ter um buraco no meu estômago e outro dentro da minha cabeça e eu andei, andei, subi quase até a Paulista pela Augusta e a cada puteiro que eu passava alguém me oferecia xoxotas em promoção, lindas garotas e eu querendo vomitar aquela porcaria do diabo então eu tapei os ouvidos pra não ter mais que ouvir as pessoas falando comigo e eu estava ficando ensopado achando que se não morresses de dor de estômago eu ia morrer de pneumonia no dia seguinte o que de forma alguma ia ser agradável, já tive princípio de pneumonia duas vezes e foi horrível, até hoje não consigo escutar um cd do Porno for Pyros porque me lembro de quando tive isso e custou pra passar não tanto quanto estava custando pra passar todo esse processo de não conseguir parar de pensar e não conseguir prestar atenção em outra coisa senão na dor do estômago e não tinha uma farmácia aberta daí eu lembrei que estava de jejum havia o dia inteiro então parei numa padaria e comi um pedaço de pizza de muzzarela e eu nunca comi uma pizza tão deliciosa minha vida toda, era a pizza de muzzarela mais perfeita e suculenta e salgada no ponto e sublime que eu já havia comido, tudo isso por um real e sessenta centavos.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Colocou tudo numa caixa, pôs no armário. Um dia ele pensa em abrir a caixa e tomar as devidas providências com aquelas fotos, aqueles lenços, aquelas cartas, documentos. A providência mais sábia seria queimar tudo aquilo, mas antes , antes, tanta coisa pra fazer, pintar os armários, mas a casa não era dele, primeiro, comprar uma casa para depois pintar as portas dos armários para depois abrir a caixa e queimar tudo para seguir em frente sem se preocupar com um punhado de fotos e documentos antigos que ele não tinha pra quem deixar e toda noite quando ele deitava de frente praquela porta que escondia a caixa ele revia o processo das escolhas que haviam para serem feitas e nada como empurrar tudo com a barriga que cada dia ficava maior para conseguir achar que ele não estava adiando a coisa, mas só colocando as coisas no lugar na sua devida ordem. E o barulho da rua não importava mais, não era maior do que a vizinha arrumando os móveis todos os dias ela parecia mudar tudo de lugar, ele não, desde que se mudou as coisas continuam no mesmo lugar e só de pensar em mudar era como se um o teto caísse por sobre seu corpo, uma cãibra, uma dormência, melhor não. Melhor que arrumar a casa era sair e beber e toda noite ele bebia e ainda bebe e os dias passavam muito rápido, menos quando ele tinha que trabalhar até tarde mas nada mais providencial que morar numa cidade grande, não importava até que horas ele trabalhava ele fazia questão de sair e beber porque arrumar a casa ele não ia mesmo, dormir ele não queria pra ter que se deitar na frente daquela porta mal pintada que escondia a porra daquela caixa desgraçada que guardava toda uma segurança que não existia mais e por estar fadada a não existir um dia, nunca foi de fato um estofo, foi um estepe, um estepe que ele teimou em aceitar sem piscar e usar de desculpa para não fazer as coisas direito e então ele se jogou no chão e tentou bater a cabeça com toda a força nos tacos raspados mas doeu, como doeu, achou melhor não comentar isso com ninguém, só com os cachorros porque eles não entendiam nada mesmo e só queriam saber de subir no sofá e tentar ver teve como se isos fizesse alguam diferença porque no fim nada fazia muita diferença nem esse emprego estúpido que ele mantinha por pura falta de perspectiva e por tédio também, achava melhor se ocupar a contragosto do que se culpar pela falta do que fazer e ele tinha que comprar comida para os cachorros que ele tem a contragosto e que a contragosto deixava subir no sofá por preguiça de mandar descer, desce, desce, desce puta que pariu, desce, desce, desce, quem te convidou, quem falou que eu quero ouvir alguma coisa, quem falou que eu quero ficar aqui até agora, quem disse que eu tenho que fazer qualquer coisa, quem falou está dentro daquela caixa, aquela caixa abarrotada de coisas que devem estar mofando, que deviam ser queimadas por pura dignidade, por higiene, desce, desce, desce, vamos arrumar essa bagunça um dia, um dia, eu prometo, um dia, um dia, vou descer essa caixa e vou arrumar e vou sair na rua e vou andar até a sola do sapato acabar, até não sobrar um pedaço de borracha e vou encontrar dignidade e paz de espírito, sem as coisas dentro daquela caixa, as coisas que restaram e que eu recolhi na caixa, eu tenho até medo de abrir aquela caixa e exumar o que eu acho que me dá algum sossego, mesmo que seja só uma breve idéia, um deja vu, algo que poderia ter sido e não é mais, nunca vai ser, e os cachorros que não descem não descem não descem sefossemmaislimpossefossemmaislimpossefossemmaislimpossehouvessealgumadignidadesenãohouvesseacaixa.

