MIEDO - Maria Daniela y su Sonido Lasser
Miedo, miedo de besarte
Cuando estoy contigo se prenden las luces que marcan mi destino
Debo confesarte que cuando tu me besas siento mariposas,
da vueltas mi cabeza.
Sí, después de ir esta noche a la fiesta
yo siento que Cupido nos acecha
me siento rara y un poco inquieta
porque esta noche te veré de etiqueta.
Quiero, quiero que tú sepas que estoy enamorada
de tus ojos verdes que son como ensalada
Me tomo unas copas, bailo desesperada,
Esta noche es mía, corona deseada.
Hoy voy vestida un poco más fresa
con lentejuelas que resaltan mi belleza
Ten cuidado no me tires la cerveza
pues del concurso yo seré princesa.
Miedo, miedo de caerme que estoy muy borracha,
esa aspirina creo que era una tacha.
Luces bicolores y estroboscopio
pelajes de lujo, humito en mis ojos.
Oh, oh! Creo que estoy metida en problemas,
mi compañero baila que da pena
Creo que el necesita una aspirina,
yo voy al baño y se lo encargo a mi prima.
Quiero, quiero la corona, tendré que hacer trampa
El juez de bigote no es tan mal parecido
Rojas mis mejillas, brillo en mis labios
Cierrole el ojito y él cae redondito.
Y después de esta sucia batalla
mi nombre por fin está en la pantalla;
A lo lejos veo a mis padres,
ellos aplauden, ay miren que detalle.
Sí, después de ir esta noche a la fiesta
yo siento que tú ya no me mereces
Me siento rara y un poco inquieta
porque esta noche ya soy de la realeza.
Leu porque quis, não me encha o saco.
segunda-feira, janeiro 30, 2006
terça-feira, janeiro 24, 2006
Alguns amam palíndromos, outros amam cachorros. Eu amo vinho Muscadet que não existe aqui no Brasil, por isso bebo gin. Também não costumo tomar café da manhã, acordo sempre atrasado. Hoje queria ter ido na academia, mas meu estado decrépito não me possibilitou acordar tão cedo. Tocamos ontem na São Paulo Fashion Week, no lounge da Melissa, coisa meiga, né? Foi um capelão, tomei umas Stellas Artois (umas oito, tá). Foi bem bizarro, a Lovefoxxx tava meio Gloria Estefan do Japanther e nada mais brasilzão que uma Gloria Estefan do Japanther. Eeeeeeeeeee, brasilzão! Tinha um cara lá que ficava gritando "VIVA O ROCK PAULISTANO!" mas eu sempre preferi o Pinheiros ao Paulistano. Tá, desculpa. E os superafimssss estavam lá e pediram pra eu nunca apagar meu blog, veja bem, se o judaísmo não foi capaz de extinguir meu blog, nada mais será. Eu posso até enjoar desse e abrir um novo, mas os arquivos ficam disponíveis. Hmmm. E amanhã cedo tem show do FFrontal no Hell's, tipo oito da manhã. Ótimo horário, não é mesmo? Tudo bem que é feriado, mas caralha alada. Vou dormir tipo as onze, acordar as sete e correr pra lá. Depois venho trabalhar, tenho um filme pra apresentar quinta cedo. Lelê, lelê, trabalha, trabalha, trabalha. Vamos fazer a feira, vamos comprar a casa, vamos comer fora. E vamos passear na farmácia, adoro.
segunda-feira, janeiro 23, 2006
Sono fudido, dor de cabeça, tosse, enfim, todo cagado. Sábado fui abduzido pelo Bóris e pela Camila, eu estava na porta do carro com as chaves de casa na mão, eu não ia sair. Eu não queria sair, queria fazer fofo e ver tv, estava com medo do Vegas. Aquele calor, aquela gente feia amontoada se acotovelando, aquele suor escorrendo pelas paredes. Medo. Mas sou facinho, duas cutucadas me fizeram entrar no carro e guiar até a Augusta. Era quatro e quarenta e quatro da manhã, nossa hora do dia da marmota particular, paramos no postinho e comprei uma Cerpa e um Marlboro azul. Antes eu tinha ensaiado com o Rafa e com o Bóris, depois fomos até a casa do Rodolfo e da Letícia tomar vinho e comer muitas comidas gostosas. Antes ainda, à tarde, fomos almoçar no Gopala onde eu envelheci de ter que pagar dezessete reais pra comer aquela gororoba hare krishna que dá sono. Depois da gororoba eu e o Bóris fomos na Teodoro, depois no Shopping Iguatemi comprar um celular e voltamos pra casa. Tudo a pé, que fique registrado. Boicote aos transportes públicos, vamos adoçar essas pernas. Então às quatro e quarenta e quatro da manhã já era hora de eu estar bem na caminha, na camini (piada Serginho Moreira circa 2002). Mas daí chegamos lá na porta da Réus e tava sem fila. A Luma tava na porta junto com a Ana Flávia e daí eu me senti super em 1999. Ganhei um monte de drinks, fumei Marlboro que nem um sapo, dei um monte de risada, conversê pra lá com o Facundo, conversê pra cá com a Paula. Na hora que o sol raiou minha metade velha quis ir embora, minha metade xofem quis ficar e daí já viu. Às dez e meia da manhã fomos pro tilaute e foi bafo. Jamantices, jamantismos, uma coisa loló, cheirinho do morro, poppers. Como eu gosto de morar em São Paulo as vezes. Cheguei em casa as três da tarde de domingo, dormi duas horas e fui ensaiar parecendo que eu estava equilibrando um galão de água na cabeça. Viva a neosaldina.
