Tenho umas músicas pra por no Tramavirtual mas o site parece que está congelado até começo de fevereiro. Daí eu não sabia pra qual banda essas músicas seriam então decidi por meu nome mesmo. Mas Adriano Cintra não é um nome muito sonoro. Adriano Cintra. Tipo nome de carteiro (nada contra a profissão carteiro, que fique claro). Então vai ser Dirtyfingers mesmo. Dedos sujos. Tipo isso. Dirtyfingers, tá. Tudo bem. Já tenho umas seis músicas pra por lá.
Ia colocar a primeira, que se chama Unkind. Fiz hoje, por preguiça de sair na neve. Na verdade eu tentei sair do hotel. Estava menos oito graus e havia uma camada de gelo na calçada de cinco centímetros. Eu dei uma patinada nervosa, derrubei uma senhora de uns sessenta anos, ela teve que se segurar na grade da loja do lado pra não se espatifar no chão. Je suis desolée. Ela me xingou, salope. Ou qualquer coisa parecida. Desculpaí, tia. Não foi por mal, all star no gelo não bom. Pas bon, não bom, bombom. Comprei o sanduíche nojento do árabe mal educado, voltei pro quarto e fiz a música. Na minha cabeça é uma música bem pra ficar dançando no quarto sozinho de pijama e não ir trabalhar e inventar uma desculpa bem filhadaputa. E foda-se.
Unkind
oh baby please can you tell me what's gone wrong?
i wonder why you don't call me anymore
sometimes I just can't sleep at night
the only thing that puts me to sleep is Devendra Banhart
do you know what it's like when you don't want things to come undone
no matter how hard you try you end up realizing you got no control
cuz things will go right, things will go bad, things will go on, things will go back
things will go right, things will go bad, things will go on, things will go back
but you know
that i'm not unkind like that
i thought that you should know
do you?
oh baby please can you tell me what's gone wrong?
i wonder why you don't call me anymore
(things will go right, things will go bad, things will go on, things will go back)
i can't sleep at night
oh baby please can you tell me what's gone wrong?
and i know
that you're not unkind like that
although the things you
they drive me mad, they keep me sad
and you know
that i'm not unkind like that
i thought that you should know
i thought that you should know
o-ooh ooh ooh ooooh
o-ooh ooh ooh ooooh
o-ooh ooh ooh ooooh
o-ooh ooh ooh ooooh
Em fevereiro tá lá. Hahaha, tá longe. E eu vi, um mês nem passa rápido assim.
Leu porque quis, não me encha o saco.
terça-feira, dezembro 27, 2005
Ontem eu não saí com os meus amigos museólogos. Minhas costas doem muito, meu joelho direito está gritando, desde aquele dia fatídico na Loca que eu fiquei em pé por quatro horas na mesma posição com a perna esquerda em cima de um degrau e a direita no chão, apoiando todo o peso do corpo e me equilibrando pra não ser levado pela onda fatídica de gente feia e fedida. Não tenho gostado de ir em museu, meu corpo não está comportando esse tipo de passeio. Daí fui fazer meu rolê, fui na Fnac e olhei todos os dvds, comprei três que eu sempre quis ter. "O que eu fiz para merecer isso", "Outsiders" e "Rumble Fish". Todos americanos, caríssimos. Mas nem pensei duas vezes e passei o cartão. Daí dei uma volta pelos Les Halles procurando óculos , perdi os meus já faz um tempo e eles me fazem falta. Daí eu achei vários incríveis, com preços igualmente incríveis e não comprei nenhum. O mais barato era 229 euros. Depois eu dou um rolê na feirinha do Bexiga e compro um. Estava um frio desagradável e eu voltei pro hotel. Passei no supermercado, comprei vinho, comprei água. Fui no McDonalds e comprei o lanchinho do mendigo, em Berlim custava um euro, aqui em Paris custa um e setenta e cinco. Tá ótimo. Abri o vinho, assisti o Almodovar, depois assisti os Outsiders. Dormi quentinho e bêbado. De novo.
Hoje nevou muito. Muito, muito, mais do que em Berlim. E eu fiquei no hotel o dia inteiro. Basicamente fiquei fazendo música. Às quatro da tarde lembrei que precisava comer alguma coisa, saí na rua e fiquei horrorizado com o frio. Comprei um sanduíche nojento no priemeiro árabe que eu vi aberto, um horror. Só comi porque vi que estava com muita fome mesmo e não ia achar nada mais perto do hotel. Eu odeio frio.
