Leu porque quis, não me encha o saco.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Tenho umas músicas pra por no Tramavirtual mas o site parece que está congelado até começo de fevereiro. Daí eu não sabia pra qual banda essas músicas seriam então decidi por meu nome mesmo. Mas Adriano Cintra não é um nome muito sonoro. Adriano Cintra. Tipo nome de carteiro (nada contra a profissão carteiro, que fique claro). Então vai ser Dirtyfingers mesmo. Dedos sujos. Tipo isso. Dirtyfingers, tá. Tudo bem. Já tenho umas seis músicas pra por lá.
Ia colocar a primeira, que se chama Unkind. Fiz hoje, por preguiça de sair na neve. Na verdade eu tentei sair do hotel. Estava menos oito graus e havia uma camada de gelo na calçada de cinco centímetros. Eu dei uma patinada nervosa, derrubei uma senhora de uns sessenta anos, ela teve que se segurar na grade da loja do lado pra não se espatifar no chão. Je suis desolée. Ela me xingou, salope. Ou qualquer coisa parecida. Desculpaí, tia. Não foi por mal, all star no gelo não bom. Pas bon, não bom, bombom. Comprei o sanduíche nojento do árabe mal educado, voltei pro quarto e fiz a música. Na minha cabeça é uma música bem pra ficar dançando no quarto sozinho de pijama e não ir trabalhar e inventar uma desculpa bem filhadaputa. E foda-se.

Unkind

oh baby please can you tell me what's gone wrong?
i wonder why you don't call me anymore
sometimes I just can't sleep at night
the only thing that puts me to sleep is Devendra Banhart

do you know what it's like when you don't want things to come undone
no matter how hard you try you end up realizing you got no control
cuz things will go right, things will go bad, things will go on, things will go back
things will go right, things will go bad, things will go on, things will go back
but you know
that i'm not unkind like that
i thought that you should know
do you?

oh baby please can you tell me what's gone wrong?
i wonder why you don't call me anymore
(things will go right, things will go bad, things will go on, things will go back)
i can't sleep at night
oh baby please can you tell me what's gone wrong?

and i know
that you're not unkind like that
although the things you
they drive me mad, they keep me sad
and you know
that i'm not unkind like that
i thought that you should know
i thought that you should know
o-ooh ooh ooh ooooh
o-ooh ooh ooh ooooh
o-ooh ooh ooh ooooh
o-ooh ooh ooh ooooh


Em fevereiro tá lá. Hahaha, tá longe. E eu vi, um mês nem passa rápido assim.
Ontem eu não saí com os meus amigos museólogos. Minhas costas doem muito, meu joelho direito está gritando, desde aquele dia fatídico na Loca que eu fiquei em pé por quatro horas na mesma posição com a perna esquerda em cima de um degrau e a direita no chão, apoiando todo o peso do corpo e me equilibrando pra não ser levado pela onda fatídica de gente feia e fedida. Não tenho gostado de ir em museu, meu corpo não está comportando esse tipo de passeio. Daí fui fazer meu rolê, fui na Fnac e olhei todos os dvds, comprei três que eu sempre quis ter. "O que eu fiz para merecer isso", "Outsiders" e "Rumble Fish". Todos americanos, caríssimos. Mas nem pensei duas vezes e passei o cartão. Daí dei uma volta pelos Les Halles procurando óculos , perdi os meus já faz um tempo e eles me fazem falta. Daí eu achei vários incríveis, com preços igualmente incríveis e não comprei nenhum. O mais barato era 229 euros. Depois eu dou um rolê na feirinha do Bexiga e compro um. Estava um frio desagradável e eu voltei pro hotel. Passei no supermercado, comprei vinho, comprei água. Fui no McDonalds e comprei o lanchinho do mendigo, em Berlim custava um euro, aqui em Paris custa um e setenta e cinco. Tá ótimo. Abri o vinho, assisti o Almodovar, depois assisti os Outsiders. Dormi quentinho e bêbado. De novo.
Hoje nevou muito. Muito, muito, mais do que em Berlim. E eu fiquei no hotel o dia inteiro. Basicamente fiquei fazendo música. Às quatro da tarde lembrei que precisava comer alguma coisa, saí na rua e fiquei horrorizado com o frio. Comprei um sanduíche nojento no priemeiro árabe que eu vi aberto, um horror. Só comi porque vi que estava com muita fome mesmo e não ia achar nada mais perto do hotel. Eu odeio frio.

domingo, dezembro 25, 2005

Bom, depois eu continuo a narrar nossa estadia aqui na europa. Outra hora. Agora, estamos aqui no apartamento do amigo da Filipa vendo o campeonato mundial de patinação no gelo, estou tomando minha garrafa de Muscadet gelado e tentando bolar um cigarro de Drum só pra ver se eu sei fazer. Outro dia fomos no Pulp e as bebidas eram tão caras que eu fumei dois cigarros filados. Seis euros por uma garrafinha caçulinha de Heineken? Não, obrigado. Além do mais, eu já tinha tomado uma garrafa de Muscadet aquele dia. E foi divertido, apesar de eu ainda estar brigado com o Hugo aquele dia. Eu dancei, chavequei, acuendei e fui embora porque a música tava ruim pra dedéu. Preferia ouvir o disco novo da Madonna em loop duas vezes seguidas de ressaca. Aliás, esse campeonato de patinação no gelo não está nem um pouco fácil de engolir. Mas hoje é Natal e aparentemente não tem nada pra fazer além de ficar bêbado em casa e ver tv. Até porque à tarde andamos, andamos, andamos pelos mesmos lugares de dois dias atrás, com a diferença de hoje estar todo o comércio fechado. E minhas orelhas congelaram e eu senti uma dor de ouvido horrível. Entramos numa igreja, não sei o que de Madalena. Ótimo, a calefação era ótima. Quando voltamos pra casa, tomei sorvete de pistache e abri minha garrafa amiga de Muscadet. Estou fodido, nunca vou encontrar esse vinho no Brasil por menos de quarenta reais, acho que vou começar a beber pinga quando voltar pra lá. Mas tá, só isso.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

I DON'T QUOTE


Bom, e eu vim pra cá sem pensar duas vezes. Ainda mais de graça em que tem que se pensar? Que íamos acabar brigando nós todos e que situação, hein meu amigo? Mas quem mandou ela não se preocupar se o combinado havia sido feito? Quem mandou? Com confiança não se brinca, aliás esse tema tem sido bem pertinente. E foi o que me fez desapegar da pessoa que me prometeu confiança e futuro um dia quando eu vim viajar e no primeiro sábado jogou tudo pro alto por conta de meia dúzia de drogas e sexo mal feito. Mas foda-se, eu não tenho aguentado me olhar no espelho por conta desse assunto tão pequeno que um dia quase foi grande e eu teimo de vez em quando em achar que ele ainda rende alguma coisa. Ufa. Pronto. Ainda vai render. Acredita que vem, tipo o quadro do Carlos. E é muito foda de se pensar que o em São Paulo eu tenho mais o que fazer do que aqui em Berlim ou lá em Paris ou lá em Amsterdã. Aliás, Amsterdã foi uma bobagem sem tamanho, tirando que encontramos a Cíntia e ela nos apresentou pra gangue squatter dela e até que rendeu, rendeu um budum e umas Grolsches de graça e muitos kroketes do FEDO, que são um nojo mas na hora da capela caem bem como nada mais cairia. E tenho sentido falta de São Paulo porque lá eu não preciso de mapa e eu não preciso falar outra língua e eu conheço os esquemas todos e lá eu me dou bem. Fora que lá não tem neve e isso é uma dádiva. Neve só é bonita em foto e em filme, pra mim pelo menos. Bá. Tédio. Hoje eu não fiz nada que preste. Ontem eu tive insônia e tive os sonhos MAIS bizarros de toda minha vida. Sonhos a ver com morte e minha mãe e minha avó e torneiras que vazavam e guardas chuvas de pinguim da Marcelona e do Johnny Luxo e cozinhas e perda e a cada meia hora eu acordava e mudava o playlist do iPod e a cama rangia e eu ficava constrangido de fazer aquele barulhão no meio da noite e uma hora eu fui ver e eram seis horas da manhã e eu definitivamente não tinha dormido qualquer sono de qualidade até então, tirei o iPod e teimei em dormi. Quando eu vi eram nove da manhã e o Hugo Frasa estava falando a todo volume e eu gritei CALABOCAHUGOCARALHO. Eu estava QUASE conseguindo dormir... quase. A essa altura sonhava com alguma coisa menos bizarra que minha avó dizendo que provavelmente ia embora antes que minha mãe ou do que o Johnny Luxo demonstrando seu incrível guarda chuva de pinguim do Helmut Newton. Hahahaha. Bom, dormi, eles saíram, eu dormi mais. Quando minhas costas estavam quase gangrenando, eu levantei, desfiz a mala, fui na internet pagar o celular. Tentei não olhar o email pra ver se Rafael tinha me respondido mas olhei e claro que não. Abravanou geral. Comi um falafel no moço que parece terrorista ali na esquina, passeei pela H&M, comprei um cachecol incrível por nove euros. Voltei pra cá, fiz música, escrevi, fui comprar cerveja e pronto. Estou bêbado. Tinha um euro e oitenta, fui no supermercado, comprei hot dogs congelados por um euro e setenta e nove e agora eles estão em cima do aquecedor descongelando. Meu próprio churrasco caseiro mendigo de inverno alemão. Tomei todas minhas cervejas e estou com sono, pelo menos vou dormir a noite. Amanhã tenho que voltar guiando pra Amsterdam... seiscentos quilometros. Quero sair as seis em ponto pra chegar em tempo de devolver o carro lá. E depois de amanhã vamos pra Paris. Daí, só alegria... vinho Muscadet por três euros. Bêbado desgraçado.


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Daí eu dormi, dormi. Na verdade antes de dormir fomos no bar na rua do lado do hotel e tomamos mais cerveja. Daí estava tipo menos oito graus e minhas orelhas pareciam de cerâmica e minhas pernas azuis como aquarela, tinha ficado com preguiça de tirar meus tênis barangos de cano alto pra colocar uma ceroula e uma calça de moletom. Menos oito graus... eu hein. Voltamos pro hotel, refiz a mala, escovei os dentes, passei fio dental, plax e caí na cama. Quando eu acordei, estava escuro e fui ver as horas: cinco e dezoito. O despertador estava marcado pras cinco e meia, pus meu iPod e fiquei ouvindo a Patti Smith cantando Byrds. So you wanna be a rock and roll star. Daí o despertador tocou e eu levantei. Fui no banheiro, me troquei e sim, estava frio. Um frio do caralho alado que definitivamente não agradou a hora que eu tirei a roupa e me troquei. Acho que ainda estava bêbado da cerveja do dia anterior, ri, ri, sozinho naquele banheiro medonho de filme de terror japonês. Não costumo ficar com esse tipo de medinho do sobrenatural, até porque não acredito nele, mas toda vez que tomava banho ficava meio noiado. Procurando fumaças e sombras pelas paredes. Tá, não duvido que essa nóia seja fruto do abuso de substancias químicas que eu promovi durante a semana anterior em Amsterdã mas fiquei um pouco surpreso comigo mesmo de sentir esse tipo de bobagem. Voltei pro quarto, acordei o povo, aquela lerdeza matinal típica de quem não tem a menor intimidade em acordar esse horário triste. Algum tempo depois, descemos pra tomar o primeiro e último café no hotel. Também, pudera, seis euros e cinquenta... tá caro. Caríssimo, mas fizemos valer cada centavo, fazendo vários sanduíches de knichel, cream cheese e pepino para comer durante a viagem. Embrulhamos um a um com três guardanapos cada, guardei os meus nos bolsos do meu casaco de neve, junto com minhas luvas encardidas e velhas. Tunguei também alguns potinhos de Nutella, minha sobremesa de comer com o dedo.
Fomos buscar o carro no quarteirão entre o hotel e a linha do trem. Estava parado lá fazia uns dez dias, fui algumas vezes ver se ele continuava lá, toda vez que ia chegando perto o coração disparando pela possibilidade de não o encontrar lá. O seguro do carro só valia em território holandês e se alguma coisa acontecesse na Alemanha eu estava fodido. E mal pago, como de costume. Mas o carro estava lá e quando eu apertei o botão pra abrir as portas, elas abriram, quando eu coloquei a chave no contato e girei, o carro ligou. Tudo certo até então. Carregamos o carro, abastecemos e fomos pra estrada. Carolina deu as direções, o mapa estava certo como de costume, e às sete e vinte estávamos rumando pra Amsterdã.
Carol ficou acordada a maioria do tempo, Hugo e Ana desmaiaram no banco de trás e eu só lembrava que eles estavam lá quando um dos dois soltava um peido e tínhamos que abrir as janelas pra trocar o fedor pelo frio. Vim ouvindo os cds que eu tinha comprado em Berlin o Wave e o Easter da Patti Smith e o Berlin do Lou Reed. Me roubaram esse cd há muito tempo e é um de meus preferidos então não pensei duas vezes em recomprá-lo por nove euros. Entre um cd e outro ouvíamos alguma rádio em alemão que teimava em tocar aquela música de natal do George Michael. Last Christmas I gave you my heart, the very next day you gave it away... em meia hora ouvimos essa música em três rádios diferentes. E dirige, dirige, dirige. Estávamos num Mitsubishi Colt, quase sempre a cento e sessenta quilômetros por hora. Quase sempre na pista do meio da Autobahn. Na pista da direita, Merecedes, Audis e BMWs voavam provavelmente a cento e oitenta, duzentos por hora. Tudo muito civilizado, todo mundo muito educado. Quando eram onze da manhã paramos num posto pra abastecer novamente e fazer pic nic com os sanduíches do café da manhã caro do hotel. Comemos, abastecemos e entramos pra tomar um café. Café ruim, como todo café alemão. Acontece que não era mais alemão, era holandês e era ruim do mesmo jeito. Em quatro horas já estávamos na Holanda e provavelmente mais duas horas estaríamos em Amsterdã. Graças a deus, não aguentava mais dirigir, minhas pernas doíam, minhas costas gritavam, eu começava a ter sono. Dirige mais, dirige mais, as pessoas acordando e se portando como pré adolescentes da terceira B, coisa que acontece quando mantemos contato por mais de duas semanas consecutivas dormindo no mesmo quarto, almoçando e jantando junto.
Depois eu continuo porque no momento estou mais bêbado que ontem de vinho de três euros.