quarta-feira, janeiro 18, 2006
De volta à vida caxa. Acordei cedo, sete da manhã, o que não é muito sacrifício pra mim que já estive acostumado a acordar às cinco e meia da manhã pra estar no aikidô às seis, depois na natação às sete e meia, depois musculação às oito e meia e às nove e meia da manhã estar no estúdio. Corre corre dos infernos. Hoje corri quarenta e cinco minutos, nem cansei. Também, com o tanto que tenho andado... não preciso mais de carro. Estava pensando nisso... viva o bilhete único. O melhor carro do mundo é o táxi, já dizia o Paulo Francis. Não tem que pagar IPVA, liscenciamento, estacionamento, zona azul, por gasolina, trocar o óleo, por água, lavar, trocar pneu, comprar outro som quando roubarem e ter que fazer a funilaria da porta e trocar o vidro. Deuzulaivre. O táxi pra academia dá sete reais. A academia é do lado do estúdio e eu sempre volto a pé pra casa no fim do dia. Quando eu saio a noite eu nunca vou de carro mesmo porque eu bebo que nem um gambá velho e já bati o carro duas vezes por causa do mé. Nunca mais, zé mané. Prefiro apanhar do taxista caso eu vomite dentro do táxi, o que eu tenho a ligeira impressão que já aconteceu. Não sei ao certo, eu estava mal de verdade. Bom, acontece que estou de volta ao meu emprego, estou de volta à vida saudável com meus colegas de trabalho, a japonesa loira da contabilidade minha companheira de ginástica, a atendimento viciada em doces que culpa o Frontal pelo vício, os assistentes que fumam que nem sapo de macumba e sempre reclamam quando eu peço alguma coisa, aos almoços caseiros preparados com a supervisão de uma nutricionista, as histórias de mergulho nos lugares mais inóspitos do planeta, os gatos que eu tento não deixar entrar na minha sala... minha vista do jardim está especialmente bonita hoje, o céu azul, os bambus chacoalhando ao ritmo do vento. O beija flor de sempre já passou duas vezes hoje, fico olhando seu vôo, oblíquo, perpendicular, às vezes imagino o desenho mas não sou muito bom com essas abstrações, sou melhor com outras. A arte de abstrair, eu podia escrever um livro pra lançar pela Ediouro. Ou pela LPM. Estou com muito sono, vou fumar um cigarro pra ver se passa.
sábado, janeiro 14, 2006
Acordei quinta de manhã. Não lembro o que eu fiz durante o dia, também, que me importa. Sei que no fim do dia o Boris, o Pedro, a Mari e a Cami vieram aqui. Bebe cerveja, faz adesivo, fuma, ri, bebe, corta adesivo, fuma. Fomos pro Berlin, raptamos o Jonas e o Gregor alemão pra Torre. O Berlin tava cheio mas tava esquisito. Pedro não quis ir pra Torre, fez bem. Queimaram as luzes do andar de cima e o Bispo inventou de acender um monte de vela pra alumiar as idéias fracas dos frequentadores da Torre de quinta. Foi praticamente a dança das cadeiras dos enconstos. Eu nem bebi muito mas tava um transtorno. Ao ponto de eu quebrar uma garrafa de cerveja na parede e apavorar uma baranga coxinha que primeiro me deu cotoveladas na pista, depois me empurrou quando eu pedi para passar e me jogou um copo de flash power no rosto quando tentei passar por ela. Primeiro esvaziei a garrafa de Itaipava no cabelo dela, depois quebrei a garrafa na parede e disse "MINA, EU FUMEI CRACK E VOU TE MATAR". Ela correu. Camila horrorizou, pediu o caco de garrafa e eu, calmo, "Não, eu só quis apavorar ela, eu nunca iria cortar de verdade". Claro que não. Foi só algum encosto malvado que colou em mim naquele momento. Aliás, uma baranga desgraçada dessa devia frequentar a Vila Olímpia, não a Torre. Aliás, quem não devia sair de casa sou eu. Nem foi divertida a Torre quinta. Foi bom depois, quando a Torre fechou umas oito da manhã e fomos eu, o Jonas e o Gregor pra casa do Beto e ficamos na piscina até as onze da manhã, fumando, bebendo e torrando no sol. Quero uma casa com piscina de novo.
quinta-feira, janeiro 12, 2006
In the darkest of my nite, in the brightest of my day. Será que um dia vem? Acredita que vem? Não sei. Remember me to one who lives there for she once was a true love of mine. Tá, eu mando suas considerações, fique tranquilo. E trago suas botas de couro espanhol.
-Oh I'm sailing away my own true love. I'm a sailing away in the morning. Is there something I can send you from across the sea from the place that I'll be landing?
-No there's nothing you can send me my own true love. There's nothing that I'm wishing to be owning. Just carry yourself back to me unspoiled from across that lonesome ocean.
Essa música sempre me fez chorar. Especialmente algumas semanas atrás. Vou gravar pra purgar esse sentimento esquisito. I'm not Dylan, you're not Ramona e a vida continua.
-But I just thought you might want something fine, made of silver or of golden. Either from the mountains of Madrid or from the coast of Barcelona.
-If I had the stars of the darkest nite and the diamonds from the deepest ocean I'd forsake them all for your sweet kiss for that's all I'm wishing to be owning.
Bonitinho, quase patético. Mas ele tava sendo verdadeiro pelo menos. Me identifiquei.
-Well, I might be gone a long old time and it's only that I'm asking. Is there something I can send you to remember me back, to make your time more easy passing.
-Oh I can't, I can't, you ask me again. It only brings me sorrow. THE SAME THING I WOULD WANT TODAY I WILL WANT AGAIN TOMORROW.
Bom, nessa altura do campeonato acho que ele já tava percenbendo que estava sendo abafado.
E ele prosegue.
-Oh I got a letter on a lonesome day. It was from her ship a sailing. Saying "I don't know when I'll be coming back again. It depends on how I'm a feeling." If you my love must think that way I'm sure your mind is roaming. I'm sure your thoughts are not with me but with the country to where you're going. So take hid, take hid of the western winds. Take hid of the stormy weather. And yes, there's something you can send back to me. Spanish boots of Spanish leather.
Triste. Mas pelo menos ele ganhou um par de botas caras. Eu não ia querer essas botas.
-Oh I'm sailing away my own true love. I'm a sailing away in the morning. Is there something I can send you from across the sea from the place that I'll be landing?
-No there's nothing you can send me my own true love. There's nothing that I'm wishing to be owning. Just carry yourself back to me unspoiled from across that lonesome ocean.
Essa música sempre me fez chorar. Especialmente algumas semanas atrás. Vou gravar pra purgar esse sentimento esquisito. I'm not Dylan, you're not Ramona e a vida continua.
-But I just thought you might want something fine, made of silver or of golden. Either from the mountains of Madrid or from the coast of Barcelona.
-If I had the stars of the darkest nite and the diamonds from the deepest ocean I'd forsake them all for your sweet kiss for that's all I'm wishing to be owning.
Bonitinho, quase patético. Mas ele tava sendo verdadeiro pelo menos. Me identifiquei.
-Well, I might be gone a long old time and it's only that I'm asking. Is there something I can send you to remember me back, to make your time more easy passing.