Hoje nevou muito. Muito, muito, mais do que em Berlim. E eu fiquei no hotel o dia inteiro. Basicamente fiquei fazendo música. Às quatro da tarde lembrei que precisava comer alguma coisa, saí na rua e fiquei horrorizado com o frio. Comprei um sanduíche nojento no priemeiro árabe que eu vi aberto, um horror. Só comi porque vi que estava com muita fome mesmo e não ia achar nada mais perto do hotel. Eu odeio frio.
domingo, dezembro 25, 2005
Bom, depois eu continuo a narrar nossa estadia aqui na europa. Outra hora. Agora, estamos aqui no apartamento do amigo da Filipa vendo o campeonato mundial de patinação no gelo, estou tomando minha garrafa de Muscadet gelado e tentando bolar um cigarro de Drum só pra ver se eu sei fazer. Outro dia fomos no Pulp e as bebidas eram tão caras que eu fumei dois cigarros filados. Seis euros por uma garrafinha caçulinha de Heineken? Não, obrigado. Além do mais, eu já tinha tomado uma garrafa de Muscadet aquele dia. E foi divertido, apesar de eu ainda estar brigado com o Hugo aquele dia. Eu dancei, chavequei, acuendei e fui embora porque a música tava ruim pra dedéu. Preferia ouvir o disco novo da Madonna em loop duas vezes seguidas de ressaca. Aliás, esse campeonato de patinação no gelo não está nem um pouco fácil de engolir. Mas hoje é Natal e aparentemente não tem nada pra fazer além de ficar bêbado em casa e ver tv. Até porque à tarde andamos, andamos, andamos pelos mesmos lugares de dois dias atrás, com a diferença de hoje estar todo o comércio fechado. E minhas orelhas congelaram e eu senti uma dor de ouvido horrível. Entramos numa igreja, não sei o que de Madalena. Ótimo, a calefação era ótima. Quando voltamos pra casa, tomei sorvete de pistache e abri minha garrafa amiga de Muscadet. Estou fodido, nunca vou encontrar esse vinho no Brasil por menos de quarenta reais, acho que vou começar a beber pinga quando voltar pra lá. Mas tá, só isso.
quarta-feira, dezembro 21, 2005
I DON'T QUOTE
Bom, e eu vim pra cá sem pensar duas vezes. Ainda mais de graça em que tem que se pensar? Que íamos acabar brigando nós todos e que situação, hein meu amigo? Mas quem mandou ela não se preocupar se o combinado havia sido feito? Quem mandou? Com confiança não se brinca, aliás esse tema tem sido bem pertinente. E foi o que me fez desapegar da pessoa que me prometeu confiança e futuro um dia quando eu vim viajar e no primeiro sábado jogou tudo pro alto por conta de meia dúzia de drogas e sexo mal feito. Mas foda-se, eu não tenho aguentado me olhar no espelho por conta desse assunto tão pequeno que um dia quase foi grande e eu teimo de vez em quando em achar que ele ainda rende alguma coisa. Ufa. Pronto. Ainda vai render. Acredita que vem, tipo o quadro do Carlos. E é muito foda de se pensar que o em São Paulo eu tenho mais o que fazer do que aqui em Berlim ou lá em Paris ou lá em Amsterdã. Aliás, Amsterdã foi uma bobagem sem tamanho, tirando que encontramos a Cíntia e ela nos apresentou pra gangue squatter dela e até que rendeu, rendeu um budum e umas Grolsches de graça e muitos kroketes do FEDO, que são um nojo mas na hora da capela caem bem como nada mais cairia. E tenho sentido falta de São Paulo porque lá eu não preciso de mapa e eu não preciso falar outra língua e eu conheço os esquemas todos e lá eu me dou bem. Fora que lá não tem neve e isso é uma dádiva. Neve só é bonita em foto e em filme, pra mim pelo menos. Bá. Tédio. Hoje eu não fiz nada que preste. Ontem eu tive insônia e tive os sonhos MAIS bizarros de toda minha vida. Sonhos a ver com morte e minha mãe e minha avó e torneiras que vazavam e guardas chuvas de pinguim da Marcelona e do Johnny Luxo e cozinhas e perda e a cada meia hora eu acordava e mudava o playlist do iPod e a cama rangia e eu ficava constrangido de fazer aquele barulhão no meio da noite e uma hora eu fui ver e eram seis horas da manhã e eu definitivamente não tinha dormido qualquer sono de qualidade até então, tirei o iPod e teimei em dormi. Quando eu vi eram nove da manhã e o Hugo Frasa estava falando a todo volume e eu gritei