domingo, dezembro 11, 2005

Ai. Ok, estou em Amsterdam. Acabei de fumar uma coisa que me deram daí fiquei com uma vontade de escrever aqui. Ainda bem que coloquei a merda do airport no meu computador e aqui parece que todo lugar tem conexao wi-fi. Melhor que pagar dois euros pro paquistanes mau educado da esquina. Daí eu estava em Paris e foi meio estranho porque eu estava super apegado em assuntos paulistas e demorou umas oito garrafas de muscadet de tres euros pras fichas cairem, daí caíram e eu fiquei em forma. Uuu. Não é mesmo, minha gente? E daí que eu não entendi Paris muito bem, vou voltar pra lá pra explorar melhor o bafo parisiense mais a fundo. Tenho mais dez dias aqui, depois dez dias em Paris. Acho que dá bem tempo antes de meu CPF virar pó de giz e o gerente do bank boston ter um filho por minha situação. E se tiver, foda-se.
E tem sido tão, tão bom. Os shows foram um bafo só, até eu não acreditei. Acho que baixou uma coisa meio Disk Putas na hora do show e nego nunca tinha visto nada parecido, tanta cara de pau, Carolina estava possuída. Possuída. Nunca pensei que um dia fosse vê-la nesse estado e foi muito foda. Pena que eu sou o baterista e baterista tem que tomar cuidado, todo mundo pode errar, mas se a bateria erra.. fodeu. Bom, meu cu. To tomando um Lambrusco de um e setenta e seis que tá ótimo e eu quero ir ali fumar mais um pouco disso antes do show da Annie. A Annie, sabe? A "Madonna norueguesa". Outro dia fui no Ladytron, nao lembro. Me deram um negócio e eu tomei e foi um bafo só. Então tá, tiau.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Que vontade de nao voltar nunca mais. Nunca mais. Mas se pans dia 29 to de volta.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Eu podia escrever a coisa mais bigode a respeito de estar gostando de alguém mas nem vou porque pela primeira vez em dois anos eu realmente não estou nem um pouco preocupado a respeito disso. Bateu, Ermínia. E esse dilúvio que não dá uma trégua, acho que as goteiras no banheiro devem estar gritando mas estou com um preguição de ir lá em cima olhar. O Hugo e a Yoko estão com meda da chuva e estão aqui embaixo da mesa do computador e eu estou com sono, muito sono, mas se for pra continuar sendo como está, eu não durmo mais, dormir pra que, não é mesmo minha gente. Pelo menos até terça que vem, quando eu vou para Paris. Verafisher dans Paris Brûlé. Acho que vai ser bem divertido, mesmo que não fosse já tinha valido. Esse ano já valeu a pena por muitas coisas...

sábado, novembro 12, 2005

Obrigado...

sexta-feira, novembro 11, 2005

Ei, foi bom conversar com você até tarde. Melhor que ir na Torre. E engraçado saber que você lê isso aqui, sabe que eu peguei e reli meu blog, sempre que eu descubro que alguém que eu considero (quantos quês) lê isso aqui eu releio e fico imaginando o que passou pela cabeça da pessoa. Não consegui imaginar direito o que você pensou, vai ver um dia eu descubro. Agora eu vou dormir mesmo porque tá tarde e eu estou com muito, muito sono.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Alguma coisa me dizia pra não ir lá. Já faz algum tempo que a soma das placas dos carros tem dado sete e o número sete na minha mitologia particular e intransferível é o número da desgraça, da morte, do acidente, do pânico, mas eu decidi parar de somar placas de carro há muito tempo e tambem resolvi que não ia mais acreditar nesse tipo de numerologia psicótica que eu nem lembro quando inventei. E eu fui, logo depois de deixar o Playmobil na casa dele, depois de ter ido na despedida da Keila no Belfiori, no primeiro dia realmente agradável de fato naquele bar onde os olhos invariavelmente ardem e o espaço físico minúsculo torna inevitável esbarrões e contatos visuais com pessoas indesejáveis. E provavelmente o que me fez ir lá foi a quantidade um pouco exagerada de cerveja que eu ingeri. Skois, Bohemias, Stellas Artois. E quem diria, quem diria. Eu que não digo, é assunto meu e só meu.

segunda-feira, outubro 31, 2005

take me to the airport and put me on a plane, i got no expectations to pass thru here again

Lançamos os discos. Foi ótimo, tirando meu estado etílico avançadíssimo que me deixou um pouco deprimido até hoje. Amanhã supostamente eu teria que voltar a trabalhar, não fôssemos gravar o novo clipe essa semana. E daqui a menos de um mês vou para Paris tocar com o Verafisher, quem sabe fico por lá pra tour do CSS depois. E quiçá fico por lá até o ano que vem. Não tenho muitas expectativas de ficar aqui. Fazendo o que? Me matando de beber? Faz duas semanas que não vou na academia. Tudo bem, é a craseado academia, mas nunca acho a crase nessa merda de teclado, então pau no cu da gramática. Estou com uma tosse do diabo, ontem me deu uma falta de ar horrível, não consegui sair. Acho que as coisas perderam um pouco a graça, estou ansioso. Já estou na conta de setenta gotas de asiodorom pra conseguir dormir, amanhã quero acordar cedo e ir pra academia e ir lá conversar com a Teresa a respeito do meu futuro. Tenho medo de não trabalhar mais de novo. Agora que não falo mais com a judia não tenho nem os freelas dos desfiles, não que fizesse alguma diferença no fim também. Queria poder pedir pra Teresa só voltar a trabalhar ano que vem, mas sei que ela vai azedar. Mas não vejo outra saída. E a merda da receita federal continua em greve, meu CNPJ não sai, meu celular está cortado ainda porque esqueci de pagar, estou sem plano de saúde e meu carro está na oficina. Preciso liscenciar o carro também. Merda. Como custa caro viver, meu deus do céu. Pronto, parei com a véia Zuza, não vou mais choramingar. Terça a noite vamos pro sítio gravar o clipe, vai ser foda demais. Se não chover. Santa Clara, Santa Clara. Vish. Que cu.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Nem ficar doente direito eu consigo. A gripe veio, tava vindo, foi. No fim, acho que era falta de sono mesmo, que eu me lembre faz uns vinte dias que eu não durmo direito. Daqui a pouco vou levar um colchonete lá pro Vegas e fazer um puxadinho. Vamos ver, não me lembro nem quando foram as coisas. Sei que uma quarta eu fui no DEdge, numa quinta fui na Torre, numa sexta eu fui pro Rio, mas teve outra sexta que eu fui pro Vegas também. Que saco. Eu preciso dormir uns cinco dias, ir pra academia e comer muita comida com curry. Muita pimenta, pimently. E a Roberta foi embora e foi ótimo te-la ou tê-la por perto essa semana inteira e não brigamos nunca e fomos uma família novamente e agora ela foi embora e eu estou com saudades, estou querendo ir pra Trancoso com ela ficar lá duas semanas, comer na Portinha e ficar tostando no sol e fazendo músicas e tendo idéia fraca. Mas logo vou ter que voltar pro trabalho, vai acabar a divulgação do disco do CAnsei e eu realmente estou precisando trabalhar pra ocupar a cabeça e me obrigar a ter uma rotina um pouco menos suicida. E pra fazer a feira. Não é mesmo? Fazer a feira é a praticamente a razão principal da existência do homem moderno. Todo mês as contas chegam, cada vez mais caras! O sake sobe de preço e eu não vou deixar de comprar meu jaggermeister.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Fui pro Rio. Prefiro nem perder meu tempo xingando o conjunto da obra. Não gosto de praia, não gosto de ficar com o rosto oleoso o tempo inteiro, não gosto de choque térmico de ar condicionado versus calor senegalês. Mas o que eu fui fazer lá? Fui no Tim Festival, que se não fosse pela vódega com flash power, o taurargin e a maconha, teria sido um fiasco. Fiascão. Pode ser que eu esteja velho, chato e ranzinza. Novidade. Por que eu sempre escrevo uma frase e depois reforço a mesma com uma palavra? Burro. Viu, de novo. Saco. Ahhhh. Tá. Quem tá aí? Quem tá aí? Eu. Bem, gostei muito do DeLaSoul. Gostei da M.I.A. e dos Strokes, eles nasceram nos anos oitenta. Relaxa, né, foi ótimo. O Kings of Leon foi legal, o vocalista logo logo não vai mais ter voz, além de parecer um homem barango de balada que sai na revista Quem. E no fim do show dos Strokes uns guris vieram e falaram "você é do caxabaxa! mariana cade meu talco" e foi a hora mais feliz do dia. E o Vincent Gallo? Só serviu pra ver que ele tem um metro e quarenta de altura. E presenciar o Caetano Veloso dizer que nunca tinha visto alguém com o pau tão grosso e a voz tão fina.
Ontem eu até ia no show do Television mas envelheci e voltei pra São Paulo correndo. Terça tem eles na choperia do Sesc. Daí cheguei aqui em casa, trabalhei nas bases do show de quinta, fiquei em casa com Robégua e a noite fui no Vegas. Bebi pouco, pouco mesmo. Clap. Vish, entrou uma mosca varejeira aqui, cade o Raid? Pronto. Dancei vexaminosamente, to todo roxo e doído. Agora vou pra Trama, vamo que vamo. Diz que hoje o disco do Cansei está nas lojas, será? Conta pro boneco.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Domingo dei um tchau pra jaca. Jaca nervo. O sinal de ocupado dentro da minha cabeça tá tão alto que eu nem consigo prestar atenção no que estou pensando. Quinta feira no fim do dia fui ensaiar com o Verafisher, tomei umas cinco Setlla Artois. Depois fomos no aniversário acho que do Komatsu, tomei mais umas duas cervejas. Duas brejas. Daí eu e o Caulos fomos pra fiadaputa. Paramos no bar do Chupa Cabra e tomamos uma vódega. Depois passamos no bar da Debbie e tomamos outra vodka. Daí meu estômago começou a gritar e fomos na farmácia comprar Milanta. O Carlos comprou Taurargin e tomamos umas cinco cápsulas cada um. A fiadaputa tava a maior balada. Sabe balada? Tipo essas que aparecem em sites especializados de balada? Tipo isso. Eu fiquei MAIOR LOUCO. Maior louco, bem loko com k. Tomei mais cinco caipirinhas de sake e pronto. Só vi quando o dia alumiou e eu não tinha nem sombra de sono, maldito remedinho. Fui pra casa, dei uma deitadinha (estou omitindo a parte pornográfica desse dia, fica pra outra ocasião), as dez da manhã o seguro veio buscar o carro pra consertar, eu fiquei lá, frita de frente, frita de costas, frita de lado. As duas da tarde eu levantei e fui comer no gopala com as mina. Voltei pra casa, daí eu dormi. Das quatro até as sete, daí o Carlinhos chegou. Fizemos a letra de O caxa é o rei da rua, gravamos os vocais. Ficou coisa fina, uma psicoldeia axé grime. Ahan. Daí o hugo chegou, pedimos pizza, tomamos cerveja. Dai o Bruno colou, noiado noiado, acuendamos uma tava nervo (hahahahahhahaha, piadão interno, ninguém lê isso aqui mesmo). Minha casa tava parecendo cenário do Gummo. Ira, Mary, Camilão e Mega apareceram lá. Fomos pro Vegas, festa do Jackson. Alguma coisa errada tinha acontecido com o Vegas esse dia. Parecia festa do gerente da loja, uma filialzona do Ultra Lounge. Nada que algumas gin tônicas não arrumassem. Ira e Mary fugiram, fiquei lá com Camilão, Bóris, Rafa. Confusão mental vai, confusão mental vem, taba nervo, mais gin tonica. Quando eu vi, estava dançando Cartola com a Duda, super me sentindo no cu do padre. Uma hora a música acabou, a luz acendeu e mandaram a gente embora. Lá fora, o sol gritando. Camila não tinha condições de guiar, fui guiando o carro dela até em casa. Bóris seguiu de lá pra casa dela, isso que é bom de morar nos jardins, muitos vizinhos. Dormi das sete até a uma da tarde. Acordei, fui almoçar com a Ida na liberdade e depois fomos de ônibus até a USP, na exposição da Dora. Toquei um pouco de bateria lá com o Frasa, depois Dora nos deixou em casa e ficamos lesando. Eu tinha planos de dormir antes da Réus, mas não consegui. Fui pra casa da Luma, enxugamos uma garrafa e meia de vodka (the great fucking apple) com a ajuda de Camilão e Márcio, depois com o povo do padê. Mas eu e Camila fomos pra réus as cinco da manhã e eu só saí de lá quando as luzes se acenderam. Foi ótimo. Fiquei (saca ficar, tipo festa da escola, aim, fiquei e a escola toda viu!), bebi, tomei uma cartela inteira de taurargin. Tomei uma bola que meu casete me deu. Não sei o que era, mas estou na fase de não recuso nada. Só padê, não trabalhamos com esse entorpecente. Daí as coisas ficaram muito nebulosas, não lembro de muita coisa. Só sei que uma hora aconteceu de novo a mesma coisa, a música acabou, a luz acendeu e lá fomos nós. Eu peguei uma carona com o Otaviano e fui parar na casa da Noelle. Dai quando deu meio dia eu dei tilt e fugi pra casa. Dormi até as cinco da tarde, acordei completamente louco, não conseguia parar de falar, liguei pra todas as pessoas que atenderam e falei, falei, falei. Tomei um metrô, fui na casa da Camila, encontramos a Ira e tomamos sorvete. Depois cerveja. Depois sakê e comemos japonês. Fomos pra casa acuendar uma taba nervo (tá, só eu dou risada disso) em casa, nossa senhora. Bateu Ermínia! Deu até aquela taquicardia bafo, mas eu não fiquei nem aí. Passou. Só que ficou um buraco no meu estômago, saí com Ana e Carol e comi um hamburguer. Fui dormir a uma da manhã, cansado. Zuado. Cagado. Não tenho mais vinte anos mas vamo que vamo.

segunda-feira, outubro 10, 2005

My girlfriend said "man, you'll never be the same again after this long, long nite". Esse fim de semana foi assim. Longo, por mim podia ter durado mais uns oito dias seguidos, eu ficaria deitado na cama da Vivi até o mês que vem, foi ótimo. Drugs are bad. Mas e daí também, quem perguntou.