-Oh I can't, I can't, you ask me again. It only brings me sorrow. THE SAME THING I WOULD WANT TODAY I WILL WANT AGAIN TOMORROW.
Bom, nessa altura do campeonato acho que ele já tava percenbendo que estava sendo abafado.
E ele prosegue.
-Oh I got a letter on a lonesome day. It was from her ship a sailing. Saying "I don't know when I'll be coming back again. It depends on how I'm a feeling." If you my love must think that way I'm sure your mind is roaming. I'm sure your thoughts are not with me but with the country to where you're going. So take hid, take hid of the western winds. Take hid of the stormy weather. And yes, there's something you can send back to me. Spanish boots of Spanish leather.
Triste. Mas pelo menos ele ganhou um par de botas caras. Eu não ia querer essas botas.
It ain't no big thing to wait for the bell to ring. It ain't no big thing the toe of the bell. Hoje eu andei, ah, andei. Acordei daquele jeito, hmmmm, meus braços estão onde deviam estar, minhas pernas também, dentes escovados, os olhos enxergando, os ouvidos ouvindo e assim por diante. Dedos dos pés. O joelho ainda dói, será que a empregada substituta veio? Veio, estava ouvindo ela limpando o banheiro. Olá, eu sou o Adriano, a senhora como se chama? Oi Maria. Não, os cachorros não mordem, fique tranquila. Tomei meu banho ouvindo Free Kitten, ah como era boa aquela época que eu não sabia se eu gostava mais do Sonic Youth, do Free Kitten ou do Psychic Hearts do Thurston Moore. No fundo eu sempre gostei mais de Pussy Galore mesmo. Oh but I was so much older than I'm younger than that now. Como eu era malvado, malvadão, não é mesmo? Bem. Daí saí pelo calor senegalense paulistano de jejum, fumei um cigarro, fiquei tonto, joguei fora o maço, o isqueiro e pronto, eu tentei. Não consigo fumar, ufa. A única coisa em comum que eu tinha com o Dallas Winston se foi assim, pra sempre. Adeus, Dallas. Te vejo no dvd quando eu ficar com saudades e quiser dormir quentinho. Talvez no próximo inverno. Fui no ensaio do Ricardinho, deixei minha Telecaster no Jair pra arrumar, tirei dinheiro e vi que meu nome está lá no Cerasa de novo mais uma vez. Nem liguei. Desci a Teodoro, fui colando os adesivos da festa que vamos fazer no Berlim. Boykot. Passei na Fnac, comprei um cd duplo dos Byrds, ando meio apegado. Gosto das versões do Dylan que eles fazem. Aliás, não consigo parar de ouvir esse velho desgraçado. And if anybody asks me is it easy to forget I'll say it's easily done, you just pick anyone and pretend that you never have met. Estou assim ultimamente. Comigo mesmo. Nunca vi, não sei quem é. Agora vou assistir A Profecia, ouvir o Another side of Bob Dylan de novo mais uma vez e vou dormir. Boa noite.
quarta-feira, janeiro 11, 2006
We used to kiss a lot everytime we met... hoje em dia nem mais. Mas ainda temos uma certa intimidade, por mais precária que possa ser. Acho que a conheci em 96. Dez anos, dez anos passa rápido. Rapidão, turbilhão do milhão, eu dez anos mais novo era bem mais fácil. Facinho facinho, ainda tento ser apesar de achar que minha paciência vai drenando com os anos. Mas longe de ser um velho ranzinza. Inventei de fumar de novo, com trinta e um anos. A última vez que tinha levado esse esporte a sério tinha sido em 99, quando levei o maior pé na bunda da minha história. E fumar me dá uma falta de ar incrível, talvez semana que vem quando eu voltar pro estúdio e voltar pra academia e voltar pra minha rotina de homem de trinta e um anos com um emprego, umas contas e dois cachorros, eu pare de fumar. Talvez... Queria tanto tocar. Sexta tem ensaio do Canseides. Mas eu queria bem era tocar com o ultrasom ou com o butchers pra poder usar minha linda guitarra verde nova e tocar minhas músicas novas de tristeza e amor, daí vou fumar um cigarro e colocar na mão da guitarra que nem o Keith Richards e vou me sentir um pouco melhor, logo vou conseguir entrar nas minhas calças justas e apertadas, pena que meu cabelo já era, with your hair combed right and your pants fit tight it's gonna be alrite. Alrite, babe. So you wanna be a rocknroll star? Eu prefiro a versão da Patti Smith do que a original dos Byrds. E ontem eu fiz uma versão dançante de verão de Determination, a música da Raquel Uendi que eu fiz em 99. Ou em 2000. Não lembro, sisqueci, não me repare. Logo que eu acertar o vocal eu ponho no myspace. E ontem no Berlim foi bom, um capelãozãozaço. Pra mim foi tipo despedida, semana que vem acabam minhas férias. Quase três meses de férias, quem tem patrões que dão três meses de férias? Eu tenho, graças a deus. Vou levar um bolo pra Teresa e pro Sílvio, um bolo em consideração. Considero, viu. O, se considero. Daí eu voltei no táxi e mal conseguia explicar o caminho e fiz um cheque mal feito, uns rabiscos. O taxista tava pior que eu, fedia que nem gambá e falava mole e passava faróis vermelhos. Eu não entendia mais nada, uma hora meus amigos foram embora, Rodolfo e Letícia, Carol, Camila, Aninha. Até a Clarah se foi. Fiquei lá, na obscuridade do momento com aquelas pessoas residuais até meu instinto de sobrevivência apitar. Apitou, eu vim. Eu sempre venho mesmo.