CALABOCAHUGOCARALHO. Eu estava QUASE conseguindo dormir... quase. A essa altura sonhava com alguma coisa menos bizarra que minha avó dizendo que provavelmente ia embora antes que minha mãe ou do que o Johnny Luxo demonstrando seu incrível guarda chuva de pinguim do Helmut Newton. Hahahaha. Bom, dormi, eles saíram, eu dormi mais. Quando minhas costas estavam quase gangrenando, eu levantei, desfiz a mala, fui na internet pagar o celular. Tentei não olhar o email pra ver se Rafael tinha me respondido mas olhei e claro que não. Abravanou geral. Comi um falafel no moço que parece terrorista ali na esquina, passeei pela H&M, comprei um cachecol incrível por nove euros. Voltei pra cá, fiz música, escrevi, fui comprar cerveja e pronto. Estou bêbado. Tinha um euro e oitenta, fui no supermercado, comprei hot dogs congelados por um euro e setenta e nove e agora eles estão em cima do aquecedor descongelando. Meu próprio churrasco caseiro mendigo de inverno alemão. Tomei todas minhas cervejas e estou com sono, pelo menos vou dormir a noite. Amanhã tenho que voltar guiando pra Amsterdam... seiscentos quilometros. Quero sair as seis em ponto pra chegar em tempo de devolver o carro lá. E depois de amanhã vamos pra Paris. Daí, só alegria... vinho Muscadet por três euros. Bêbado desgraçado.
*************************************************************
Daí eu dormi, dormi. Na verdade antes de dormir fomos no bar na rua do lado do hotel e tomamos mais cerveja. Daí estava tipo menos oito graus e minhas orelhas pareciam de cerâmica e minhas pernas azuis como aquarela, tinha ficado com preguiça de tirar meus tênis barangos de cano alto pra colocar uma ceroula e uma calça de moletom. Menos oito graus... eu hein. Voltamos pro hotel, refiz a mala, escovei os dentes, passei fio dental, plax e caí na cama. Quando eu acordei, estava escuro e fui ver as horas: cinco e dezoito. O despertador estava marcado pras cinco e meia, pus meu iPod e fiquei ouvindo a Patti Smith cantando Byrds. So you wanna be a rock and roll star. Daí o despertador tocou e eu levantei. Fui no banheiro, me troquei e sim, estava frio. Um frio do caralho alado que definitivamente não agradou a hora que eu tirei a roupa e me troquei. Acho que ainda estava bêbado da cerveja do dia anterior, ri, ri, sozinho naquele banheiro medonho de filme de terror japonês. Não costumo ficar com esse tipo de medinho do sobrenatural, até porque não acredito nele, mas toda vez que tomava banho ficava meio noiado. Procurando fumaças e sombras pelas paredes. Tá, não duvido que essa nóia seja fruto do abuso de substancias químicas que eu promovi durante a semana anterior em Amsterdã mas fiquei um pouco surpreso comigo mesmo de sentir esse tipo de bobagem. Voltei pro quarto, acordei o povo, aquela lerdeza matinal típica de quem não tem a menor intimidade em acordar esse horário triste. Algum tempo depois, descemos pra tomar o primeiro e último café no hotel. Também, pudera, seis euros e cinquenta... tá caro. Caríssimo, mas fizemos valer cada centavo, fazendo vários sanduíches de knichel, cream cheese e pepino para comer durante a viagem. Embrulhamos um a um com três guardanapos cada, guardei os meus nos bolsos do meu casaco de neve, junto com minhas luvas encardidas e velhas. Tunguei também alguns potinhos de Nutella, minha sobremesa de comer com o dedo.
Fomos buscar o carro no quarteirão entre o hotel e a linha do trem. Estava parado lá fazia uns dez dias, fui algumas vezes ver se ele continuava lá, toda vez que ia chegando perto o coração disparando pela possibilidade de não o encontrar lá. O seguro do carro só valia em território holandês e se alguma coisa acontecesse na Alemanha eu estava fodido. E mal pago, como de costume. Mas o carro estava lá e quando eu apertei o botão pra abrir as portas, elas abriram, quando eu coloquei a chave no contato e girei, o carro ligou. Tudo certo até então. Carregamos o carro, abastecemos e fomos pra estrada. Carolina deu as direções, o mapa estava certo como de costume, e às sete e vinte estávamos rumando pra Amsterdã.