sábado, outubro 08, 2005

Hoje estava becapando o computador e encontrei uma pasta dentro da pasta do Ultrasom chamada OLD SHIT. Estava organizando as old shits pra becapar quando encontro uma pasta chamada "meus dedos frios". Eram três músicas que eu tinha feito logo depois da morte da minha mãe pra ver se eu ocupava a cabeça e parava de chorar. Daí eu lembrei o porque dos meus dedos frios e comecei a chorar de novo, mas isso não vem ao caso, foi até bom dar uma choradinha que passou a dor de cabeça. Daí eu lembrei que já tinha posto uma delas no tramavirtual, na página do MangoKid. Fui lá ouvir e achei a mixagem um lixo, eu tinha colocado um masterizador muito do tosco e som tava apertadaço, todo oscilando. Então eu peguei e remixei as três faixas e vou colocar na página do ultrasom. Aliás eu tenho escutado muito ultrasom, já fiz várias músicas novas e queria muito gravar tudo antes de ir viajar. Antes de jogar tudo pra cima. Pra ver se cai na minha cabeça de novo, é bom que eu tenho um puta de um cabeção, nem vai doer.
www.tramavirtual.com.br/ultrasom
Stormy Weather, I like to score e Episode No. Todas elas com o mesmo loop de bateria do Jonas tocando Under the Mistletoe (do Blue Afternoon). E todas em mi.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Sexta feira. Há algum tempo sexta feira tem sido dia de comida japonesa, sake, capela e dor de cabeça no sábado. Geralmente eu, Ira, Camila, Carol, Ana. Há muito tempo seria eu, Ida, Roberta, Ródium. Charlotte, Amanda. Caio Lontra. Caio Lontra mudou pro Guarujá, acho que foi a primeira pessoa que se mudou pro Guarujá que eu conheço... E antigamente eu fumava e fumar era legal, eu gostava de cigarros mentolados e de cravo, coisas fortes que davam uma certa falta de ar, principalmente no inverno e os invernos era aconchegantes e eu dormia num tatame duro e gelado, no meio do quarto. Durante o dia eu encostava o tatame na parede da janela, atrás das cortinas verdes e meu quarto ficava grande e dava até pra dançar balé, assisti outro dia a fita que o Marcelo Gabriel fez de mim e do Gabirú fazendo o Lago Dos Cisnes do mundo bizarro que ele usou na peça dele, em 1996. Sei lá. Ou 95. Faz tempo. Eu tinha um topete horroroso e usava todos os tipos de entorpecente que me oferecessem. Cola, verniz. Esmalte. Loló. Diluentes. Não tenho orgulho disso, mas não vejo mal algum também. A maioria dos meus amigos que também usava está bem hoje em dia. Tirando um caso ou dois... Talvez se eu não tivesse usado drogas eu seria uma pessoa formada, com um emprego careta e fosse amigo da minha irmã.
Amanhã tínhamos um show em Limeira que foi cancelado. Vou aproveitar pra passar a tarde com a Luma, estou apegado nos meus amigos antigos, é minha gente, a idade chega, a gente começa a lembrar melhor do que fez há seis anos do que almoçamos ontem. E eu quero acordar bem cedo, andar a pé no centro, passar na galeria, comprar uns cds, um tênis, comprar coisas na kalunga porque é sempre bom ter cartolina, canetinha, cola, essas coisas. Tá, eu já tenho tudo isso, mas quero mais, na verdade quero preencher meu vazio existencial com produtos de papelaria. Na verdade acho que vou é comprar uma guitarra nova. Ou um baixo. Já sei! Vou comprar aquela bateria perolada pro clipe do Cansei. Agora sou oficialmente um baterista, quase não ruim, diga-se de passagem, então pronto. Vou comprar minha bateria amanhã. Só que não tenho carro, tenho que escalar alguém pra ir comigo. O bom de ser guitarrista ou baixista é a autonomia que você ganha. Só por nas costas e sair andando. No ultrasom eu não queria nem tocar guitarra. Queria ser só cantor, cantor de mambo, mam-bo, mam-bo. Ando tão rouco... preciso do xarope chinês. Mais um programa pra amanhã. Passar na Liberdade pra comprar o xarope. Bentil, benflogin. Tá, desculpa.
Havia pessoas urinando dentro do espaço do museu. O que a museologia diz a respeito disso? Parece que a diretora do Paço das Artes não gostou muito, eu por outro lado, gostei muito dos espetinhos de camarão e das falsificações do Felipe. Agora, acho que a pinga era um pouco forte demais e no final tava todo mundo arrumando briga, eu fiquei de fora, só quis os espetinhos de camarão. Estava receoso de encontrar gente que eu não queria ver, no fim encontrei só uma, que de tão baixa nossos olhos não se cruzaram, nem tive que fazer força pra desviar o olhar. Depois quando acordei hoje cedo, vi que tinha uma ligação não atendida dela à uma e meia da manhã. Devia estar em algum passeio noturno louco, vulgarmente conhecido como "balada", se esqueceu de travar o celular e durante alguma manobra mais arriscada, o celular me ligou por vontade própria de dentro do bolso da calça dela. Tirando isso que nem chegou a ser minimamente chato, foi legal. Ver toda aquela gente que eu venho vendo há anos lá, conversando praticamente as mesmas coisas de sempre, ver a Dora feliz, a Carol bêbada e semi ruiva, ver a Clara virar a cara pra Ira, ouvir a Mariana noiada além da conta tentando me convencer que as meninas estavam combinando um passeio lésbico no Angélica Grill, ouvir Olívia falar do Japão, Marina contar seu passeio exploratório na Daslu. Assim, tudo leve, o tempo estava bom. O tempo estava bom, definitivamente.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Oito garrafas de água depois, cinco discos do Bob Dylan depois, três horas e quarenta e nove minutos depois. Dezessete dias depois. A cabeça dói, o olho direito coça e a música está um pouco mais alta do que eu gostaria que estivesse mas estou com preguiça de arrastar a cadeira até ali para abaixar, estou com preguiça de trabalhar, estou com preguiça de acordar amanhã mais cedo para chegar aqui mais cedo para gravar uma locutora que não pode chegar aqui um pouco mais tarde. E talvez eu precisasse de um litro de ansiodorom para aplacar minha ansiedade, comi tão pouco hoje e não consigo parar de pensar em doces e carolinas e sorvetes e ontem acabamos com minha querida garrafa de Jägermeister, seria prudente eu providenciar outra o mais rápido possível. Essa vida sem carro é um desolamento só, tudo fica complicado, mais do que já costuma ser. Comi uma maçã, dizem que faz bem. Espero que faça algum pelo menos, de qualquer tipo. Li outro dia que comer maçã era mais eficiente pra ficar acordado que tomar café. Mentira. Estou caindo de sono. Entre uma linha e outra durmo e sonho coisas bizarras e imporváveis, quem sabe fossem verdade tudo seria mais fácil. I was shaddow boxing earlier this day, i figured I was ready for Cassius Clay. Cassius Clay, you better run. Corre, avua daqui com essa polaina, Cassius Clay. Volta pro seu clã das polainas voadoras.
Sim, eu quis. Mas uma vez que nem mesmo eu me aguento, como posso esperar que alguém o faça por mim? Que coitadice sem tamanho. Tenho mais com o que me preocupar, ainda. And if anybody asks me "Is it easy to forget?" i'll say it's easily done, you just pick anyone and pretend that you never have met. Grande Bob, sempre me ajudando. I'm a lonesome hobo. Hoje não estou conseguindo trabalhar, sono, ressaca, preguiça, tédio. O de sempre, pensando bem. Sou um homem de tradições, estou percebendo, daqui a pouco me transformo no meu pai e vou acabar passando os finais de semana sozinho no sítio bebendo vodka com suco de laranja. Sozinho, eu e o ar, eu e a escuridão, eu e o frio, ninguém pra torrar a paciência. Mas que beleza pensando bem. Passada a euforia inicial vem o que? Depressão? Como seria bom ter alguém pra aporrinhar um pouco, bem pouquinho, pra tratar um pouquinho mal. Será? Credo. É tão complicado tudo isso, eu quis tanto que passei por todas as fases imagináveis, do planejamento inicial até a volta pra solidão. So let us not talk falsely now, the hour's getting late. E tenho ficado sozinho demais pro meu gosto, é claro que isso pesa na hora de se apegar por aí, é claro que não é a melhor coisa do mundo voltar do trabalho e não ter ninguém em casa pra conversar, mas ter alguém pra brigar também não é algo pra se gabar. Certa está a Luma, life sucks. Big time, big time. E ontem eu vi vídeos da Charlotte e me dei conta que o tempo passa, a gente fica velho e se não tiver com o que se preocupar, as coisas ficam insuportáveis. Eu tenho com o que me preocupar. Então para o alto e avante. Vamo que vamo.

sexta-feira, setembro 30, 2005

So long sitting here, didn't hear the warning.
Waiting for the tape to run.
We've been moving around in different situations, knowing that the time would come.
Just to see you torn apart, witness to your empty heart.
I need it. I need it. I need it.
Through the wire screen, the eyes of those standing outside looked in
at her as into the cage of some rare creature in a zoo.
In the hand of one of the assistants she saw the same instrument
which they had that morning inserted deep into her body. She shuddered
instinctively. No life at all in the house of dolls.
No love lost. No love lost.
You've been seeing things, in darkness, not in learning,
hoping that the truth will pass.
No life underground, wasting never changing,
wishing that this day won't last.
To never see you show your age, to watch until the beauty fades,
I need it. I need it. I need it.
Two-way mirror in the hall, they like to watch everything you do,
transmitters hidden in the walls, so they know everything you say is true.
Turn it on.
Don't turn it on.
Turn it on.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Ai.
Assim, só ai. Pronto, passou. Hoje passei o dia baixando músicas do Detroit Cobras. É bigode mas eu gosto, amanhã eu vou discotecar no Milo e vou tocar um monte. Aliás, vou discotecar não, já montei um playlist de duas horas e pus pra mixar a cada doze segundos do fim dos arquivos, ou seja, dane-se. Vamos aproveitar a tecnologia. Ai. Hmpf. E hoje eu fiz ginástica e trabalhei e estou esperando a carona pra ir embora pra casa. Ontem ligaram a Sky lá, fiquei assistindo Law&Order e depois novela e depois cozinhei e lavei tudo ouvindo Teenage Wildllife do Scary Monsters do David Bowie no repeat. E nessa música tem o Pete Townshend e daí eu acabei de lembrar que quero baixar o Who'sNext que tem Love ain't for keeping, ai. Tá, pronto. Passou de novo. E eu penso que se o o Pete Townshend tivesse chutado o Roger Daltrey da banda nos anos setenta tudo teria sido mais fácil, imagine, sem Tommy, Jesus Christ Superstar? Tá. Vou ser jurado de morte pelos cabelinhos. Saco. My name is Ivor, I'm an engine driver. Essa música é foda, foda, foda. Aliás, até hoje eu acho que o melhor do Rock'n'roll Circus dos Stones é o Who tocando essa música. E daí, não é mesmo minha gente? Bom, mas continuando minha lavagem de louça ao som de Teenage Wildlife. Lembro que eu tava no sítio, ouvindo uma fita com essa música no som mais tosco made in paraguai, mono, quando eu comecei a entender a letra e achei a coisa mais legal do mundo, ele reclamando que ele não era um pedaço da selvagem vida adolescente. Como assim, tio? O fato é que esse disco é muito foda, essa música é foda e enfim, eu continuo achando o Bowie O cara. Mas tudo isso foi só pra ver se eu parava de falar ai. Ai.

domingo, setembro 11, 2005

Ontem tinha escrito um post imenso. Imenso, imenso, eu estava muito bêbado esperando pra sair, ia na réus, decidi que ia porque ando muito geriátrico ultimamente. Daí que eu tinha acordado as oito e meia da manhã, fui pro sítio com a Carol a Ana e o Daniel pra gente achar um lugar no meio do mato pra fazer o clipe (Dear Michel, don't be jealous). Fazia um calor de oitenta graus em Bragança Paulista, um sol cangaceiro, claro que eu nem pensei e fui de calça e camiseta preta e caminhar horas pelos pastos pulando cercas de arame farpado e achando que a qualquer momento os mini bois do meu pai iam correr atrás de nós não foi a experiência mais confortável do mundo. Mas enfim. Chegamos de volta em São Paulo às quatro da tarde, fizemos supermercado. Comprei Jagermeister e cerveja. Daí já viu. As meninas cozinharam, eu fiz música, bebemos. Montei o show do desfile que vai ser terça e eu nem vou... Sentei aqui e comecei a escrever. Blábláblá, blábláblá. Conversa no msn, põe foto no fotolog. De repente quase caiu um balão aqui no quintal. Bom, eu achei que fosse isso, foi um show de luzes e explosões que eu nunca tinha visto. Daí eu fiquei achando tudo aquilo muito louco, pus os cachorros pra dentro e fui pro meu quarto ler, com medo dos baloeiros pularem no quintal pra pegar a porcaria. Dona Edna, minha vizinha, fez uma movimentação esquisita, esperei um pouco pra ver se eu ia ter que chamar os bombeiros ou a polícia ou requisitar ajuda divina, mas uma certa hora depois tudo ficou calmo. Soltei os cachorros. Yoko ficava olhando pra cima da laje, subi pra ver se tinha alguma coisa lá mas não. Fui dormir. Sou velho.

terça-feira, setembro 06, 2005

Ontem fui na casa de meu pai à noite. Fazia muito tempo que eu não via minha avó, tinha uma pilha de cartas lá para eu pegar (um calhamaço só de multas, saco) e no fim eu estava sozinho em casa e tem sido esquisito ficar sozinho. Tenho gostando muito de ficar sozinho, muito demais pro meu gosto. E entre ficar mais um dia sozinho em casa e ir ver minha avó, optei pela segunda alternativa. Meu pai vendeu o apartamento e eles vão se mudar semana que vem. Muito estranho pensar que um dia vou passar pela rua que eu sempre conseiderei minha rua e pensar que não é mais minha, Mesmo não morando mais lá há anos aquela rua continuava minha. Foi por ela que eu cambaleei bêbado incontáveis vezes no caminho do estacionamento até meu quarto, foi por ela que eu andei o dia que meu avô morreu, depois o dia que minha mãe morreu. Era por ela que eu descia a pé até o centro quando eu estava desempregado, era nela que ficava a banca onde eu comprava cigarros todo dia de manhã escondido pra fumar no caminho da escola. Lembro quando eu voltei de Nova Iórque e fiquei horrorizado com a feiúra da minha rua, mas logo passou. E ontem minha irmã falou que vai ser bom mudar de ares. Sim, não gostaria de ter continuado morando lá depois da morte da minha mãe. Mas custava ter comprado um apartamento na mesma rua? Saco. Ok. E o apartamento novo é metade do antigo e ontem eu fiquei sabendo que minha irmã está distribuindo entre as pessoas tudo o que não vai caber na casa nova dela. Então eu tratei de pegar algumas coisas que eu inventei de ter apego emocional, como um conjunto de pratos que quando eu era pequeno eram usados em dias de festa. Um utensílio doméstico de fazer capuccino que minha mãe trouxe da Itália. Bom, foi praticamente isso que eu consegui barganhar na festa do fiquei louca estou dando tudo para mudar de ares. Meus padrinhos estavam lá e meu pai e minha irmã foram comer pizza com eles Eu fiquei com minha avó. Consertei a lupa que ela usa pra fazer palavras cruzadas, colei com fita dupla face e ficou praticamente nova. Peguei algumas coisas do meu armário, preciso pegar o resto antes que minha irmã comece a dar minhas coisas. Ela até perguntou se ela podia mexer, já imaginei ela dando meu Ferrorama pro sobrinho do namorado dela. Que raiva. O interfone tocou... era Ariane, amiga de minha irmã, que "veio ver um sofá". Qual sofá? "Um, meio cru." Minha avó reclamou "Vai levar o meu sofá?" Meu coração partiu. O sofá mais bonito da casa, que minha mãe mandou fazer um domingo que nós fomos lá no LarCenter. Ela escolheu o tecido, ficou toda feliz com sofá. Tem o encosto alto, era onde ela passava os domingos vendo filme na tv. Como assim ela vai dar o sofá? Meu deus. Pensei em ligar pra ela pra reclamar e falar que não, aquele sofá não. Mas eu não participo mais dessa casa. Faz o que quiser. Fico muito triste por minha avó mas decidi não me apegar a essas coisas materiais. Minha irmã que está certa no fim. Acho.

quarta-feira, agosto 31, 2005

Capítulo de hoje:

DA ESTRANHA ÉTICA DE UMA JORNALISTA FEMINISTA JOVEM ADULTA

ou também

COMO OS PEQUENOS PODERES DE UMA JORNALISTA FEMINISTA JOVEM ADULTA COOPERAM NAS CADEIAS DE SUSTENTAÇÃO DO EGO DE UMA JOVEM OPORTUNISTA COM MENOS DE UM METRO E MEIO DE ALTURA COM UM LIGEIRO PROBLEMA DE ESTRABISMO QUASE IMPERCEPTÍVEL (BEAUTY LIES IN THE EYES OF THE BEHOLDER AND THAT'S SOMETHING TO WORRY ABOUT MOST OF THE TIMES)

ou ainda

SAI DO CU, BOSTA!