sábado, janeiro 07, 2006
Vamos pular essa parte da discussão do porque ter um blog. E vamos também pular a parte do porque ler um blog. Essa discussão se encerra nela mesma e talvez renderia papo pra umas cinco horas de Torre de quinta. Aliás, quinta tava tipo a primeira aula do ano. Os capelões todos lá, foi massa, tocou Madonna e óbvio que tocou Abba também e eu realmente não sei qual das duas eu prefiro, Hung Up ou Gimme Gimme Gimme. E na Torre acontece o milagre do copo cheio, você fica lá segurando um copo vazio e de tempos em tempos ele aparece cheio. Gastei dois reais e fiquei realmente estragado da infame e inrressacável Itaipava. E lá pro Miltão eu sou Rodrigo e enquanto ele continuar me deixando sair do bar a hora que eu quiser sem encrencar eu não ligo. Pode me chamar de Rodrigo, de Daniel, do que quiser. Quem se importa? Eu não me importo com mais nada praticamente, nem com essa parte de discutir o motivo de escrever. Quer saber porque escrever, vai escrever. Não adianta nada ficar fazendo caderno aqui, caderno ali se do caderno não vai sair nada. A mitologia do caderninho. Caderninho aqui, caderninho ali, todo rabiscado, pintado, um bibelozinho, uma mamushka da feirinha do bexiga daquela tia que diz que eh russa. Por isso que todo mundo tem fotolog, eu prefiro fazer música. Apaguei a merda de fotolog, apaguei a merda de orkut, agora não vou mais perder tempo com essas bobagens e vou usar meu tempo pra fazer música. E pra escrever também, escrever, escrever e escrever. Aqui e nos meus caderninhos, que não são todos rabiscados nem tem desenhos porque eu não sei desenhar. Music is my backrub, my music is where i'd like you to touch. Toda vez que chega a parte da Clara eu passo essa música. Daí hoje eu ouvi e passou a fase de passar a música só por causa da voz da Clara. Passou, passou. Ontem eu sonhei com ela, estávamos num cabelereiro, talvez o CKamura, porque a Andréia também estava lá e a Clara estava gorda, tão gorda que nem parecia ser ela, mas era e conversamos e acordei quase com saudades da entidade Clara legal, não da Clara Exumirim. Aliás, quantas entidades você tem? Eu tenho algumas. Muitas, tantas, com sutis diferenças. Minhas entidades não são esquizofrenicamente diferentes. Tem o Adriano Cintra, tem o Adriano do rock, tem o Adriano clubber, tem o Adriano maior legal, tem o Adrino ansioso. E tem o Adriano da pinga. Aliás, esse tem predominado nesse começo de ano. Vinil? Baguete. Pelica? Me esquece.
quinta-feira, janeiro 05, 2006
Outra do Mydirtyfingers.
dallas 141
i know it's not your fault
so you don't have to stay
now just go away
i'll follow you someday
those places i recall
so warm, so cozy and so lame
now just go away
let's find us another place to stay
don't you think 141 is enough to make you dance?
what does it take to make you shake a little bit more
than you did today?
you better find me, try me all the way home
before you lose it and blow it just like before
cuz you know it's just the same for me
it's the same for me
and i don't blame you
i don't mind if you never tried at all
(you know you can call me anytime
i still know your numbers by heart)
Na minha cabeça é uma coisa meio Outsiders. Outsiders na casa da Mariana com ácido e gin na antevéspera de ano novo. Aliás, quando foi o ano novo mesmo? Qual deles? Feliz ano novo! Por que, vocês tão indo embora? Não, é porque é ano novo. Ah, tá, feliz ano novo então. Deu na Globo, né. So lame. E eu fui na varanda e a golden retriever do Ri ficou me mordendo e eu olhei pro céu e estava chovendo. Aliás, hoje que chuva, fui na casa da minha avó, foi a primeira vez na minha vida que eu vi minha avó de cabelo branco e foi esquisito. Ela parecia a irmã dela, a tia Alzira. E minha avó quebrou o pé, caiu da escada da casa da tia Alzira.
Ah, essa música acaba em fade out, tem a ver com o Outsiders também. Tudo na minha cabeça, tudo faz sentido.
(nothing gold can stay)
(robert frost)
dallas 141
i know it's not your fault
so you don't have to stay
now just go away
i'll follow you someday
those places i recall
so warm, so cozy and so lame
now just go away
let's find us another place to stay
don't you think 141 is enough to make you dance?
what does it take to make you shake a little bit more
than you did today?
you better find me, try me all the way home
before you lose it and blow it just like before
cuz you know it's just the same for me
it's the same for me
and i don't blame you
i don't mind if you never tried at all
(you know you can call me anytime
i still know your numbers by heart)
Na minha cabeça é uma coisa meio Outsiders. Outsiders na casa da Mariana com ácido e gin na antevéspera de ano novo. Aliás, quando foi o ano novo mesmo? Qual deles? Feliz ano novo! Por que, vocês tão indo embora? Não, é porque é ano novo. Ah, tá, feliz ano novo então. Deu na Globo, né. So lame. E eu fui na varanda e a golden retriever do Ri ficou me mordendo e eu olhei pro céu e estava chovendo. Aliás, hoje que chuva, fui na casa da minha avó, foi a primeira vez na minha vida que eu vi minha avó de cabelo branco e foi esquisito. Ela parecia a irmã dela, a tia Alzira. E minha avó quebrou o pé, caiu da escada da casa da tia Alzira.
Ah, essa música acaba em fade out, tem a ver com o Outsiders também. Tudo na minha cabeça, tudo faz sentido.
(nothing gold can stay)
(robert frost)
Sim, não ia ficar de fora. Já leu aqui, eu sou assim, sou uma pessoa de tradições. Sou educado, apesar de tudo. Podia fazer um barraco horrendo, mas não. Isso aqui não é espaço público. Isso aqui é um blog, não é televisão aberta que você por acaso zapeia e acaba caindo aqui. Quem vem aqui ler o que eu escrevo não pode se fazer de espectador passivo. Tem que digitar um punhado de letras, de pontos, de barras. Tem que apertar o enter. Só lê isso aqui quem quer, LEU PORQUE QUIS. Antigamente havia um NÃO ME ENCHA O SACO DEPOIS. Tirei, achei deselegante. Pra mim, não pros outros. Encher o saco. Seu email não foi encheção de saco. Eu li, li todas as linhas. Eu já sabia mesmo. Do mesmo jeito que você disse que já esperava tudo isso de mim. Ainda bem que eu transpareço isso, porque é isso que eu sou. Eu fui sincero, eu não deixei dúvidas. Eu não desviei o olhar, eu não tirei o corpo fora. E eu não mandei mensagens e emails querendo dizer o contrário. Tudo bem. Eu lembro como era ter 21 anos. Eu só era mais sincero, eu nunca fiz algo que não tivesse vontade. E eu nunca tive dúvidas do que eu tinha vontade de fazer. Só isso, mas as pessoas são diferentes. Eu sei, eu vi. Eu sou sincero. Confusão não é sinceridade (a confusão pode até ser sincera, mas definitivamente NÃO é sinceridade).
Diboua.
Djibowa.
Diboua.
Djibowa.
quarta-feira, janeiro 04, 2006
Recapitulando.... nossa aventura européia enquanto eu não apago essa merda.