Carol ficou acordada a maioria do tempo, Hugo e Ana desmaiaram no banco de trás e eu só lembrava que eles estavam lá quando um dos dois soltava um peido e tínhamos que abrir as janelas pra trocar o fedor pelo frio. Vim ouvindo os cds que eu tinha comprado em Berlin o Wave e o Easter da Patti Smith e o Berlin do Lou Reed. Me roubaram esse cd há muito tempo e é um de meus preferidos então não pensei duas vezes em recomprá-lo por nove euros. Entre um cd e outro ouvíamos alguma rádio em alemão que teimava em tocar aquela música de natal do George Michael. Last Christmas I gave you my heart, the very next day you gave it away... em meia hora ouvimos essa música em três rádios diferentes. E dirige, dirige, dirige. Estávamos num Mitsubishi Colt, quase sempre a cento e sessenta quilômetros por hora. Quase sempre na pista do meio da Autobahn. Na pista da direita, Merecedes, Audis e BMWs voavam provavelmente a cento e oitenta, duzentos por hora. Tudo muito civilizado, todo mundo muito educado. Quando eram onze da manhã paramos num posto pra abastecer novamente e fazer pic nic com os sanduíches do café da manhã caro do hotel. Comemos, abastecemos e entramos pra tomar um café. Café ruim, como todo café alemão. Acontece que não era mais alemão, era holandês e era ruim do mesmo jeito. Em quatro horas já estávamos na Holanda e provavelmente mais duas horas estaríamos em Amsterdã. Graças a deus, não aguentava mais dirigir, minhas pernas doíam, minhas costas gritavam, eu começava a ter sono. Dirige mais, dirige mais, as pessoas acordando e se portando como pré adolescentes da terceira B, coisa que acontece quando mantemos contato por mais de duas semanas consecutivas dormindo no mesmo quarto, almoçando e jantando junto.
Depois eu continuo porque no momento estou mais bêbado que ontem de vinho de três euros.
Bom, e eu vim pra cá sem pensar duas vezes. Ainda mais de graça em que tem que se pensar? Que íamos acabar brigando nós todos e que situação, hein meu amigo? Mas quem mandou ela não se preocupar se o combinado havia sido feito? Quem mandou? Com confiança não se brinca, aliás esse tema tem sido bem pertinente. E foi o que me fez desapegar da pessoa que me prometeu confiança e futuro um dia quando eu vim viajar e no primeiro sábado jogou tudo pro alto por conta de meia dúzia de drogas e sexo mal feito. Mas foda-se, eu não tenho aguentado me olhar no espelho por conta desse assunto tão pequeno que um dia quase foi grande e eu teimo de vez em quando em achar que ele ainda rende alguma coisa. Ufa. Pronto. Ainda vai render. Acredita que vem, tipo o quadro do Carlos. E é muito foda de se pensar que o em São Paulo eu tenho mais o que fazer do que aqui em Berlim ou lá em Paris ou lá em Amsterdã. Aliás, Amsterdã foi uma bobagem sem tamanho, tirando que encontramos a Cíntia e ela nos apresentou pra gangue squatter dela e até que rendeu, rendeu um budum e umas Grolsches de graça e muitos kroketes do FEDO, que são um nojo mas na hora da capela caem bem como nada mais cairia. E tenho sentido falta de São Paulo porque lá eu não preciso de mapa e eu não preciso falar outra língua e eu conheço os esquemas todos e lá eu me dou bem. Fora que lá não tem neve e isso é uma dádiva. Neve só é bonita em foto e em filme, pra mim pelo menos. Bá. Tédio. Hoje eu não fiz nada que preste. Ontem eu tive insônia e tive os sonhos MAIS bizarros de toda minha vida. Sonhos a ver com morte e minha mãe e minha avó e torneiras que vazavam e guardas chuvas de pinguim da Marcelona e do Johnny Luxo e cozinhas e perda e a cada meia hora eu acordava e mudava o playlist do iPod e a cama rangia e eu ficava constrangido de fazer aquele barulhão no meio da noite e uma hora eu fui ver e eram seis horas da manhã e eu definitivamente não tinha dormido qualquer sono de qualidade até então, tirei o iPod e teimei em dormi. Quando eu vi eram nove da manhã e o Hugo Frasa estava falando a todo volume e eu gritei CALABOCAHUGOCARALHO. Eu estava QUASE conseguindo dormir... quase. A