terça-feira, outubro 05, 2004

De repente eu tinha doze anos de novo. Não conseguia mais olhar no rosto, devia estar fazendo a cara mais patética dentre todas da minha coleção. Todos os assuntos se perderam no vácuo das minhas expectativas (u u) e sorrir não parecia ser a solução mais pertinente. Quer beber? Não podia. Vamos sentar ali no sofá então, mais confortável. Descontrai, vamos, descontrai. Do que estávamos falando mesmo? Não sei. Não faço idéia. Tanto fazia. Era euforia misturada com desconforto e saudades e insegurança e vodka e a plena certeza de que eu estava sendo um chato mas ao mesmo tempo acreditando, porque o importante é acreditar, que se fosse pra ser ia ser de qualquer jeito, tá.
Pode ser que tudo tenha dado errado no fim, eu não sei. Não tenho idéia, nunca tive, de como funcionam essas coisas. O pouco que eu sei diz respeito a minha pessoa que eu achava estar calejada o suficiente para nunca mais passar por essas situações. Quem diria.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Sim, podia ter sido pior. Eu podia ter matado alguém, claro, a pior coisa que podia acontecer. E quem quer que tenha me levado pra casa, muito obrigado. Nessas horas eu penso que, ok, até sou um cara de sorte, mesmo com todas as merdas que eu faço deve haver um motivo pelo qual eu sou poupado. Pior parte do processo: acordar. Onde estou? Meus braços e pernas estão onde deveriam estar? Sim. Próxima checagem: meu carro. Onde foi que eu deixei o carro? Que diga-se de passagem nem é meu. Meu deus. Aonde está o carro? Recapitulando: vódka um, vódka dois, vódka três, oi, como você se chama? alguém te avisa que eu tô suuuuuperafim de você, vódka quatro. Corta. Meu rosto na parede chapiscada do muro do vizinho, ai, dói. Credo. E a chave que não entrava, não queria nem parar na minha mão. Toda vomitada. Vômito. Vermelho. Que foi que eu bebi mesmo? Suco de uva, ahn. Eca. Pensei em quebrar o portão pra poder entrar. Mas eis que a chave entrou. Ok. Agora o pior. Trancar o portão, subir treze degraus e abrir a porta da sala, meu deus do céu. Corta. Ana Maria gritou e correu quando me viu. Ok. Mas e o carro? A chave não estava onde deveria estar, pendurada na calça. Procurei pelo canhoto do estacionamento. Não achei. Havia vômito do lado de dentro da minha carteira. Meu deus. Capelão. Adriano, você bateu o carro? Não lembro. Não sei. Não estava lá. Liguei pra Amanda. Disse que numa certa altura da noite ela não me encontrou mais, foi até o estacionamento e o carro estava lá. Achou que eu estivesse no quarto escuro mas ficou com medo de entrar lá para me procurar. Sim, tenha medo, muito medo do quarto escuro da Loca. Eu bem sei. Ui. Tá. Banho. Meu deus, o que é isso no meu rosto? Céus. E esses roxos? E o cheiro de vômito? Sai, sai, sai. Água, água, água. Quente demais na pele esfolada da testa. Saco. Eu ria. Alto, quem me trouxe pra casa? Se eu vim de táxi eu não paguei. Meu dinheiro estava todo na carteira, não faltava nenhuma folha de cheque. Mistério. Será que eu apanhei do taxista? Não sei, nunca vou saber... meu cu. Minha nuca dói. Minha mão tem um furo. Tenho saudades da minha mãe.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Aqui havia um post sobre judaísmo.
Judia, vá pra puta que te pariu,
Era era era, judia chupetera.
Não tem um dia que eu acorde e não deseje que você queime no inferno.