I DON'T QUOTE BUT I MAY IF I WANT TO
ou também
O CAÇULINHA GARNIZÉ
Acontece que numa certa hora do caminho de volta de Berlim para Amsterdã as pessoas acordaram e paramos num lugar para comer os sanduíches e ligar para o André, o dono da casa onde ficaram nossos instrumentos, uma alma caridosa e maternal que nos acolheu quando Carol e Ana foram avisadas de última hora que teriam que sair da casa da Rose. Daí que nessa parada eu comprei o cd novo da Madonna. Pausa. Comprei por pura curiosidade de produtor. Tá. E porque eu gosto da Madonna, fazer o que? Fim da pausa. Daí fizemos pic nic com nossos sanduíches do café da manhã, ligamos para o André e voltamos pra estrada, faltavam uns cento e poucos quilômetros até a capital mundial da Taba do Bob Marley muito chapado de verão. E coloquei o disco da Madonna e que cocô que é, o que eu esperava? Foram os dezenove euros mais mal gastos de TODA a viage. Nem os camarões chineses de dezesseis euros que comemos por engano em Paris valeram tão pouco a pena. Fica registrado, crevette é camarão e custa uma nota preta. E o disco novo da Madonna é um caxotão com timbres de reason e fundamento lamba aeróbica. Daí quando acabei de ouvir o disco da Madonna eu estava de saco cheio daqueles pads cafonas de quinta e queria ouvir uma guitarra, (Mentira) tirando que eu estava dirigindo desde as sete da manhã sem parar, naquele estado de alerta que me deixa coitadão e caído e com sono e com preguiça e de mal humor ainda por cima. Daí o Hugo quis ouvir um cd do Kraftwerk e eu não. Eu comecei brincando de Fidel Castro.
-Não, não vai por isso não. Eu quero ouvir Demolition Doll Rods.
Peguei o cd e pus.
Pronto. O galo garnizé ouriçou as penas do cucuruto e disse que ele tinha PAGADO o carro também (verdade) e que tinha direito de ouvir o que bem quisesse (desde que ele tivesse um iPod ou um walkman ou um discman isso seria a mais plena verdade). Eu retruquei que eu tinha dirigido o dia todo então tinha mais direito de decidir o que escutar do que ele (ao meu ver uma verdade também, certo que uma verdade de uma pessoa chata, mas eu sou chato então foda-se)
-Você é um otário.
-Que?
-Você é um otário, um tosco, Adriano. Você nem imagina o quanto você é tosco.
Olhei pelo retrovisor e vi que ele tinha cruzado aquela fina linha da educação social e estava espremendo os olhos de ódio, chilique mesmo.
-Ahn? Hugo, mano, você não fez nada a viagem inteira, só ficou peidando na nossa cabeça e fazendo a gente passar frio. A gente acabou de escutar um cd seu, agora eu quero ouvir isso aí.
Antes de pararmos, estávamos escutando um cd de electro house conceito que ele tinha comprado em Berlin e segundo ele, era tudo aquilo que ele gostava de escutar na pista.
-Se você não pôs meu nome lá no seguro pra eu dirigir também é problema seu, seu otário. Por que você tem raiva de mim?
-Eu não tenho raiva de você, Hugo. Só tenho preguiça de ficar nesse esquema de acampamento de colégio, essas piadinhas de terceira série. Até por isso eu não tenho saído de rolê com vocês, não sei se você percebeu que faz três dias que eu vou fazer meu rolê sozinho. E não colocamos seu nome no seguro porque ia ficar mais caro o aluguel do carro, além de que você só dormiu a viagem inteira, não ia ter condições de ter dirigido nem meio quilômetro.
-Como se eu fizesse questão da sua companhia.
-Eu não perguntei se você faz questão da minha companhia, só estou dizendo que eu evitei de andar com vocês esses últimos três dias porque eu não suporto esse papo de turma do fundão. Mano, eu nunca fui dessa turma, vamos conversar que nem a gente conversava lá na minha casa.
-E você lê muito né? Quer falar do que? Filosofia?
-Você está me chamando de ignorante?
-Você está com ciúmes da Carolina.
Daí eu ri.
-Hugo, não mete outras pessoas no meio, isso não tem nada a ver com a Carolina. Aliás, eu moro há mais de dois anos com ela e nunca tivemos uma única discussão. Não muda de assunto.
-EU NÃO QUERO OUVIR ISSO AQUI MANO.
Ele pegou, avançou, esticou o braço, tirou meu cd do Demolition Doll Rods bem masculamente, riscando o cd pelo painel do carro. E eu dirigindo o carro na autobahn a cento e sessenta quilômetros por hora. E me peitou, se enfiando no meio dos dois bancos da frente do carro. Se empoleirou ali e ficou batendo as asas, com o bico em riste, o dono do galinheiro.
-Devolve o meu cd.
Ele fez que ia jogar pela janela.
-Não devolvo não, seu otário. Sabe o que você é? Uma BICHA.
-Que você falou? Bicha?
A voz dele desafinava de um jeito irritante.
-Isso, você é uma bicha. Uma bicha desgraçada.
-Devolve o meu cd senão eu vou te encher de porrada.
A bicha aqui ficou brava. E eu ia enfiar um soco naquela cara de merda dele, ele foi pra trás e eu me virei pra socá-lo, ele ficou se movimentando como um galo de briga espremido entre as mochilas e os casacos e a Ana no banco de trás. A situação estava rumando para o descontrole total. Carolina interviu.
-Vamos parar com isso, vamos parando.
Tirou o cd da mão do caçulinha garnizé. Ele acalmou.
-Nossa, seu playboyzinho punheterio do caralho, acabou a amizade.
-Nossa, mew, acabou faz tempo. Você é muito tosco.
Silêncio no carro.
-Olha Adriano, a única coisa que eu espero de você é que você me deixe copiar as fotos que eu guardei no seu computador.
-Fique tranquilo, a última coisa que eu faria seria apagar essas fotos sem te dar.
(Ainda mais quando o dono das fotos me deve cento e setenta euros.)
Ele ainda resmungou algumas outras coisas que eu nem prestei atenção. Seguimos pra Amsterdã naquele silêncio desagradável. Se o Alfred fosse vivo ele cantaria aquela musiquinha "Mal estar, incomunicável, fora do ar..."