Pronto, auto censura pra evitar dar ibope pra gente feia e fedida.

terça-feira, agosto 30, 2005

Queria dedicar uma música da Angela Rorô pra uma pessoa. Não vou dizer o nome já que pra bom entendedor...
"Coitadinha, bem feito. Coitadinha, bem feito." Pronto. Toda uma singeleza que precisava sair das minhas entranhas, assim, u. Vai se fazer de coitada pras benga da sua terra.
Prosseguindo. Gostaria de dar por encerrado esse assunto, gostaria de explaná-lo melhor, mas não. Nem um nem outro. Não está encerrado porque infelizmente eu sou do movimento ódio e rancor e não vou explaná-lo pra não dar ibope pra quem não merece. Aliás, nunca mereceu nada de nada.
Ai, tá, Caguei.

segunda-feira, agosto 29, 2005

Minha redação sobre meu final de semana.

Sexta feira foi um dia muito chato aqui no trabalho. Não tinha muito o que fazer a não ser refazer, refazer e refazer o maldito filme que parecia nunca mais ir embora e eu não vou dizer qual era porque agora sou uma pessoa velha e ética. Daí que eu tive que ficar aqui até nove da noite esperando uma possível rererererefação. Cheguei em casa com uma preguiça dos infernos, brinquei meia hora com os cachorros, caí na cama e assisti América. Preciso dizer que ando obcecado com a Cléo Pires, queria tanto ela no clipe do CSS. Tá. Daí Ira ligou e me conevenceu que eu precisava de um pouco de álcool pra ser feliz. Fui buscá-la e fomos no Takô encontrar com Ana e Carol. O Takô é um dos restaurantes japoneses mais legais de SP por um único motivo: ele fica aberto até as quatro horas da manhã, ou seja, não íamos ser convidados a nos retirar quando desse meia noite e estivéssemos no nosso auge etílico. Missoshiro e sakê quente. Temaki de salmão. Sukiyaki. Cerveja Kirin. Maior bom, maior legal. Tinha uma sapatão meio velha no balcão muito, muito, muito boa, dessas que tem cara que são diretoras de cinema ou produtoras de publicidade. Ela estava sozinha e bêbada com seu vulcabrás 44 bico largo, cantando todas as garçonetes do restaurante. Ela tinha feito amizade com o sushiman e os dois conversavam animados provavelmente sobre os atributos físicos das moças atarefadas com suas bandejas e era uma gargalhada depois da outra, dessas que são seguidas de um silêncio constrangido do restante do ambiente. O restaurante lotado fingindo que não estava acontecendo nada e eu e Ana engasgando de rir a cada gargalhada da vovó gatinha. Saímos de lá muito depois, bêbados e enfastiados de sukiyaki, direto pra cama.
Acordei sábado as dez da manhã, fui pra academia. A instrutora quase soltou rojão quando me viu lá, fiz minha série penosa, Cheguei em casa à uma da tarde, fomos almoçar no Viena da Santos. Tosco. Ida passou lá com o Bruno Tetine, conversa, conversa, conversa, tomamos café, deixei o Bruno na casa do Farinha e descemos pra casa da Love pra fotografar. O Tod tinha achado um muro na Nove de Julho onde ele queria nos fotografar, fomos lá. Ficamos fotografando até as oito da noite, depois fomos na parede de uma sinagoga no Bom Retiro, comemos salada de frutas na casa da Ida e fomos na casa da Love mandar as fotos pro jornal. Na verdade eu só queria ir na casa dela pra assistir a novela (não precisava contar isso mas o que posso fazer? Eu piro mesmo é na novela, Dogtown nem é minha fita, aliás eu nem falo assim, como na música do Caxabaxa). Depois eles forma comer pizza mas eu fui dormir, estava podre.
Domingo eu acordei as dez da manhã, fui correr pela vizinhança. Corri uns quarenta minutos, voltei pra casa, tomei banho, arrumei as coisas pra gravação do making off do TheSims. Foi a coisa mais caxa que já fiz na vida inteira. Atitude, atitude, gritava o diretor. KKKKKKKKKK. Claro. Amarrei um lenço florido na cara, tipo bangue bangue. "Olha, assim não dá pra ver teu rosto", me alertou o diretor. Ufa, pensei. "Artes do corpo, expressão corporal, teatro, teatro, teatro, um dois e já". Vergonha alheia de mim mesmo. Mas tá, "Japão, Japão, Japão". Fiquei calmo. Saímos da produtora as oito e meia, fomos de novo pro Takô pra fazer uma despedida pro Tod, que volta pra NY hoje. Bebe, bebe, bebe, come, come, come e a meia noite eu já estava na cama. Puta fim de semana chato, típicamente paulista. Só faltou um cineminha e um shopcentch.

terça-feira, agosto 23, 2005

Como é horrível fazer ginástica, céus. Mas não pude adiar, estava bem claro pra mim que se eu não fizesse, eu ia morrer a qualquer momento, meu corpo ia entrar em processo de falência. Tenho bebido quase todo dia, de novo. Eu adoro beber. Sexta feira eu fiquei tão, mas TÃO bêbado. Eu e Clarah, não a ex-cansada, mas sim a Averbuck, versão barba e bigode. Ela estava fazendo uma matéria pra uma revista, não acho bom comentar isso aqui, mas ninguém lê isso aqui mesmo. Bom, ela chegou em casa umas nove da noite e fomos pra um japonês. Pedimos uma barquinha e sakê. Mais sakê, mais sakê. Muito mais sakê. Sei que lá pela uma da manhã fomos convidados a nos retirar do restaurante. Tínhamos decidido não sair, estávamos muito, muito bêbados. Fui levá-la pra casa, quando virei na Augusta, nos olhamos e falamos quase ao mesmo tempo "Vamos no Vegas?". Claro que sim. Ainda mais que era noite do Jackson, minha nova Torre de Quinta sem aqueles padezeiros profissionais. Tá, eles até estão lá as vezes, mas acabam se diluindo na multidão acotoveladora praticamente anônima pra mim. Perto da cabine do dj ficam as pessoas conhecidas, na porta fica o Elton que sempre me deixa entrar pela porta dos fundos e a inexistência de uma comanda torna as coisas muito mais ágeis na hora de uma saída pela direita. Aliás eu quase nunca lembro como eu vou embora do Vegas. Bom, continuando. Deixei o carro num estacionamento inédito, furamos a fila, entramos pela saída. Bafo, barulho e bafom. Achei que a Clarah ia odiar, mas acho que ela se divertiu. Comprei trinta reais de fichas, trÊ gin tônicas. Blablabla, u u u, hahaha e de repente encontrei a Ira, a Camilão e a Mary. Cami e Mary estavam sentadas no sofá lá do fundo e Iracema estava em pé na frente delas pulando e girando os braços como numa demonstração de nado estilo crawl. Fiquei olhando aquela cena, nunca na vida achei que fosse ver Iracema fazendo aquilo na frente de desconhecidos. E o mais esquisito é que Mary e Cami pareciam nem ligar, não é que Ceminha estivesse fazendo piada, sendo Costinha, tivesse acordado gozadinha. Sentei no sofá, Ira continuou pulando. Abstraí. Um, dois, três, lá veio a Bianca Exótica. Ao invés de me chochar como sempre, sentou do meu lado e conversamos muito. Não acho ético escrever aqui o teor da conversa mas teve a ver com a saída da Clara do Cansei. Depois dessa hora tenho dificuldade de organizar os eventos. Tenho a impressão de que fiquei com alguém, não lembro. Péssimo. Lembro de ter visto a Clarah passando vodka no rosto pra tirar a barba ("a maquiadora disse que só saía com álcool"), tenho a impressão de ter visto a Raquel Uendi. Blablabla, u u u, hahaha. Dança, bebe, dança, bebe, ri, chocha, oi, tiau, sms, bebe, dança, sobe, desce, sms, bebe, bebe, bebe, olá, uhu, blbablabla, u u u, hahaha, cadê, cê viu, verdade? Branco. De repente estava eu e Camilão do lado de fora do Vegas, o sol gritando e a gente brigando com o segurança pra entrar de novo. Moço, pelamordedeus. "Não, vocês saíram, a casa fechou, não pode entrar". Saco, que idéia fraca, quem inventou de sair? Camila queria ir dirigindo pra casa, mas estávamos muito, muito, muito jamanta. Não deixei ela ir dirigindo, peguei o carro dela e pus num estacionamento. Quando fui pegar meu carro, ele estava na Augusta em cima da calçada com as portas e vidros abertos, não me lembro de ter tirado do estacionamento. Levei Camila pra casa, foi bom ela ter ficado pior que eu, me despertou uma responsabilidade que me deixou a uma linha do coma alcoólico. Dormi as nove da manhã, acordei às duas da tarde, completamente bêbado mas milagrosamente sem ressaca. Abri a janela do quarto pra ver se o carro estava lá, sim. Ufa. Tive acessos de riso do branco que estava na minha cabeça e fomos ensaiar. Tocamos no Jive à noite e domingo foi nosso dia de princesa particular. (sabe aquele quadro do programa do Netinho?)
Amanhã eu vou pro Rio masterizar o disco do CSS. Estou com os braços tão doídos de musculação que não consigo coçar a cabeça.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Achei o blog que eu gostava. Na verdade foi esse aqui que eu apaguei devido a dilemas religiosos de uma pessoa muito louca de verão. Aquele outro eu apaguei numa crise de auto estima exacerbada. Tudo que estiver entre parenteses e caixa alta foi escrito agora, senti a necessidade de me comentar. Eu não me aguento.

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em 2003 eu estava desempregado e morava muito, muito longe
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my dirty fingers (verme do limbo)

Domingo, Maio 04, 2003:

Ontem eu encontrei uns manuscritos meus circa 96. Inferno Futebol Clube, parece que eu queria escrever um livro, como se eu tivesse algum neurônio funcionando o suficiente para tal empreitada. O pouco que reli me deu calafrios, primeiro pela porqueira do texto, segundo pelas lembranças que me trouxe. Céus. Hoje na casa de minha mãe revirei minhas fotos e separei um punhado, minhas favoritas em duas categorias: pessoas e eventos. Vou colocar tudo em um álbum e escrever o que cada uma significa, a situação, os motivos, os resultados. Me arrependo amargamente dos diários que queimei e dos que deixei de escrever. Cada vez mais acredito no hábito da escrita, que alimenta meu hábito de ler, que azeita meu raciocínio. Acho que deveria ter estudado história ou geografia. Tenho tido vontade de ler algumas coisas específicas, como o papel da ditadura na destruição da cultura no Brasil. A posição brasileira diante de Hitler, quais os países que apoiaram o nazismo. Não tenho nem pra quem perguntar essas coisas. Google? Pelo menos da minha história eu posso falar, quem sabe ano que vem eu presto pra FFLCH de novo.
Até que ponto eu tenho que situar minha condição historicamente para poder fazer algo realmente contundente? Antes de ter essa presunção eu tenho que ter certeza de quem eu sou, qual é o meu papel perante o mundo. E eu tenho que ter certeza que o mundo é aquilo que eu acho que ele é. Não acredito mais em discurso hedonista, niilismo clubber, Mauro Borges jogando dinheiro na pista do Hells, babadex, filhotinhos da ditadura. Alguém vai ter que se responsabilizar e ter culhão de fazer alguma coisa empolgante. Não é possível que esse lixo travestido de modernidade que engolimos diariamente preencha nosso vazio existencial. Suck my dick, kiss my ass, miss kittin, drop dead. Quando foi que a mídia se tornou um desserviço? Turbonegro na The Face. Não consigo deixar de torcer o nariz apesar de achar que isso não passa de baixa auto estima do terceiro mundo. Será mesmo? E não levar a sério os jornalistas de música da Folha de SP por não se interessarem pelas minhas bandas seria o que? Recalque? Sim, senhores, é frustrante não ter o destaque merecido. Mas com o tempo a gente aprende que o problema não somos nós, vem lá de cima, lá de trás, tem muito dinheiro envolvido e são poucos os que realmente tem uma chance e a merecem. (UUUU QUE BAIANA, ALGUÉM TE AVISA, QUANTO RANCOR NO CORAÇÃO, SE DESSE MEIA HORA DE CU PASSAVA)
Bu, bu, bu.
Vaias.
Quem lê isso? Quem vai perder tempo tentando mudar alguma coisa? Quem vai perder tempo tentando saber o que está acontecendo, pra que? Até onde eu consigo ir? Sossega o pito, abaixa o facho. Quietinho, manso. Afinal, aqui é diferente, sempre foi. Não temos que acreditar no modelo europeu-norteamericano. Estamos cavando nossa própria trincheira com as unhas, deixando nosso sangue e nossa alma em cada indivíduo que temos a oportunidade de atingir com nossa "arte". Isso não há hype que estrague, não há desserviço que prejudique, indiferença covarde que desestimule. Não temos dinheiro pra pagar jabá mas não queremos estar no meio de quem paga. Não precisamos fazer amizade com gente assustada com a própria mediocridade.
Outra coisa, hoje tive calafrios ao pensar em arrumar um emprego. Não, não, não. (HAHAHAH, ALGUÉM ME AVISA) Vou deixar de lado as vontades consumistas, vou por em prática o plano de me tornar uma pessoa extraordinária. Ui. Doeu. (BAIANA)
Adriano // 1:56 AM

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Sábado, Maio 03, 2003:

Sábado, domingo, feriado, tanto faz pra mim. Ontem à noite eu quase levantei pra matar a gata lazarenta. Pensei em soltá-la, mas com certeza ela ficaria embaixo da minha janela. Ela quer dar. Ou ficar no colo. Algumas vezes ela escapou pela janela do banheiro e ficou gritando, rolando pela grama mas não apareceu nenhum gato pra consumar o ato. Veio embaixo da janela do escritório pedindo pra entrar, pulou no meu colo e dormiu. É só sair do colo que começa a gritaria de novo. Mas eu não vou deixar ela dormir na cama comigo, nem a pau. Ela vai lá na caixa de areia encher as patas de coliformes fecais felinos e vem limpar aonde eu ponho o rosto? Nem fudendo.
Outro dia ela me trouxe uma lagartixa. Ficou toda ofendida que eu joguei no lixo.

