Leu porque quis, não me encha o saco.
segunda-feira, setembro 13, 2004
Sim, podia ter sido pior. Eu podia ter matado alguém, claro, a pior coisa que podia acontecer. E quem quer que tenha me levado pra casa, muito obrigado. Nessas horas eu penso que, ok, até sou um cara de sorte, mesmo com todas as merdas que eu faço deve haver um motivo pelo qual eu sou poupado. Pior parte do processo: acordar. Onde estou? Meus braços e pernas estão onde deveriam estar? Sim. Próxima checagem: meu carro. Onde foi que eu deixei o carro? Que diga-se de passagem nem é meu. Meu deus. Aonde está o carro? Recapitulando: vódka um, vódka dois, vódka três, oi, como você se chama? alguém te avisa que eu tô suuuuuperafim de você, vódka quatro. Corta. Meu rosto na parede chapiscada do muro do vizinho, ai, dói. Credo. E a chave que não entrava, não queria nem parar na minha mão. Toda vomitada. Vômito. Vermelho. Que foi que eu bebi mesmo? Suco de uva, ahn. Eca. Pensei em quebrar o portão pra poder entrar. Mas eis que a chave entrou. Ok. Agora o pior. Trancar o portão, subir treze degraus e abrir a porta da sala, meu deus do céu. Corta. Ana Maria gritou e correu quando me viu. Ok. Mas e o carro? A chave não estava onde deveria estar, pendurada na calça. Procurei pelo canhoto do estacionamento. Não achei. Havia vômito do lado de dentro da minha carteira. Meu deus. Capelão. Adriano, você bateu o carro? Não lembro. Não sei. Não estava lá. Liguei pra Amanda. Disse que numa certa altura da noite ela não me encontrou mais, foi até o estacionamento e o carro estava lá. Achou que eu estivesse no quarto escuro mas ficou com medo de entrar lá para me procurar. Sim, tenha medo, muito medo do quarto escuro da Loca. Eu bem sei. Ui. Tá. Banho. Meu deus, o que é isso no meu rosto? Céus. E esses roxos? E o cheiro de vômito? Sai, sai, sai. Água, água, água. Quente demais na pele esfolada da testa. Saco. Eu ria. Alto, quem me trouxe pra casa? Se eu vim de táxi eu não paguei. Meu dinheiro estava todo na carteira, não faltava nenhuma folha de cheque. Mistério. Será que eu apanhei do taxista? Não sei, nunca vou saber... meu cu. Minha nuca dói. Minha mão tem um furo. Tenho saudades da minha mãe.
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