*************************************************************
Chegamos em Amsterdã às duas da tarde. Passamos na Amstel Station pra ver se conseguiríamos deixar nossas malas num locker por lá já que no dia seguinte às sete da manhã pegaríamos o ônibus pra Paris. Todos os lockers estavam desativados por medida anti-terrorista e nós estávamos fodidos com nossas malas pesadas. Fomos pra casa do André, deixamos as malas lá e eu, Carol e Ana fomos devolver o carro.
-Adriano, deixa o computador aí pra eu fazer meus cds.
Ah, claro que sim.
-Deopis eu te copio.
Peguei minha mochila e saí. Até parece que depois de ele ter riscado meu cd eu ia deixar ele encostar em alguma coisa minha. Peguei minha mochila e levei embora comigo.
Nessa hora comecei a perceber a enrascada que eu estava metido. No dia seguinte cedo estávamos indo pra Paris ficar na casa de uma amiga do Hugo. E eu definitivamente não ia conseguir ficar olhando pra cara dele e muito menos ficar a mercê de sua vontade. Cogitei de ficar em Amsterdã na casa do Remco. Cinco minutos depois o celular da Ana toca. Era o Remco atrás de mim.
-Hey dutchman, watchadoin?
-Sitting behind my computer watching porn... now i'm going to rehearse with my band, I'll be free by eight.
-Cool, call me then, let's drink something.
Bem providencial. Devolvemos o carro e fomos no museu Van Gogh. Saímos de lá umas seis horas, Carol quis comer um falafel, eu fui tomar meu Ben&Jerrys. Passamos no supermercado, compramos vinho e voltamos pra casa do André. Tomei minha garrafa de vinho inteira esperando o Remco ligar, fiquei turvo que nem espelho velho e nem interagi com as pessoas. Não conseguia olhar na cara do Hugo, que estava social e simpático com as pessoas. Uma hora fui escovar os dentes, sentei no sofá pra dar uma descansada e só acordei as cinco e meia da manhã, com o despertador da Ana tocando. Foi prático e providencial ter dormido de roupa, foi só levantar e checar se a bagagem estava pronta pra viagem. Fizemos café, chamaos o táxi, carregamos nossa mudança e fomos pegar o ônibus.
Eu estava com medo do ônibus. Dora havia falado que era um horror, que só mendigo viajava de ônibus na Europa, que parecia ônibus escolar, que parava a cada meia hora, enfim, que era o cão. Nem era ruim assim, convenhamos, viajar de ônibus não é bom, mas pra quem já fez São Paulo - Goiânia via rodoviária, Amsterdã - Paris foi fichinha. Sentei numa cadeira sozinho e fiquei sozinho até depois de Bruxelas, quando um homem magro e com cara de advogado sentou do meu lado. Era simpático, me ofereceu um pedaço do seu sanduíche de kani com alface, que eu recusei. Vim de jejum, estava me sentindo bem passando fomem ouvindo todos os discos do Bob Dylan que estão no meu iPod. E eu escutava I shall be free n. 10 e pensava, pensava, pensava que de repente até poderia ser bom ficar na roubada em Paris, sem ter onde ficar, afinal seriam só oito dias, uma bela oportunidade de exercitar minha cara de pau, de testar o limite da minha paciência. Mas eu já sabia que ela era bem pequena então nenhum pensamento a respeito de uma aventura mendiga-beat em Paris me animava. E a viagem demorou, demorou, o ônibus vinha bem lentamente e minhas pernas doíam e dormiam e minhas costas gritavam de dor e enfim chegamos em Paris. O mal estar persistia e eu não tinha outra saída a não ser ir com eles para o apartamento que a Filipa tinha arrumado pro Hugo, lá fomos nós, puxando nossas malas buscar a chave da casa da Filipa na casa de uma amiga.
Minha mala de roupas deve estar pesando uns vinte quilos. Minha mochila com meu computador, minha necessaire e meu moleskine, deve estar pesando uns doze. Meus pratos de bateria com aquele case de madeira caxotão, pesa mais doze. Ou seja, eu estava carregando quarenta quilos na lomba pra lá e pra cá por Paris na hora do rush. Tipo tudo o que eu menos tinha planejado fazer nessa viagem. Chegamos na casa da amiga da Filipa as cinco e meia da tarde, ela só ia chegar as seis. Deixamos nossas bagagens no hall do prédio dela, fomos comer. Compramos pão e brie, ficamos na ponte na porta da casa esperando. Espera, espera. Na verdade eu estava torcendo pra ela demorar bastante, meus braços estavam doces de puxar aquela mala e carregar aquele case pesado. Pegamos a chave, voltamos pro metrô. Sobe aqui, desce ali, gente esquisita aqui, bola de fogo ali. Toda vez que ouvíamos um barulho estranho no metrô, Carolina dizia "olha a bola de fogo vindo", no começo ficamos um pouco paranóicos com a possibilidade de terrorismo, mas né. Não dá pra ficar preocupado com isso.
Chegamos aqui no apartamento do amigo da Filipa. É uma história muito triste, o cara perdeu a mulher e o filho recém nascido no tsunami e agora ele está la na Tailândia procurando o corpo deles. O apartamento é incrível mas mesmo sem conhecer o dono, eu fico olhando as fotos, os livros, é esquisito. Enfim, eles subiram aqui, eu fui num hotel do outro lado da rua ver quanto era. Trinta e cinco euros por dia, achei uma pechincha e pronto. Vim pegar minhas malas e fui pra lá. Nada mais providencial que um hotel do outro lado da rua.
Daí estou com preguiça de continuar escrevendo pq estou com sono. Mas no fim fiquei de bem do Hugo, que é meu irmãozinho do coração e a viagem foi ótima!
hahahahahahhahahahahahahhahahahahahahahhahaha.
Tá.