Adriano // 2:54 PM

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São quase 4h48. Não vou acabar como a Sarah Kane, ela era genial. Eu sou um presunçoso, imigrante potencial COM visto, que coisa. Sarah Kane tomou cento e cinquenta pílulas de anti depressivo e cinquenta pílulas para dormir. Sua colega de quarto a levou para o hospital, onde a salvaram. Alguns dias depois a encontraram enforcada no banheiro. Ela se matou às quatro e quarenta e oito da manhã, tempos depois de escrever Psychose 4.48.
Adriano // 2:32 AM

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Andei, andei, andei por uma Av. Paulista gelada como há muito tempo eu não via, a mochila estava pesada e a sacola que eu carregava ficava cada vez mais incômoda, começou a rasgar, apertei o passo, estava garoando bem fino, dessas garoas que só se percebe quando se olha contra a luz, pensei em várias coisas, em mudar o nome da banda, em estudar italiano, em arrumar um emprego, em como o tempo se arrasta, lembrei de como eu já fui irresponsável e inconsequente, na minha carteirinha do Hells na Amanda e como ela anda distante, havia vários HareKrishnas congelando pelo caminho naquela bata cor de salmão usando tênis all star, minhas costas estavam ficando ensopadas de suor, doía quando o vento entrava nos olhos, quase parei algumas vezes pra comer algo doce mas desisti todas, queria muito estar ouvindo alguma música que me encorajasse a apertar o passo ainda mais. Passei pelo prédio da Luma torcendo para encontrá-la, sempre que passo por lá esse pensamento me toma conta, não foi dessa vez, haverão outras oportunidades, quem sabe, eu quase nunca cruzo conhecidos na rua, com excessão do MauMau e da Fera do Mar, esses eu vejo no mínimo uma vez por mês. Os chineses estavam lá preparando yakissoba entre o ponto de ônibus e a banca de jornal em frente ao prédio da Gazeta, um cheiro temperado demais para uma sexta feira molhada e gelada e poluída, barulhenta, conturbada, desconfortável, pimentão e shoyu e cebola, macarrão frito crocante por um mísero real que eu não tinha, passei incólume, nem percebi o cheiro do McDonalds na outra esquina. Nessa altura eu já estava pensando em Walt Whitman, i sing the body electric, puta que o pariu, intraduzível e incompreensível para mim, vou lendo criando desenhos que vão tomando as frases, sobem pelas minhas mãos e cobrem meus olhos, i sing the body electric, maldita democracia, maldita constituição, malditos direitos humanos, maldito país, malditos cônsules, maldita língua que canta qualquer coisa, eu tomo essa liberdade para mim, ei Bush, olha aqui, eu não preciso ir até aí para roubar o que te pertence, trinta anos de ditadura não me desviaram do caminho, estou acostumado, a lei de Gérson foi inspirada em mim, eu não espero nada, eu não tenho sorte mas tenho vários livros na minha mochila para ler no ônibus e na casa da minha mãe e antes de dormir, penso no Rodrigo e não acredito, simplesmente não acredito, me preocupo com a Teresa que operou os rins, penso na Talvez, a gata velha da Teresa, em como de um momento para outro anos e anos deixam de ter significado e provavelmente vou ter mais uma linha escrita no meu livro preto das Grandes Decepções, não pode ser uma atrás da outra, me arrependo muito de não ter ido assistir 4h48 Psicose, meu Deus, Isabelle Huppert esteve aqui e eu não vi.
Adriano // 2:14 AM

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Sexta-feira, Maio 02, 2003:

Bom, tudo conspirou contra mesmo. Nem vou me dar ao trabalho de numerar os fatos, não quero que minha azia piore. É o seguinte: o Jonas não conseguiu o visto. Pela segunda vez. Estava lá com todos os documentos, com a carta do americano, com o fax do chefe de visto do consulado.

(AQUI HAVIA UMA FOTO DO BUSH COM OS DIZERES: BUSH, VAI TOMAR NO CU)

Aonde está o Bin Laden quando precisamos dele?
(cortesia funhouse)
O fato é que eu nem estou afim de ir praquela terrinha lazarenta. Prefiro gastar meu dinheiro com outras coisas, ir pra Paris, pra Berlim. Que eles acham, que nos EUA nasce dinheiro na árvore? Presunçosos. Aliás, essa palavra parece ser a preferida do consulado. "Presunção de ser turista". "Leis americanas". Eu quero que as leis americanas vão pra puta que o pariu, senhores cônsules do caralho. Tomara que sejam sequestrados, esquartejados e queimados lá em Itaquera. Pensando bem, não deve haver castigo maior pra um americano presunçoso do que ter que trabalhar aqui nessa terra cheia de imigrantes em potencial. Com certeza o consulado dispõe de carros blindados, não? A lei americana deve ser clara, algo como "a segurança dos cidadões americanos antes de tudo, acima de tudo, com a benção de Deus". America, queime no inferno.
Mas o fato é que eu vou pegar esse dinheiro e investir no meu estúdio que eu ganho muito mais. Eu amo Jandira, longe de tudo.
Adriano // 3:13 PM
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Quinta-feira, Maio 01, 2003:

A grama está meio amarela. Pode ser reflexo do sol, que por sinal insistiu em aparecer apesar de ser feriado. Pena que não posso abrir a janela, a gata Diamanda Galás está parada embaixo dela, paralisada, gritando algo que poderia ser transcrito como "meeeeeeeeerghrghrgrhgrhrgrhgrhgraaaaauuuu, prrrrrrrrrrrrrhghghghgrrrghrgrhgrhguuuuu", muito alto. Estou enrolando pra arrumar o quarto, é hoje ou nunca. Ontem finalmente comecei a montar o equipamento, coloquei os móveis, parafusei algumas coisas no rack. Tirei a cama, a bicicleta ergométrica, caixas de cds vazias que estavam empilhadas no canto há praticamente um ano. Quando tirei o tapete que ficava embaixo da cama, o chão estava branco de umidade. Podre.Tirei todos os meus vinis e pus na sala, hoje de manhã tirei-os das caixas e pintei-as de preto. Paint it black. Aliás, estou nesse movimento há algumas semanas. Próximo passo é ir no Lar Escola SFrancisco comprar uma mesa de jantar de madeira pra pintar. Minha irmã me deu um pufe, preciso ir lá buscar.
Adriano // 2:12 PM

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Está um mal estar dos diabos aqui. A gata não pára de gritar. A vontade que eu tenho é de pegar ela pelas patas traseiras e dar com ela na parede até ela morrer. Ou jogar ela na piscina com as patas amarradas. Nunca maltratei animal algum na vida, acho que nunca vou, mas não consigo parar de ter esses pensamentos sádicos com relação a essa gata lazarenta dos infernos. Certa estava minha mãe de só deixar eu ter peixes beta.
Uma vez eu tive um casal de porquinhos da índia. Meu pai fez uma linda caixa para eles que ficava no fundo da área de serviço do apartamento. Algumas semanas depois nasceram uns oito. Três meses depois tivemos que levá-los pro sítio, havia cerca de trinta. O caseiro fez um lindo cercadinho e fiquei sabendo que rolou uma bela churrascada de porquinho da índia um tempo depois. Comeu tudo, de raiva.
Nem liguei. Fiquei mais chocado quando meu pai inventou de criar coelhos e um belo dia vi todos eles sem a pele pendurados na cozinha e meu pai me deu um rabinho pra dar sorte. Tinha um pouco de sangue saindo pela ponta do rabo, perto do osso. Morria de aflição de pegar no rabo decepado do coelho.
Que idéia fraca.
Adriano // 2:06 AM

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Quarta-feira, Abril 30, 2003:

When i die, won't you please, make sure you keep my records clean. Get my books off the shelf, put'em in a box and keep'em clean as well.
Quero gravar o disco novo do ultrasom o mais rápido possível. Não consigo ficar parado muito tempo. Quero produzir umas bandas que eu acho legal, mas produzir mesmo. Vou meter a mão, dar palpite, fazer o que eu acho que tem que ser feito. Sem essa de apertar o rec e deixar os negos fazerem qualquer coisa. Essa foi a grande merda de ter gravado o Pullovers e o Transistors. Não ficou do jeito que eu esperava, nem do deles. Depois vem alguém tipo o Sandro Garcia Gulliver falar merda desses discos e eu nem posso reclamar.
Adriano // 1:21 PM

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Alice tem ovário policístico ou polissístico ou poliscístico. Até castrar vai ficar nessa gangorra de cio a cada cinco dias. Deus...
Adriano // 12:49 PM

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Não ter carro faz minha vida muito melhor. É só ter uma mochila preparada para qualquer imprevisto com walkman, livros, agasalho, escova de dente, anti ácido, moedas. Um par de tênis que não destrua os pés. Pronto pra qualquer coisa.
Acordei bem cedo, detesto. Fui pra casa de minha mãe, dormi até o meio dia. Fiz tudo o que tinha que fazer a tarde e depois fui encontrar com ex-colegas da firma. Deus me livre e guarde. Hoje eu andei a tarde toda, fiquei ouvindo Cat Power enquanto subia a Rebouças a pé à noite, descobri que tenho dinheiro pra pagar minhas dívidas, vou dormir abraçado com quem eu amo (KKKKKKKKKK, NAO FAZ A ROMANTICA) e não tenho hora pra acordar amanhã. What else? Uns quatro Sex on the Beach fechariam o dia com chave de ouro, quem sabe amanhã.
Adriano // 12:46 AM

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Minha gata Alice entrou no cio de novo. Não é justo, preciso dormir. Quantas semanas por mês uma gata entra no cio? Vou pedir patrocínio de protetores auriculares.
Adriano // 12:29 AM

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Segunda-feira, Abril 28, 2003:

Soopa doopa. Yoohoo. Dandeeramdeeram. Oompadeedam.
My bum is in your lips, my bum is in your lips.
This time it's got to be good.
E alguém ainda duvida? Eu não. Eu tenho certeza. Vai ser muito bom. Viajar com trezentos dólares. Quase mendigo tours, Tia Augusta, sua mendiga! Vaca. Já pos botox? Eu não duvido, ela e a Valentina Caran. Quantos imóveis ela já alugou pela avenida Paulista pra achar que pode colocar um baner daquele tamanho com aquela foto fazendo aquela pose?

(AQUI HAVIA UMA FOTO DA VALENTINA KARAN FALANDO AO TELEFONE)

Alô?
Do lar não, dólar.
Tá certa.
Certíssima. Quantas camisetas eu tenho que vender em dólar pra não passar fome por lá? Gastei uns cinco reais pra fazer cada uma e vou vender por dez dólars. Se eu conseguir vender as trinta camisetas são mais trezentos dólars. Bom, dá pra pensar em comer mais de um falafel por dia. Mais os cds que o Charly vai nos dar pra vender... ok, não há motivo pra desespero. Se der tudo errado eu ligo pra Berta me buscar. Socorro, amorsh. Vem cá buscar o gato, fudeu. Send me back. Me arruma um bico lá no boardwalk de Venice pra eu juntar uns trocos? Roadie da sua banda, boba, serve. Pintor de parede. Ainda mais depois que eu pintei os móveis aqui em casa, nunca achei que fosse conseguir fazer tão direito. É só não deixar eu lavar as mãos com aguarrás de novo que fica tudo bem. Eu quase nunca fico doente, você sabe.
Só não quero ficar muito tempo na Califórnia. Aliás, não quero ficar muito tempo nesse país aí não. Eu gosto é de Jandira.