essa altura sonhava com alguma coisa menos bizarra que minha avó dizendo que provavelmente ia embora antes que minha mãe ou do que o Johnny Luxo demonstrando seu incrível guarda chuva de pinguim do Helmut Newton. Hahahaha. Bom, dormi, eles saíram, eu dormi mais. Quando minhas costas estavam quase gangrenando, eu levantei, desfiz a mala, fui na internet pagar o celular. Tentei não olhar o email pra ver se Rafael tinha me respondido mas olhei e claro que não. Abravanou geral. Comi um falafel no moço que parece terrorista ali na esquina, passeei pela H&M, comprei um cachecol incrível por nove euros. Voltei pra cá, fiz música, escrevi, fui comprar cerveja e pronto. Estou bêbado. Tinha um euro e oitenta, fui no supermercado, comprei hot dogs congelados por um euro e setenta e nove e agora eles estão em cima do aquecedor descongelando. Meu próprio churrasco caseiro mendigo de inverno alemão. Tomei todas minhas cervejas e estou com sono, pelo menos vou dormir a noite. Amanhã tenho que voltar guiando pra Amsterdam... seiscentos quilometros. Quero sair as seis em ponto pra chegar em tempo de devolver o carro lá. E depois de amanhã vamos pra Paris. Daí, só alegria... vinho Muscadet por três euros. Bêbado desgraçado.
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Daí eu dormi, dormi. Na verdade antes de dormir fomos no bar na rua do lado do hotel e tomamos mais cerveja. Daí estava tipo menos oito graus e minhas orelhas pareciam de cerâmica e minhas pernas azuis como aquarela, tinha ficado com preguiça de tirar meus tênis barangos de cano alto pra colocar uma ceroula e uma calça de moletom. Menos oito graus... eu hein. Voltamos pro hotel, refiz a mala, escovei os dentes, passei fio dental, plax e caí na cama. Quando eu acordei, estava escuro e fui ver as horas: cinco e dezoito. O despertador estava marcado pras cinco e meia, pus meu iPod e fiquei ouvindo a Patti Smith cantando Byrds. So you wanna be a rock and roll star. Daí o despertador tocou e eu levantei. Fui no banheiro, me troquei e sim, estava frio. Um frio do caralho alado que definitivamente não agradou a hora que eu tirei a roupa e me troquei. Acho que ainda estava bêbado da cerveja do dia anterior, ri, ri, sozinho naquele banheiro medonho de filme de terror japonês. Não costumo ficar com esse tipo de medinho do sobrenatural, até porque não acredito nele, mas toda vez que tomava banho ficava meio noiado. Procurando fumaças e sombras pelas paredes. Tá, não duvido que essa nóia seja fruto do abuso de substancias químicas que eu promovi durante a semana anterior em Amsterdã mas fiquei um pouco surpreso comigo mesmo de sentir esse tipo de bobagem. Voltei pro quarto, acordei o povo, aquela lerdeza matinal típica de quem não tem a menor intimidade em acordar esse horário triste. Algum tempo depois, descemos pra tomar o primeiro e último café no hotel. Também, pudera, seis euros e cinquenta... tá caro. Caríssimo, mas fizemos valer cada centavo, fazendo vários sanduíches de knichel, cream cheese e pepino para comer durante a viagem. Embrulhamos um a um com três guardanapos cada, guardei os meus nos bolsos do meu casaco de neve, junto com minhas luvas encardidas e velhas. Tunguei também alguns potinhos de Nutella, minha sobremesa de comer com o dedo.
Fomos buscar o carro no quarteirão entre o hotel e a linha do trem. Estava parado lá fazia uns dez dias, fui algumas vezes ver se ele continuava lá, toda vez que ia chegando perto o coração disparando pela possibilidade de não o encontrar lá. O seguro do carro só valia em território holandês e se alguma coisa acontecesse na Alemanha eu estava fodido. E mal pago, como de costume. Mas o carro estava lá e quando eu apertei o botão pra abrir as portas, elas abriram, quando eu coloquei a chave no contato e girei, o carro ligou. Tudo certo até então. Carregamos o carro, abastecemos e fomos pra estrada. Carolina deu as direções, o mapa estava certo como de costume, e às sete e vinte estávamos rumando pra Amsterdã.