I DON'T QUOTE BUT I MAY IF I WANT TO
ou também
O CAÇULINHA GARNIZÉ
Acontece que numa certa hora do caminho de volta de Berlim para Amsterdã as pessoas acordaram e paramos num lugar para comer os sanduíches e ligar para o André, o dono da casa onde ficaram nossos instrumentos, uma alma caridosa e maternal que nos acolheu quando Carol e Ana foram avisadas de última hora que teriam que sair da casa da Rose. Daí que nessa parada eu comprei o cd novo da Madonna. Pausa. Comprei por pura curiosidade de produtor. Tá. E porque eu gosto da Madonna, fazer o que? Fim da pausa. Daí fizemos pic nic com nossos sanduíches do café da manhã, ligamos para o André e voltamos pra estrada, faltavam uns cento e poucos quilômetros até a capital mundial da Taba do Bob Marley muito chapado de verão. E coloquei o disco da Madonna e que cocô que é, o que eu esperava? Foram os dezenove euros mais mal gastos de TODA a viage. Nem os camarões chineses de dezesseis euros que comemos por engano em Paris valeram tão pouco a pena. Fica registrado, crevette é camarão e custa uma nota preta. E o disco novo da Madonna é um caxotão com timbres de reason e fundamento lamba aeróbica. Daí quando acabei de ouvir o disco da Madonna eu estava de saco cheio daqueles pads cafonas de quinta e queria ouvir uma guitarra, (Mentira) tirando que eu estava dirigindo desde as sete da manhã sem parar, naquele estado de alerta que me deixa coitadão e caído e com sono e com preguiça e de mal humor ainda por cima. Daí o Hugo quis ouvir um cd do Kraftwerk e eu não. Eu comecei brincando de Fidel Castro.
-Não, não vai por isso não. Eu quero ouvir Demolition Doll Rods.
Peguei o cd e pus.
Pronto. O galo garnizé ouriçou as penas do cucuruto e disse que ele tinha PAGADO o carro também (verdade) e que tinha direito de ouvir o que bem quisesse (desde que ele tivesse um iPod ou um walkman ou um discman isso seria a mais plena verdade). Eu retruquei que eu tinha dirigido o dia todo então tinha mais direito de decidir o que escutar do que ele (ao meu ver uma verdade também, certo que uma verdade de uma pessoa chata, mas eu sou chato então foda-se)
-Você é um otário.
-Que?
-Você é um otário, um tosco, Adriano. Você nem imagina o quanto você é tosco.
Olhei pelo retrovisor e vi que ele tinha cruzado aquela fina linha da educação social e estava espremendo os olhos de ódio, chilique mesmo.
-Ahn? Hugo, mano, você não fez nada a viagem inteira, só ficou peidando na nossa cabeça e fazendo a gente passar frio. A gente acabou de escutar um cd seu, agora eu quero ouvir isso aí.
Antes de pararmos, estávamos escutando um cd de electro house conceito que ele tinha comprado em Berlin e segundo ele, era tudo aquilo que ele gostava de escutar na pista.
-Se você não pôs meu nome lá no seguro pra eu dirigir também é problema seu, seu otário. Por que você tem raiva de mim?
-Eu não tenho raiva de você, Hugo. Só tenho preguiça de ficar nesse esquema de acampamento de colégio, essas piadinhas de terceira série. Até por isso eu não tenho saído de rolê com vocês, não sei se você percebeu que faz três dias que eu vou fazer meu rolê sozinho. E não colocamos seu nome no seguro porque ia ficar mais caro o aluguel do carro, além de que você só dormiu a viagem inteira, não ia ter condições de ter dirigido nem meio quilômetro.
-Como se eu fizesse questão da sua companhia.
-Eu não perguntei se você faz questão da minha companhia, só estou dizendo que eu evitei de andar com vocês esses últimos três dias porque eu não suporto esse papo de turma do fundão. Mano, eu nunca fui dessa turma, vamos conversar que nem a gente conversava lá na minha casa.
-E você lê muito né? Quer falar do que? Filosofia?
-Você está me chamando de ignorante?
-Você está com ciúmes da Carolina.
Daí eu ri.
-Hugo, não mete outras pessoas no meio, isso não tem nada a ver com a Carolina. Aliás, eu moro há mais de dois anos com ela e nunca tivemos uma única discussão. Não muda de assunto.
-EU NÃO QUERO OUVIR ISSO AQUI MANO.
Ele pegou, avançou, esticou o braço, tirou meu cd do Demolition Doll Rods bem masculamente, riscando o cd pelo painel do carro. E eu dirigindo o carro na autobahn a cento e sessenta quilômetros por hora. E me peitou, se enfiando no meio dos dois bancos da frente do carro. Se empoleirou ali e ficou batendo as asas, com o bico em riste, o dono do galinheiro.
-Devolve o meu cd.
Ele fez que ia jogar pela janela.
-Não devolvo não, seu otário. Sabe o que você é? Uma BICHA.
-Que você falou? Bicha?
A voz dele desafinava de um jeito irritante.
-Isso, você é uma bicha. Uma bicha desgraçada.
-Devolve o meu cd senão eu vou te encher de porrada.
A bicha aqui ficou brava. E eu ia enfiar um soco naquela cara de merda dele, ele foi pra trás e eu me virei pra socá-lo, ele ficou se movimentando como um galo de briga espremido entre as mochilas e os casacos e a Ana no banco de trás. A situação estava rumando para o descontrole total. Carolina interviu.
-Vamos parar com isso, vamos parando.
Tirou o cd da mão do caçulinha garnizé. Ele acalmou.
-Nossa, seu playboyzinho punheterio do caralho, acabou a amizade.
-Nossa, mew, acabou faz tempo. Você é muito tosco.
Silêncio no carro.
-Olha Adriano, a única coisa que eu espero de você é que você me deixe copiar as fotos que eu guardei no seu computador.
-Fique tranquilo, a última coisa que eu faria seria apagar essas fotos sem te dar.
(Ainda mais quando o dono das fotos me deve cento e setenta euros.)
Ele ainda resmungou algumas outras coisas que eu nem prestei atenção. Seguimos pra Amsterdã naquele silêncio desagradável. Se o Alfred fosse vivo ele cantaria aquela musiquinha "Mal estar, incomunicável, fora do ar..."
*************************************************************
Chegamos em Amsterdã às duas da tarde. Passamos na Amstel Station pra ver se conseguiríamos deixar nossas malas num locker por lá já que no dia seguinte às sete da manhã pegaríamos o ônibus pra Paris. Todos os lockers estavam desativados por medida anti-terrorista e nós estávamos fodidos com nossas malas pesadas. Fomos pra casa do André, deixamos as malas lá e eu, Carol e Ana fomos devolver o carro.
-Adriano, deixa o computador aí pra eu fazer meus cds.
Ah, claro que sim.
-Deopis eu te copio.
Peguei minha mochila e saí. Até parece que depois de ele ter riscado meu cd eu ia deixar ele encostar em alguma coisa minha. Peguei minha mochila e levei embora comigo.