Adriano // 10:47 PM

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Caminhando com MAngoKid 1
The change will do you good. I always knew it would... St. Marks Pl. tá longe, Height St. nem se fala. Os postes com os cabos pendurados não deixam esquecer, São Paulo é um dos lugares mais feios do mundo. Os prédios, caixotes com luzinhas, anteninhas incômodas no topo, os cabos esticados. Meio Nova Iórque, meio primeiro mundo. Onde? Na cabeça das pessoinhas dentro de seus carrinhos com vidro levantado gelando no ar condicionado cheias de referência? Ah vá. Meio isso, meio aquilo, nada disso. Nada. Cadê a Marilene Felinto? Tava ficando barra pesada demais pra Folha de SP? Meio New York Times. Babadex pode, meio moderno. Do lado de cá é fácil perceber que o sonho não era bem aquilo, que o diga quando se tem um advogado, um gerente, um agente e um chef, três babás, um assistente, um motorista e um avião. Madonna, tifudê, nega. Is it worth it? Lemme work it. I'll put my bang down, flip it and reverse it. Será que estou enganado by the rocks you got? Who the fuck is Jennifer on the block? De quem é essa mulher, quem é o dono dessa porcaria? Uma Coisa Miss Kittin, não há alisamento japonês suficiente pra curar tanta ressaca moral, o Rio de Janeiro não é tão longe assim e Paris quando em temporada não passa de uma filial do Emiliano em dia de festa de fanzine, vive la jecance. "Fútil".
Loquenlol supa cu modafoca. Fashion atitude, ilustração, customização. Por favor. Eject. Muita pose? Não pode então?
Continuei andando. St. Marks Pl. está muito longe, Height St. então nem se fala. Me lembrei dos braços finos da minha mãe deu vontade de sentar bem perto dela no sofá e assistir tv, aparentemente a única coisa que ela costuma fazer ultimamente. Me disse anda sem coragem de sair de casa, está fraca. Eu sei, gostaria de poder fazer alguma coisa a mais. Sair num dia ensolarado como aqueles que costumávamos passar juntos. Ficar à mercê da sua vontade sem me entediar, as horas demorando o dobro pra passar. Não sei quando foi que o tempo cismou de passar tão rápido. Não sei quando foi que eu comecei a perder tempo com essas coisas que não merecem qualquer tipo de atenção. Estúpido. Eu nunca fui um deles e isso eu deveria ter percebido, é uma puta de uma sorte sem tamanho. Não é à tôa o quanto eles me puxavam o saco. Eu devia ter percebido antes. Ando pensando muito a respeito de uma tarde quando eu era muito pequeno. A irmã de minha mãe estava lavando louça na casa de meus avós, a luz entrava pela porta do quintal esquentado tudo, minha tia era uma mulher muito bonita. Conversávamos bastante, eu devia ter não mais que seis anos. Eu daria qualquer coisa pra lembrar do que conversávamos. Como posso esquecer uma coisa dessas? Do que nós estávamos falando? Eu vejo a cena toda, só não consigo ouvir a conversa, o som ambiente, o barulho da água, da louça sendo lavada. Ela olha pra mim, sorri e fala, fala, fala.
Outro dia eu achei uma fita com a voz do meu avô guardada. Meu avô trabalhava numa produtora de som chamada Sonotec. Lembro que ele tinha vários gravadores em casa, sempre brincávamos de gravar quando íamos lá. Fiquei muito comovido de ouvir a voz dele. Não me lembrava que era desse jeito. Pensei em mostrar pra minha avó mas não mostrei. Não seria justo com ela. E se ela desse conta que já se esqueceu de como era a voz dele?
Ah, vá. Meus pés estavam me matando. O tênis já tinha comido os lados dos meus dedos, eu andava com os dedos encolhidos, o que dava uma certa dor nas unhas. Assim que cheguei em casa separei esses malditos converses pra jogar fora. Nunca mais compro tênis 43. Eu calço 44, eu calço 44, se não tiverem o número 44 eu posso esquecer e ir embora sem comprar tênis número 43. Meu pé nunca vai diminuir. "Sabe o que é? Eles mandam só um par de tênis 44 pra loja, sai no primeiro dia". E adivinha se alguma vez eu estive lá no primeiro dia? Primeiro mesmo eu só fui no primeiro grau, quando não tinha nenhuma Adriana na classe pra me tomar o número um. O sol estava de rachar, a pilha do walkman estava acabando, your kiss so sweet, your sweat so sour. Dedos encolhidos. Coluna reta. "Tem algum problema na coluna?" perguntou o médico do quartel. Tenho. Escoliose, lordose, problema no nervo ciático. Fudi meu nervo ciático quando inventei de fazer Aikidô. Malditos rolamentos. Fiquei dois meses sem conseguir abaixar a cabeça, até hoje não voltei a ter a elasticidade que eu tinha. "Usa óculos?" Sim, nove graus de miopia, menti. Nem pediu pra ver, me liberou do serviço militar. Nem liguei de passar seis horas embaixo de uma tendinha com os outros dispensados esperando acabar tudo. Livre dessa merda, pau no cu do general, do comandante, do sargento, do soldado.
Cheguei no banco, inútil. Esqueci de levar o cheque recuperado, fui tomar um café na Leo. A Praça Panamericana às onze da manhã não inspira nenhum conforto. Um pão de queijo e um expresso puro. Pedi pra usar o banheiro, lavei o rosto. Comprei pilhas novas, sister, we gotta make ends meet, sister, hit em 2003. É, o Marquinho cantou muito bem mesmo. Tomei o Sacomã. Sentei do lado que o sol batia, por isso todo mundo estava sentado do outro lado. Fiz que não me incomodava, peguei o livro e li umas trinta páginas até chegar na Paulista. Não tem postes na Paulista. Meio quinta avenida, gostam de dizer. Sei, quinta avenida do meu cu. Meia dúzia de quarteirões, algumas centenas de predinhos feiosos, um parque mal acabado, cheio de bicha caçando. Um museu sem grandes peças de arte. Mais antenas, duas delas coloridas. Ah, vá. Bela merda. Atravessei a Brigadeiro Luiz Antônio, em que andar ficava a academia ordinária mesmo? Acho que no segundo andar, com uma vista especialíssima. Cruzamento de Paulista com Brigadeiro, toda sua enquanto pedalava. Um barulho infernal, uma poluição grossa descendo pela traquéia. E eu lá, pedalando duas horas por dia. Já fui atleta. Pedalava uma hora pela manhã, fazia musculação. Ia a pé pro trabalho, andava a Paulista inteira, cruzava a Dr. Arnaldo, descia a Teodoro Sampaio até a Domingos de Morais e ia até a Pça Panamericana. Animadíssimo. Não almoçava, tomava um iogurte e comia um coxinho qualquer. Voltava tudo a pé. Parava na academia, pedalava mais uma hora. Eu adorava subir a Teodoro Sampaio a pé ouvindo Orbital. Tinha uma fita que o Alfred me gravou que era boa pra andar tb. Saudades do Alfred. Quando ele morreu eu não tive coragem de ir ao velório, fomos todos pro Hells chorar as pitangas e tomar nossa dose de mdma semanal. A Marina estava fora quando ele morreu. Já tinha virado top model, acho.
Chamei o elevador. Terceiro andar. Apartamento trinta e dois. Joguei os tênis apertados fora. "Não joga fora, eu levo pro sítio e dou pro Pelé". Minha mãe já tinha voltado da clínica, sentei bem perto, encostei a cabeça no ombro dela e cochilei um pouco. Pareceu uma eternidade.
Adriano // 9:58 PM

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Domingo, Abril 27, 2003:

Hoje tem ensaio do ultrasom, estou sem voz e me sentindo vazio. Ontem bateram no carro do (NOME CENSURADO PARA EVITAR CRISES DE CIÚMES NUMA PESSOA LOUCA E POSSESSIVA QUE EU PREFIRO SÓ CHAMAR DE LOUCA E POSSESSIVA PORQUE EU SEI QUE LÊ ISSO AQUI E VAI FICAR COM O CU COÇANDO PRA DAR UM CHILIQUE). Um tiozinho bem pedreiro num Uno velho entrou na traseira do carro dele, que estava parado no farol. Foi tão forte que meu pescoço dói até agora. O carro dele vôou e entrou na traseira de uma Parati velha que estava parada na frente. Se estivéssemos sem cinto teríamos arrebentado a cara no vidro. O carro virou uma sanfona, nem abria a porta direito.
O lazarento estava completamente bêbado, fedia a pinga, não conseguia nem falar direito. "Não foi culpa minha, eu nem vi nada." Eu estava a um passo de pular no pescoço do filhadaputa, liguei pra polícia. "Por favor, meu carro foi engavetado aqui na Av. Escola Politécnica esquina com Av. Jorge Ward." "Um momento, por favor." Tututu. "Por favor, meu carro foi engavetado aqui na Av. Escola Politécnica esquina com Av. Jorge Ward." "Qual o número?" "Olha, amigo, aqui é tipo uma marginal, não tem número nenhum pra eu ver, eu estou aqui embaixo da placa e nela não tem nem CEP, nem número. Mas é no sentido Raposo Tavares, essquina com..." "Olha, sem número vai ficar difícil de te ajudar. Qual seu nome?" "Adriano. Mas é..." "Olha aí em volta e me acha um número, assim tá difícil." E desligou na minha cara. Pode? Você liga pra porra do 190 pra pedir ajuda e um imbecil bate o telefone na sua cara. E se tivesse alguém morrendo?
Nisso o filhadaputa bêbado fugiu. Ligou o uninho todo fudido, vazando água do radiador, sem faróis e arrancou cantando pneu, quase me atropelando. Dois minutos depois, chega a polícia. Pois não? Pois não o caralho, vão atrás do lazarento do uno vermelho, placa tal, liguem pro posto rodoviário na Raposo, façam algo. "Teve vítima?" Não. "Então não podemos fazer nada".
Uma policial ficava olhando pra gente com a arma na mão o tempo todo. Franguinha, tá com medo de que? Que dois homens tatuados seqüestrem uma viatura com oito policiais? Ah, vá. Pelo menos eles ficaram lá esperando o guincho chegar.
Não teve vítima. Não.
Chegamos em casa. Umas cem vespas gigantes estavam pousadas na janela da sala, do lado de fora. Faziam um barulho altíssimo, olhamos do lado de dentro e elas ficavam tentando picar o vidro que ficava cheio de gotinhas de veneno de vespa. Peguei o Baygon Ultra, vesti um casaco pesado, pus um boné e fui lá envenenar os insetos. Achei que elas viriam em cima de mim, mas não. Estavam completamente hipnotizadas com a luz, soltei quase o vidro todo de veneno e elas caíram no chão, fazendo um barulho mais alto ainda.
Prendi os gatos dentro de casa.
Hoje de manhã quando fui varrer o bichos alguns ainda se debatiam, tentando se livrar das formigas.
Adriano // 3:10 PM

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Descobri o que era a dor de cabeça. Nunca mais vou lavar as mãos com aguarrás, nunca mais.
Adriano // 2:49 PM

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Sábado, Abril 26, 2003:

A dor de cabeça continua. Podia ser meningite se eu ainda trabalhasse na (CENSURADO O NOME DO LUGAR ONDE EU TRABALHAVA E TRABALHO DE NOVO, VISH, SUJERA).
Adriano // 2:44 PM

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Olha isso, Granado. (AQUI TINHA A CAPA DE UM DISCO MUITO BIZARRO QUE EU ACHEI QUE O GRANADO IA GOSTAR)

Adriano // 2:43 PM

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Sexta-feira, Abril 25, 2003:

Pra que ficar se expondo assim? Primeiro, não é exposição por exposição. Às vezes sinto necessidade de escrever, de organizar as coisas, passar a limpo. Escrevendo sem pensar eu consigo isso. Quando acabo de escrever e leio, eu vejo quem eu sou. Sim, isto sou eu, goste ou não, certo ou errado. Pelo menos estou tentando descobrir qual o sentido de tudo isso.
Melhor que ficar com uma pirâmide-luminária rosa em cima da mesa dando ordens a torto e a direito. Na atual conjuntura, depois de todas as atitudes que eu tomei, se eu ficar um mínimo mal humorado de verdade com a vida eu posso me matar, não tenho mais jeito. Eu quero provar pra mim mesmo que era o trabalho que me fazia infeliz. Não era desculpa, de maneira alguma. Mais, eu quero descobrir quando foi que houve essa transformação. Quando e por que eu fiquei infeliz. Quanto será que as drogas ajudaram? Quanto dessa tristeza veio das Três Grandes Decepções? Acho que se eu tivesse tido tempo pra lidar com elas eu tivesse me saído melhor. E eu não tive tempo por que? Estava lá trabalhando, querendo ser o funcionário cem por cento. Demorou pra eu começar a inventar desculpas pra faltar. Teve um ano que eu trabalhava com o sr. André Abujamra (não é que eu sonhei com ele ontem...) e ele inventou de gravar um disco do Tom Zé que eu simplesmente não tive fim de semana. Tudo bem, eu era jovem, trabalhava de segunda a segunda, fazia natação quase todo dia e ainda arrumava tempo pra ir no Hells tomar tudo que me oferecessem. Acho que foi aí que eu tive noção da roubada que eu tinha me metido.
Quando você está sempre disponível e mostra que arca com todas as responsabilidades, meu irmão, você está numa barca furada. Principalmente se você for jovem e estiver no epicentro do mundo capitalista, a publicidade. Uma vez que você deu um passo pra frente, ninguém vai deixar que você volte. Uma vez que você ficou trabalhando um ano sem descanço, pode acreditar que as coisas só vão piorar. É o lazarento ciclo do abuso da democracia do terceiro mundo.
No meu último emprego as coisas aconteceram assim também. (AQUI COMEÇAM AS AGRESSÕES AO MEU ÚLTIMO EMPREGO NA ÉPOCA. ESTOU TRBALHANDO HOJE EM DIA NO MESMO LUGAR E SEI QUE AQUI É BOM QUANDO COMPARO COM OUTROS LUGARECOS ONDE TRABALHEI POR AI NESSE MEIO TEMPO) Comecei trabalhando no pior horário, das quatro da tarde as duas da manhã. As coisas foram indo bem, eu ia abrindo minhas pernas, eles iam metendo mais fundo. Chegou uma hora que me transferiram pro horário diurno, das nove as seis da tarde. Só que eu nunca saía
no horário, eu invariavelmente ficava o meu turno e mais da metade do turno que eu costumava trabalhar. Pelo menos haviam as horas extras. Um belo dia, resolveram me dar comissão. Ganhando comissão eu não podia cobrar hora extra. E a comissão sempre dava menos do que se eu cobrasse hora extra. Foi indo, inventaram uma linda escala de final de semana e feriado, e engraçado, eu semrpe tinha que trabalhar nos feriados e meus trabalhos caíam no fim de semana. Uma semana antes de eu pedir as contas, era carnaval. Trabalhei o feriado todo, até domingo as quatro da manhã. Pra que? Pra ganhar mil real duma campanha que o estúdio cobrou 33 mil pra fazer.
Sabe, eu não nasci pra ser escravo. (AI BICHA, SE LIGA) No way, jose. Posso ficar com raiva de mim por não ter sabido me impor, mas acho que aprendi. Acho. Não sei se isso é genético, de repente... mas mesmo que seja, eu não tô afim de fazer esse papel de novo. E acho bom estar tudo escrito, serve de referência. Está tudo aqui, passo a passo o que eu não devo fazer.
Sei lá. Vou ali limpar a caixa do gato de novo.
Adriano // 11:18 PM

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Será que dava pra eu ser mais chato? Iconoclasta é muito foda.
Hey, mick.
Adriano // 10:44 PM