Carol ficou acordada a maioria do tempo, Hugo e Ana desmaiaram no banco de trás e eu só lembrava que eles estavam lá quando um dos dois soltava um peido e tínhamos que abrir as janelas pra trocar o fedor pelo frio. Vim ouvindo os cds que eu tinha comprado em Berlin o Wave e o Easter da Patti Smith e o Berlin do Lou Reed. Me roubaram esse cd há muito tempo e é um de meus preferidos então não pensei duas vezes em recomprá-lo por nove euros. Entre um cd e outro ouvíamos alguma rádio em alemão que teimava em tocar aquela música de natal do George Michael. Last Christmas I gave you my heart, the very next day you gave it away... em meia hora ouvimos essa música em três rádios diferentes. E dirige, dirige, dirige. Estávamos num Mitsubishi Colt, quase sempre a cento e sessenta quilômetros por hora. Quase sempre na pista do meio da Autobahn. Na pista da direita, Merecedes, Audis e BMWs voavam provavelmente a cento e oitenta, duzentos por hora. Tudo muito civilizado, todo mundo muito educado. Quando eram onze da manhã paramos num posto pra abastecer novamente e fazer pic nic com os sanduíches do café da manhã caro do hotel. Comemos, abastecemos e entramos pra tomar um café. Café ruim, como todo café alemão. Acontece que não era mais alemão, era holandês e era ruim do mesmo jeito. Em quatro horas já estávamos na Holanda e provavelmente mais duas horas estaríamos em Amsterdã. Graças a deus, não aguentava mais dirigir, minhas pernas doíam, minhas costas gritavam, eu começava a ter sono. Dirige mais, dirige mais, as pessoas acordando e se portando como pré adolescentes da terceira B, coisa que acontece quando mantemos contato por mais de duas semanas consecutivas dormindo no mesmo quarto, almoçando e jantando junto.
Depois eu continuo porque no momento estou mais bêbado que ontem de vinho de três euros.
domingo, dezembro 11, 2005
Ai. Ok, estou em Amsterdam. Acabei de fumar uma coisa que me deram daí fiquei com uma vontade de escrever aqui. Ainda bem que coloquei a merda do airport no meu computador e aqui parece que todo lugar tem conexao wi-fi. Melhor que pagar dois euros pro paquistanes mau educado da esquina. Daí eu estava em Paris e foi meio estranho porque eu estava super apegado em assuntos paulistas e demorou umas oito garrafas de muscadet de tres euros pras fichas cairem, daí caíram e eu fiquei em forma. Uuu. Não é mesmo, minha gente? E daí que eu não entendi Paris muito bem, vou voltar pra lá pra explorar melhor o bafo parisiense mais a fundo. Tenho mais dez dias aqui, depois dez dias em Paris. Acho que dá bem tempo antes de meu CPF virar pó de giz e o gerente do bank boston ter um filho por minha situação. E se tiver, foda-se.
E tem sido tão, tão bom. Os shows foram um bafo só, até eu não acreditei. Acho que baixou uma coisa meio Disk Putas na hora do show e nego nunca tinha visto nada parecido, tanta cara de pau, Carolina estava possuída. Possuída. Nunca pensei que um dia fosse vê-la nesse estado e foi muito foda. Pena que eu sou o baterista e baterista tem que tomar cuidado, todo mundo pode errar, mas se a bateria erra.. fodeu. Bom, meu cu. To tomando um Lambrusco de um e setenta e seis que tá ótimo e eu quero ir ali fumar mais um pouco disso antes do show da Annie. A Annie, sabe? A "Madonna norueguesa". Outro dia fui no Ladytron, nao lembro. Me deram um negócio e eu tomei e foi um bafo só. Então tá, tiau.
E tem sido tão, tão bom. Os shows foram um bafo só, até eu não acreditei. Acho que baixou uma coisa meio Disk Putas na hora do show e nego nunca tinha visto nada parecido, tanta cara de pau, Carolina estava possuída. Possuída. Nunca pensei que um dia fosse vê-la nesse estado e foi muito foda. Pena que eu sou o baterista e baterista tem que tomar cuidado, todo mundo pode errar, mas se a bateria erra.. fodeu. Bom, meu cu. To tomando um Lambrusco de um e setenta e seis que tá ótimo e eu quero ir ali fumar mais um pouco disso antes do show da Annie. A Annie, sabe? A "Madonna norueguesa". Outro dia fui no Ladytron, nao lembro. Me deram um negócio e eu tomei e foi um bafo só. Então tá, tiau.
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