Nessa hora comecei a perceber a enrascada que eu estava metido. No dia seguinte cedo estávamos indo pra Paris ficar na casa de uma amiga do Hugo. E eu definitivamente não ia conseguir ficar olhando pra cara dele e muito menos ficar a mercê de sua vontade. Cogitei de ficar em Amsterdã na casa do Remco. Cinco minutos depois o celular da Ana toca. Era o Remco atrás de mim.
-Hey dutchman, watchadoin?
-Sitting behind my computer watching porn... now i'm going to rehearse with my band, I'll be free by eight.
-Cool, call me then, let's drink something.
Bem providencial. Devolvemos o carro e fomos no museu Van Gogh. Saímos de lá umas seis horas, Carol quis comer um falafel, eu fui tomar meu Ben&Jerrys. Passamos no supermercado, compramos vinho e voltamos pra casa do André. Tomei minha garrafa de vinho inteira esperando o Remco ligar, fiquei turvo que nem espelho velho e nem interagi com as pessoas. Não conseguia olhar na cara do Hugo, que estava social e simpático com as pessoas. Uma hora fui escovar os dentes, sentei no sofá pra dar uma descansada e só acordei as cinco e meia da manhã, com o despertador da Ana tocando. Foi prático e providencial ter dormido de roupa, foi só levantar e checar se a bagagem estava pronta pra viagem. Fizemos café, chamaos o táxi, carregamos nossa mudança e fomos pegar o ônibus.
Eu estava com medo do ônibus. Dora havia falado que era um horror, que só mendigo viajava de ônibus na Europa, que parecia ônibus escolar, que parava a cada meia hora, enfim, que era o cão. Nem era ruim assim, convenhamos, viajar de ônibus não é bom, mas pra quem já fez São Paulo - Goiânia via rodoviária, Amsterdã - Paris foi fichinha. Sentei numa cadeira sozinho e fiquei sozinho até depois de Bruxelas, quando um homem magro e com cara de advogado sentou do meu lado. Era simpático, me ofereceu um pedaço do seu sanduíche de kani com alface, que eu recusei. Vim de jejum, estava me sentindo bem passando fomem ouvindo todos os discos do Bob Dylan que estão no meu iPod. E eu escutava I shall be free n. 10 e pensava, pensava, pensava que de repente até poderia ser bom ficar na roubada em Paris, sem ter onde ficar, afinal seriam só oito dias, uma bela oportunidade de exercitar minha cara de pau, de testar o limite da minha paciência. Mas eu já sabia que ela era bem pequena então nenhum pensamento a respeito de uma aventura mendiga-beat em Paris me animava. E a viagem demorou, demorou, o ônibus vinha bem lentamente e minhas pernas doíam e dormiam e minhas costas gritavam de dor e enfim chegamos em Paris. O mal estar persistia e eu não tinha outra saída a não ser ir com eles para o apartamento que a Filipa tinha arrumado pro Hugo, lá fomos nós, puxando nossas malas buscar a chave da casa da Filipa na casa de uma amiga.
Minha mala de roupas deve estar pesando uns vinte quilos. Minha mochila com meu computador, minha necessaire e meu moleskine, deve estar pesando uns doze. Meus pratos de bateria com aquele case de madeira caxotão, pesa mais doze. Ou seja, eu estava carregando quarenta quilos na lomba pra lá e pra cá por Paris na hora do rush. Tipo tudo o que eu menos tinha planejado fazer nessa viagem. Chegamos na casa da amiga da Filipa as cinco e meia da tarde, ela só ia chegar as seis. Deixamos nossas bagagens no hall do prédio dela, fomos comer. Compramos pão e brie, ficamos na ponte na porta da casa esperando. Espera, espera. Na verdade eu estava torcendo pra ela demorar bastante, meus braços estavam doces de puxar aquela mala e carregar aquele case pesado. Pegamos a chave, voltamos pro metrô. Sobe aqui, desce ali, gente esquisita aqui, bola de fogo ali. Toda vez que ouvíamos um barulho estranho no metrô, Carolina dizia "olha a bola de fogo vindo", no começo ficamos um pouco paranóicos com a possibilidade de terrorismo, mas né. Não dá pra ficar preocupado com isso.
Chegamos aqui no apartamento do amigo da Filipa. É uma história muito triste, o cara perdeu a mulher e o filho recém nascido no tsunami e agora ele está la na Tailândia procurando o corpo deles. O apartamento é incrível mas mesmo sem conhecer o dono, eu fico olhando as fotos, os livros, é esquisito. Enfim, eles subiram aqui, eu fui num hotel do outro lado da rua ver quanto era. Trinta e cinco euros por dia, achei uma pechincha e pronto. Vim pegar minhas malas e fui pra lá. Nada mais providencial que um hotel do outro lado da rua.
Daí estou com preguiça de continuar escrevendo pq estou com sono. Mas no fim fiquei de bem do Hugo, que é meu irmãozinho do coração e a viagem foi ótima!
hahahahahahhahahahahahahhahahahahahahahhahaha.
Tá.
Pertinências e atualidades xxxxxxxxxxx
The young man stepped into the hall of mirrors
Where he discovered a reflection of himself
Even the greatest stars discover themselves in the looking glass
Even the greatest stars discover themselves in the looking glass
Sometimes he saw his real face
And sometimes a stranger at his place
Even the greatest stars find their face in the looking glass
Even the greatest stars find their face in the looking glass
He fell in love with the image of himself
and suddenly the picture was distorted
Even the greatest stars dislike themselves in the looking glass
Even the greatest stars dislike themselves in the looking glass
He made up the person he wanted to be
And changed into a new personality
Even the greatest stars change themselves in the looking glass
Even the greatest stars change themselves in the looking glass
The artist is living in the mirror
With the echoes of himself
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
Even the greatest stars fix their face in the looking glass
Even the greatest stars fix their face in the looking glass
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
The young man stepped into the hall of mirrors
Where he discovered a reflection of himself
Even the greatest stars discover themselves in the looking glass
Even the greatest stars discover themselves in the looking glass
Sometimes he saw his real face
And sometimes a stranger at his place
Even the greatest stars find their face in the looking glass
Even the greatest stars find their face in the looking glass
He fell in love with the image of himself
and suddenly the picture was distorted
Even the greatest stars dislike themselves in the looking glass
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He made up the person he wanted to be
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Even the greatest stars change themselves in the looking glass
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The artist is living in the mirror
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Even the greatest stars live their lives in the looking glass
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
Even the greatest stars fix their face in the looking glass
Even the greatest stars fix their face in the looking glass
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
Even the greatest stars live their lives in the looking glass
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