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Minha cabeça dói, não de bebida. Antes fosse, acho que estou pegando essa gripe maldita que acamou todas as pessoas que eu conheço. Eu raramente fico doente. Quer dizer, quando eu trabalhava eu inventava todas as sortes de doença e acabava ficando doente mesmo, fazer o que, sou psicossomático. Mas essas vezes que inventei uma dor de garganta qualquer e acabei indo pro pronto socorro e tomando uma semana de antibiótico não contam. Nos últimos tempos de serviço, eu tive no intervalo de um ano: rubéola, cólera, dengue, todas as gripes da moda, úlcera, arritmia cardíaca e pneumonia. A rubéola aconteceu porque eu costumava passar um creme depois do banho chamado Tiomucase. A Ida que falou pra eu passar, que emagrecia muito. Adivinha se o negócio não me deu um vermelhão? Pronto, rubéola, uma semana e meia sem trabalhar, passeando, tocando, dormindo bem. A cólera se deu em Porto Alegre. Acho que comi algo meio passado no almoço e vomitei à tarde, pronto, cólera. Coitado do Adriano, uma semana em casa. Dengue então foi fácil demais, lá onde eu trabalhava tinha muito mosquito. Foi só chegar um dia virado de show, cara abatida, olheira, pronto, tava com dengue. Mais uma semana de molho. Mas não pense que era tudo alegria. Na maioria das vezes que eu inventei essas histórias eu acabei ficando doente, não doeeeente, mas doente, rápido assim. Nada que uns bufferins não resolvessem.
Hoje fiquei o dia inteiro aqui em casa. Acordei as duas e meia da tarde, afinal ontem eu fui tocar num lugar chamado INSPIRAL, casa nova que abriu nos Jardins. O show foi muito bom mas eu estava péssimo. Estive com dor de cabeça o dia todo, todo mundo me falando da terrível gripe que ia me derrubar, "ah, amanhã você vai estar horrível". Não bebi nada, como disse, fui com o Rodolfo depois da passagem de som num lugar chamado Rock Burger, que costumava ser legal mas agora uns chineses compraram e ficou trevas, tomei um milkshake duplo de flocos ("olha, o dupro é sete real, o normal é cinco real, toma o dupro" me convenceu o china) enquanto o Rodolfo virava uma garrafa de breja e um copo de requeijão de pinga. Fiquei enjoadíssimo, mareado, com sono, mal humorado. Voltei pro bar e dormi em cima de uma mesa até a hora que o (NOME CENSURADO PARA EVITAR CRISES DE CIÚMES NUMA PESSOA LOUCA E POSSESSIVA QUE EU PREFIRO SÓ CHAMAR DE LOUCA E POSSESSIVA PORQUE EU SEI QUE LÊ ISSO AQUI E VAI FICAR COM O CU COÇANDO PRA DAR UM CHILIQUE) chegou. O show foi lá pelas três da manhã, chegamos em casa umas quatro e meia, estava uma neblina horrenda na estrada, não dava pra ver mais que um metro na frente do carro. Dormi às cinco da manhã.
Como estava dizendo, acordei às duas e meia e cozinhei um risoto com molho de tomate e proteína de soja, com muita cebola. Era tudo o que tinha aqui hoje. Fui dar mais uma demão no móvel do estúdio, puta meleca. Estou fedendo aguarrás há dias e essa merda não fica pronta. Mas foi ótimo, fiquei ocupado a tarde toda, ouvindo sonic youth, indiekid. Depois, enquanto esperava secar a bobagem, peguei emails, escrevi na págia do butchers (www.butchersorchestra.hpg.com.br) e fui ver se a nova música dos Stubborns tinha entrado. Entrou! Aqui: www.mp3.com/TheStubborns, a música se chama Medication e eu a fiz pra chochar aquela bruaca da Desirée Marantes. Fui lá fora, dei mais uma demão no móvel e voltei pra cá.
Pronto. Tédio. Limpei o jardim dos cachorros. Limpei a caixa de areia dos gatos. Li. Acabou a luz. Voltou. Sentei na frente do computador e o alarme da idéia fraca começou a soar. Tá bom, sei que eu não devia fazer esse tipo de coisa, mas não é sempre que eu tenho a oportunidade de fazer algo assim:

Date: Fri, 25 Apr 2003 18:03:22 -0700 (PDT)
From: "ADriano Cintra" | This is spam | Add to Address Book
Subject: Novo single The Stubborns - Medication (oh, desirée)
To: eddie@ironmaiden.com

Tirado do site erikapalomino.com.br:

"Está causando frisson o novo single intitulado
Medication da banda de electro-clash-punk The
Stubborns. Já é hit certo na discotecagem dos mais
requisitados djs da cena roqueira de SP e o top dj
Marky está preparando um remix junto com o produtor
Dudu Marote para ser lançado pela Trama em agosto.
Segundo Adriano Cintra, o iconoclasta por trás dos
Stubborns que nas horas vagas faz as trilhas dos
desfiles mais hypados do país, customiza camisetas
para a Ellus 2nd floor e ainda acha tempo pra tocar
guitarra no internacional Thee Butchers Orchestra, a
história desse single é bem divertida:
"Uma amiga de uma amiga minha me acusou de plagio. Só
que eu nunca tinha ouvido a música dela, sem falar que
a música em questão tinha dois acordes... passado um
tempo, várias bruacas amigas dela começaram a me
ameaçar por email, daí perdi a paciência e fiz a essa
música pra ver se a raiva passava" conta ele.
Quem quiser conferir o inteligent electro dos
Stubborns pode assistir ao programa Gordo A Gogo na
MTV semana que vem. Quem estava lá na gravação saiu
pas-sa-do.
Quem quiser escutar a música em si, se joga aqui:
http://www.mp3.com/TheStubborns

(CENSURADO O NOME DA SUPOSTA JORNALISTA QUE TERIA ESCRITO ESSE TEXTO RIDICULO ACIMA)"

Mandei isso pra bruaca da Desirée e pras penosas das amigas dela que ficaram me enchendo os pacovás com aquela história de plágio. Eu odeio Backyard Babies, mas making enemies is good. É melhor que good, ajuda a passar o tempo. Terapia ocupacional. Que nem quando eu fiquei alugando a bicha korn por quase um ano...
Depois que eu descobri que o Henry Miller fazia coisas parecidas com essa eu fiquei menos preocupado.
Adriano // 10:26 PM

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Quarta-feira, Abril 23, 2003:

Gazela, bânger.
Adriano // 1:03 AM

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E ao longo do braço esquero eu tatuo "non ducor, duco" que nem a Ana. E na nuca "fuck off" que nem ela também. Saudades, Gel.
Adriano // 1:03 AM

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Na bochecha direita eu tatuo uma guitarra, que nem um homem que eu vi no metrô uma vez.
Adriano // 1:00 AM

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"teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi na minha vida, inclusive o porquinho da índia que me deram quando eu tinha seis anos."
Esse Manuel Bandeira era bem esquisito. Lembro que estudei ele na FFLCH, tinha um professor de IEL que o considerava beat. Outro dia catei o Estrela da Vida Inteira pra dar uma lida e achei um tanto quanto inocente, não achei o gancho. E esse poeminha da Teresa me ficou na cabeça, antes eu tivesse me lembrado antes pra declamar pra minha ex patroa.
Deixei o livro no banheiro, do lado de uma edição da Penguin da obra completa do Walt Whitman. Mas pra mim, o melhor é o Ginsberg mesmo. i wish he'd pull my daisy, smart went crazy, smart went crazy.
Um dia eu tatuo isso. Na testa.


Adriano // 12:58 AM

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Uma boa saída para mim é arrumar algum trabalho manual. Hoje passei a tarde lixando madeira, pintando, lixando, pintando, esperando secar, enquanto esperava dei um mergulho, sequei ao sol, a água estava muito gelada. Um milhão de formigas pretas me atacaram, pulei na água de novo, mais frio, mais sol, banho. Lixei madeira de novo. Quando vi, tinha que ir pra São Paulo pra fotografar com o Nino. Busquei o Jonas em alphaville, fomos pra SP. O lince selvagem ligou, disse que ia atrasar, que nem ia sair de casa àquela hora, que ia tomar banho, comer, blábláblá, todo irônico. Ui, lince selvagem, quanto sarcasmo. Que te fiz para merecer esse tratamento de esposa? Não quer ir não vai, sô. Depois de tanta landragem, acabou chegando quinze minutos adiantado. E o Nino deu o cano. Nem teve foto, comemos um pão de queijo, falamos da vida como se fôssemos estranhos e cada um foi pro seu lado. Acabei no Takô com o Maurício, que comprou várias partituras de violoncelo e piano pra gente tocar, amanhã vou dar uma estudada.
Hoje foi um daqueles dias em que as coisas parecem começar a entrar nos trilhos, sem stress, sem falsas expectativas, sem picos de euforia. Pela primeira vez em muito tempo os minutos demoraram sessenta segundos pra passar, eu comi o tanto que tinha fome, dirigi na estrada sem arrumar confusão. Quase sempre que venho pra casa eu arrumo algum desafeto pelo caminho, como algum infeliz que vem dando seta pra passar e quando passa vai mais devagar atrasalando, despertando meu lado psicopata. Eu nunca vou andar armado.


Adriano // 12:41 AM

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Terça-feira, Abril 22, 2003:

Queria um emprego de meio período aqui perto de casa. Levando isso em consideração, eu poderia ser:
frentista do posto ALE ali na divisa de Jandira com Barueri
chapeiro, caixa ou atendente na padaria que fica de frente pro residencial da Bianca Exótica (aliás, ia ser incrível servir um carioca pra Bia todo dia de manhã antes dela ir pra escola)
vendedor da pet shop que fica perto da casa do Jair Rodrigues
porteiro do meu condomínio
vendedor de gás
entregador de água
recepcionista da academia ali da estrada
motorista do carro de escolta do Forest Hills
funcionário da Brico Bread (não ia prestar, eu ia engordar mais quinze quilos de tantos pãezinhos)
Quantas opções.


Adriano // 2:38 AM

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Esses últimos dias foram surpreendentes. Consegui ficar sozinho em casa sem me sentir desperdiçando tempo, com aquele fogo no rabo pra fazer alguma coisa. Fiquei aqui, vi filmes, li, internetei. Segunda saí de casa às seis da tarde, fui encontrar com a Debs, depois peguei a Clarah e fomos pra Funhoze. Tomei vários sex on the beach, provavelmente uns oito. Não fiquei nem um terço de bêbado como na sexta, queria ter ido na Loca encontrar o Maurício mas prefiro passar longe daquele antro mal cheiroso da paraguaia. Meu cu, noiada. Ele foi encontrar comigo na Funhoze, ficamos lá um pouco e viemos pra casa depois. Apesar de todo o álcool eu fiquei completamente são. Não tive blecautes. Tomei meus engovs, acordei inteiro ontem.
Amanhã eu devolvo o carro pra minha mãe, quero ver o movimento trem como rola. Vai ser bom ficar em casa uns tempos, tenho muita coisa pra arrumar aqui, lixar, pintar, passar cabos, arrastar móveis. Correr. Nadar. Ler. Passear com os cachorros. Compor. Agora com estúdio em casa eu quero fazer muita música. Ei, (CENSURADO O NOME DO MEU ANTIGO PATRÃO QUE POR SINAL É O ATUAL, SUJEIRA), pau no seu cu. Fique aí se matando, eu fico aqui na beira da piscina fazendo música e cuidando do jardim. Vai lá puxar o saco da cruza do Lulu Santos com o Ney Matogrosso que eu vou dar uns rolês de bicicleta pelas trilhas aqui perto de casa, comer miojo na hora do almoço com muito prazer e não ter azia depois, olha que coisa incrível.
O Marquinho não disse que ele é um lince selvagem? Eu sou só um quase mendigo. Já não tenho inveja da Cíntia da Bizarre.


Adriano // 2:28 AM

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Sábado, Abril 19, 2003:

Bom, o site do Butchers está em fase de acabamento, por enquanto está aqui:
http://www.butchersorchestra.hpg.com.br (VISH, TA TUDO VELHO LÁ, NEM VAI PERDER SEU TEMPO INDO VER)
Quando for pro endereço definitivo eu aviso.
Adriano // 11:36 PM

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Ontem eu bebi demais. Pra piorar esqueci de tomar engov, acordei ruim, como se tivesse sido linchado. Febre, enjôo, azia, mau hálito, dor de cabeça, não podia me mexer que ficava com vontade de vomitar. Fiquei deitado até às três da tarde. Fui ver se tinha batido o carro, não, ainda bem, bater o carro da minha mãe ia ser o fim. Saí com minha irmã Clarah, fomos para vários lugares antes de pararmos na Funhoze. Tomei muitas gin tônicas que se misturaram à meia garrafa de vódka do meu pai que eu bebi na casa dele. Fiquei sozinho a tarde toda, esperando alguém ligar. Marco, Jonas, (NOME CENSURADO PARA EVITAR CRISES DE CIÚMES NUMA PESSOA LOUCA E POSSESSIVA QUE EU PREFIRO SÓ CHAMAR DE LOUCA E POSSESSIVA PORQUE EU SEI QUE LÊ ISSO AQUI E VAI FICAR COM O CU COÇANDO PRA DAR UM CHILIQUE), Clarah, Ida, Amanda, Bezzi. Dormi, li. Cozinhei uma coisa horrenda que me deu uma dor de cabeça lazarenta. Comecei a beber pra ver se passava, passou.
Acho que até fumei uns cigarros ontem. Não sei direito, eu estava quase ficando incoveniente, vim embora.
Adriano // 7:13 PM

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Quinta-feira, Abril 17, 2003:

Vendi meu carro hoje. É estranho pensar que não tenho mais carro, que não tenho mais que gastar 120 real por semana de gasolina, estacionamento, prestação. É bom. Preciso me acostumar com a idéia de andar de trem. O trem é aqui perto de casa, estação Jandira.
Adriano // 11:41 PM

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I don't like the film, play it all back
I don't like the set, put it all down
Se fosse fácil assim, ficar com uma pirâmide luminária em cima da mesa dando ordens.
Adriano // 10:18 AM

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Adriano // 12:46 AM

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Estou ouvindo Gary Numan, bem baixinho. Trouxe minha vitrolinha portátil Delta da casa da minha mãe. Ela funciona com pilhas, tem um falante só, é mono, coitada. Dava pra escutar rádio nela também mas hoje eu quebrei a antena que estava torta e ficava pegando no disco, meigo. Comprei o Warm Leatherette da Grace Jones por 3 real. Trê real é um preço muito amigo pra se pagar num vinil bom desses. Comprar vinil é legal, pena que deixa os dedos pretos de poeira.
Adriano // 12:41 AM

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A ingrata subiu no meu colo e está dormindo, quentinha.
Adriano // 12:08 AM

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Alice entrou no cio e faz cinco dias que não consigo dormir. Ela profere miados aterrorizantes num volume altíssimo, sons guturais improváveis para um ser daquele tamanho. Anda rastejando, rabo para o alto, se oferecendo para os móveis, sapatos, almofadas, cachorros, gatos, meu pé.
Comprei um treco azul de brincar pra ela hoje.
Tá lá jogado na sala, nem deu bola.
Adriano // 12:03 AM

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Quarta-feira, Abril 16, 2003:

É muito difícil. Blá blá blá. Preciso de um plano B.
Achava que nada podia ir além da verdade, o problema é que muitas vezes ela simplesmente não existe. Se acho que chegou a hora e me preparo para ir embora de repente uma palavra vira tudo de cabeça pra baixo. Paranóico. Resolvi ficar quieto também. Não vou me preocupar com o silêncio, vou achar que é um sinal de paz, natural, confortável.
Como se houvesse algum tipo de silêncio dentro da minha cabeça, quando não é um trecho de música horrenda em loop são as vozes, as conversas, as línguas que eu não sei falar,de repente me pego assoviando uma música que eu nem lembrava, recitando um poema em francês que aprendi na quinta série, um diálogo de filme que assisti ontem na tevê. Fico imaginando quem são as pessoas da rua, somando placa de carros, número de edifícios, telefones, tentando achar algum sinal de suas personalidades nos números que me rodeiam, eles também me dizem do futuro, meu oráculo particular, no fundo nem eu acredito que perco meu tempo fazendo isso, mas eu preciso me manter ocupado.
Preciso de um plano B. Está tudo indo pro brejo, não sei se é só mais um teste ou se estou bancando o idiota. Ou se estou sendo mau caráter. Até que ponto eu não entendo as coisas? Será que o óbvio esta ululando na minha cara e eu tenho algum problema mental, polianite severa? Pode também ser falta de álcool, ou excesso, será que tem alguém me ajudando e eu não estou vendo? Eu não passo de um egocêntrico filho da puta que está sempre reclamando de problemas existenciais enquanto não enxergo o sofrimento do próximo? Não consigo enxergar que sempre faço tudo errado? OK, i deserve it. Devo procurar meu empreguinho, botar o rabinho entre as perninhas tortas e morrer de câncer quando?
Só não quero mais entender as coisas errado, vamos. Só pode ser algum problema de educação. Ou fisiológico mesmo.
Tanto faz.
Adriano // 11:54 PM

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Sexta-feira, Abril 11, 2003:

Você já ouviu falar da síndrome da mão alienígena? Assisti um documentário ontem no Discovery Health sobre isso e estou tendo delírios psicossomáticos o dia todo. E ainda nem sofri um derrame ou uma cirurgia para seccionar os lados do meu cérebro.
Coisa horrível, sua mão não obedece aos comandos do seu cérebro, mas sim às sugestões do subconsciente. Daí as minhas senhoras não conseguem nem vestir a roupa. Com uma mão elas se vestem, com a outra, ficam tirando a roupa que a outra mão acabou de colocar.
A outra minha senhoura ia ao supermercado e a mão alienígena ficava pegando todos os produtos que ela via. Com a outra mão ela colocava as coisas de volta na prateleira, mas a mão boba pegava tudo de volta! Um basfond. Chegava no caixa e ela tentava explicar sua síndrome e pronto, aquele mal estar, todo mundo achando que ela era louca.
Que situação. Tenho certeza que na vida que vem eu volto com isso nas duas mãos. Mais o câncer no osso da face, tipo homem elefante. E braços de talidomida.
Eu até que mereço.
Adriano // 12:22 AM

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Minhas gatas se odeiam.
Yoko e Alice.
Yoko rosna como um lince, Alice provoca até levar umas patadas na orelha.
Alice escala minhas pernas e morde meu nariz, ronrona e eu fico com coceira onde ela unhou.
Yoko grunhe de raiva.

Adriano // 12:16 AM

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Terça-feira, Abril 08, 2003:

Imagine acordar e ficar feliz de ir ao banco pagar contas. Uau! Fui buscar um cheque que voltou no Drogão. Emocionante, a mulher não encontrava o envelope com meu cheque, ainda por cima tive que pagar quinze reais de "taxas de devolução". Ué, indaguei à moça, isso eu já não paguei no banco? Mas tem que pagar pra eles também, pronto, mais um motivo de felicidade. Depois discuti com minha mãe, não, não quero mais ser empregadinho, não quero mais ter patrãozinho, horinha de almoço. "Ouvir isso de você me preocupa muito", escutei ela do outro lado. Como assim? O que ela esperava de mim? Que um dia eu me casasse, comprasse um apartamento em Moema, fizesse um plano de previdência privada no Bradesco Saúde e Vida e voltasse a frequentar a Ivernada do Biriça? Hmm.
Depois levei o carro amaldiçoado pra remendar lá no Osmar, conhece o Osmar? Ali na Bela Vista, Rua Santo Antônio. O Osmar é dez, campeão. Deixei o carro lá e fui a pé pro centro conversar com a Cíntia da Bizarre. Ela é dez, campeã também. Ela pendurou na parede da loja um disco chamado "O Sapatão", o Iano que deu pra ela. Na capa, um cabra da peste apontando pra um sapato do tamanho de uma cadeira, olhando feio pra uma mulher de biquini, toda sem graça, ele meio que perguntando "O que significa isso?" e ela "Hmmm, tsc...". Sapatão.
O dia esteve feio e quente, greve de ônibus, metrô lotado. Fui pra Moóca encontrar a Debbie, que está deprê por N motivos. Ene de Naldinho motivos, ok, que coisa sem graça. "De quem é essa mulher, quem é o dono dessa porcaria?" A Debs não é mais de ninguém e ela está tentando lidar com isso da melhor maneira possível, mas como é foda ver os amigos chorarem de amor. Eu tenho chorado de amor ultimamente, a vida às vezes me dá vontade de apertar o FF pra passar mais rápido. Isso me faz lembrar que hoje eu não bebi. Ainda. (AI QUE TÉDIO)
Na volta, desci na praça da Sé, não queria voltar pra casa aquela hora, estava desconfortável. Entrei na Catedral da Sé, parei na frente do altar e esperei acontecer alguma coisa. Silêncio, aquela expectativa. Por um momento achei que ia sentir algo mas passou. Mais um pouco e comecei a achar que alguém ia perguntar o que eu estava fazendo ali e no fim eu acabei me perguntando o que fazia ali. Ah, vá. Olhei em volta, não achei nada demais, fui embora rapidinho.
Passando na praça da Liberdade eu vi que dia 12 agora vai ter Hanamatsuri, a comemoração de aniversário do Buda. Hmm. Quem sabe se eu não estiver com muita ressaca eu passo lá pra jogar chá na estatuazinha do Buda e fazer um pedido. "Quero que o nariz do Rodrigo fique preto e caia." Não presta pedir essas coisas, acho. Na verdade eu preferia ganhar um apartamento na Galvão Bueno. Será que o Buda me concede esse pedido? Regula micharia pro chegado não.
Estou com alergia dos gatos, vou dormir, meu olho esquerdo está do tamanho de um limão galego.
Adriano // 11:36 PM

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What about now?
Adriano // 12:33 AM

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"Bunch of losers" (essa é do Marco, outro clarividente de plantão)

you say
I got my way
so c'mon gimme action
oh yeah
you feel
you really got the skills
to break my connection
oh no
watch out
another bunch of losers
find
another soul seducer
it's time for love and crime
Adriano // 12:33 AM

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Ui again.
Adriano // 12:27 AM

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Ok, assunto encerrado. No more mal estar. Vá para a luz, Carol Anne, ou qualquer coisa parecida com isso. É só que às vezes eu insisto em me decepcionar com algumas pessoas, tento achar que elas valem mais do que aparentam, que têm uma carta escondida na manga praquela última rodada decisiva. Eis que na verdade não há "mistério" algum, só vazio. Não havia nada além do óbvio por baixo do lencinho.
Frescura perder tempo com isso. Eu sei. Não acho legítimo o suficiente escrever somente sobre minha vida. Gostaria de escrever ficção. Saber descrever um cenário tão bem que passasse vários parágrafos sem chatear ninguém com de meus recalques.
Sei lá. Estou com muito sono.
Vou dormir.
Quem sabe amanhã sou um pouco mais feliz nas minhas divagações.
Adriano // 12:26 AM

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Fiz essa música em novembro do ano passado. I see dead people.
Adriano // 12:09 AM

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Segunda-feira, Abril 07, 2003:

Excerpt from "Johnny Thunders", available soon on Thee Butchers' Orchestra's upcoming "What about now?" album out on Ordinary Recordings

Turn me lose, let go off me
If you're that bad
Why can't I see?
Hey teenage boy
mama's little tease
you better get yourself
a little more grease
dressed up to kill
making so much noise
proud to say you'd rather be
with the boys

oh boy
can't you get no relief?
oh boy
you bet you taste so sweet
oh boy
sometimes a faker, a loser
oh boy
sometimes a little red rooster
oh boy
you gotta walk that walk
oh boy
you always talk that talk
oh boy
c'mon cut me so fast
turn me lose cuz i need it so bad
Adriano // 11:49 PM

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Up yours.

Adriano // 11:40 PM

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You better watch your back cuz I'm around.
Por que, você vai enfiar o dedo no meu cu? As if...
(NAO LEMBRO PORQUE ARRUMEI ESSA TRETA COM OS FORGOTTENBOYS... LEMBRO QUE O FLAVIO TENTOU BRIGAR COMIGO MAS ACABAMOS ABRACADOS VIRANDO UNS COPOS DE VODKA NUMA PREMIACAO DA REVISTA DYNAMITE LA NO CENTRO CULTURAL VERGUEIRO)
Adriano // 11:39 PM

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Mais um dia e algumas doses de vodka. Ok, não estou me tornando um alcoólatra escroto, estou me tornando um alcoólatra sensível e fiel.
Passei o dia na casa do irmão Jonas produzindo umas paradas pra emetevê. Como diz o Marcelo Gabriel, "eu tenho que fazer a feira" e a feira anda cara esses dias. Nada como manter a cabeça ocupada com algo metódico, é só ligar o controle remoto, manter o senso crítico em alerta e pronto. Depois de oito horas de trabalho produtivo fomos lá pro Elegance ll calibrar de vódega, pôr os planos em dia e falar aquelas coisas que só fazem sentido com certo teor etílico no sangue.
Assunto do dia: polêmica de cu é rola, meus amigos. De que serve sair por aí falando do tamanho do pau quando na verdade todo mundo sabe que o dito cujo em questão não passa dos míseros dezesseis centímetros? E ainda por cima sofre de ejaculação precoce, problemas de ereção e é fino como um batom? (copyright Maria de Los Angeles, que saudades!) E nem se presta a um segundo round?
Ah, vá.
Cansei. Enfiem os lencinhos cu adentro. Hype bom é saldo disponível em conta corrente. Oasis.
I got my dark sunglasses,
I got for good luck my black tooth.
I got my dark sunglasses,
I'm carryin' for good luck my black tooth.
Don't ask me nothin' about nothin',
I just might tell you the truth.


Adriano // 11:36 PM

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Domingo, Abril 06, 2003:

Já que isso é um blog, vamos lá.
Passei o dia todo ouvindo o disco novo do Grenade. Sr. Granado, puta que o pariu. Quem vai lançar? Você sabe que tem gente pagando pra ter isso. Seja quem for, libera logo, quero minha cópia com capa.
Adriano // 9:25 PM

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Igapó, lambari.
Adriano // 9:18 PM

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AQUI HAVIA UM POST QUE FOI CENSURADO POR PURA SENSATEZ E AMOR AO TrABALHO


Adriano // 9:10 PM

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Bom, até aí quero que fique bem claro: eu não tenho nada demais contra os publicitários que eu não tenha contra a maioria dos seres humanos. Podem me chamar de mau humorado, ranzinza, babaca, mimado, criança, o escambau. Cada um com seus problemas, cada um no seu país, cada um com o que pode. Algo que me deixa tranquilo é saber que amanhã eu não vou ter que ler algum roteiro provindo de alguma agência e fingir que não percebi quão infeliz é a profissão de produtor de áudio (AI QUANTO DRAMA, FRIA FIA). Mas pode ser que se eu trabalhasse numa loja de cd, eu ficasse feliz por não ter que vender um disco de merda pra um moderninho mal informado. Ou ainda se eu trabalhasse num jornal, eu urrasse de alegria por não ter que escrever um texto insosso a respeito de um assuntinho mais ainda.
A verdade é que eu não nasci pra isso, não consigo deixar de ser infeliz se noventa por cento do meu tempo eu lidar com coisas estúpidas e pessoas vazias. E não consigo deixar de me esvaziar se for obrigado a produzir coisas que eu desprezo.
Acho que muito em breve eu vou virar mendigo.

Adriano // 8:17 PM

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O que mais pode dar errado? Não que o fato de eu ter pedido as contas tenha sido um erro. Não foi. Em última instância, foi a melhor coisa que podia ter acontecido. Eu simplesmente não aguentava mais aquele lugar (SIFUDI, TO AQUI DE VOLTA), todo dia era o mesmo pesadelo, ficar trancado no ar condicionado fazendo uma coisa que eu (CENSURADO), ganhando bem sem ter vida pra aproveitar, torrando tudo em besteira. Antes eu tivesse tido tempo pra me drogar e queimar o filme com aquela cambada de publiciotários (UMA SERIE DE ADJETIVOS CENSURADOS). É isso mesmo. Leiam com todas as letras: EU NÃO PRECISO DE VOCÊS (HAHAHAHAH SEI). Nunca precisei, se fosse possível eu os processaria por ter me feito perder tanto tempo. (UI QUE MEDA DE MIM MESMO QUE EU TENHO!)
Ontem eu fiquei um tempão sentado numa praça em Londrina, de frente pra uma loja bem tosca chamada Descontão. Não há diferença nenhuma entre o sr. (NOME DO MEU EX E ATUAL PATRÃO CENSURADO). dono da (TROCADILHO COM O NOME DA PRODUTORA QUE EU TRABALHAVA E TRABALHO NOVAMENTE) e a vendedora dessa lojinha. O olhar desesperado no rosto daquela senhora que passa o dia todo em pé tentando vender um ferro de passar é o mesmo que ele tenta esconder ao se afundar no trabalho e se dizendo realizado, querendo enganar alguém de que sua vida não é tão sem significado assim. A diferença é que a vendedora da loja Descontão é uma escrava porque não tem opção. O outro optou por isso, talvez por vaidade, talvez por medo de encarar o tempo bom que não volta nunca mais.
Vejamos: ambos trabalham mais de dez horas por dia, mais de seis dias por semana, não tem tempo pra almoçar, nunca emendam feriado. A grande diferença está aqui: nas férias, ela viaja pro interior pra encontrar com a família. Ele, torra todo o dinheiro que guardou passando duas semanas (CENSURADO, CENSURADO POR VERGONHA).
Duas semanas por ano os dois saem da rotina casa/trabalho/casa.
Eu não quero isso pra mim nem se me mandarem duas semanas por ano pra estação espacial.
Adriano // 8:01 PM

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O vizinho está ouvindo Madonna de novo. American Life, parece ser ok, chique, sério. A capa moderna, artsy fartsy. Fotos na W, exposição de arte em NY, ióga e make up, rugas, plenitude e reconhecimento. Mais? Ah, vá.
Chove muito, a pneumonia asiática chega a São Paulo e estou sem saber o que vai ser da minha vida. Há um mês eu pedi as contas, tinha tudo planejado: dia sete de abril eu embarcaria para os estados unidos, ficaria por lá uns três meses tocando com minha banda. Um belo dia os planos mudam (o sr. Rodrigo Carvalho resolve sair da banda pois não pode pedir as contas da sorveteria onde trabalha com medo de não ter dinheiro de pagar o aluguel) e o novo baterista não consegue tirar o visto. Ainda temos algumas cartas na manga, mas tudo leva a crer que essa turnê vai por água abaixo.
Die another day.
Estou gripando.
Meu dinheiro está acabando.
A realidade é bem diferente, como bem disse o Rodrigo. Queime no inferno, imbecil, don't take it too personally et ora pro nobis. Se sua carne é fraca, fique sabendo que a minha é bem resistente mesmo quando encharcada em gim. Boa sorte no seu sonho americano, boa sorte com seus setecentos dólares por mês.
E você que está lendo isso agora, bem vindo(a) a piada que se tornou minha vida.


Adriano // 7:33 PM


Fim.

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