Leu porque quis, não me encha o saco.

sexta-feira, novembro 12, 2004

Da coluna do Lúcio Ribeiro

* CANSEI DE NÃO SER - Toquei segunda-feira passada no Rio de Janeiro, na famosa festa Maldita, que ocupa a Casa da Matriz, em Botafogo. Foi no pós-show da bizarra noite em que o Primal Scream e o Libertines passaram pelo Cais do Porto carioca. Antes, fui abordado por uma galera que me pedia satisfações por ter falado bem sempre o grupo paulistano Cansei de Ser Sexy. "O que foi aquele show no Tim, na sexta?", estavam inconformados. Eu disse que até gostei da apresentação, toda zoada, acidentada, a cara da banda. O papo morreu e mais tarde eu estava tocando na pista de cima da Maldita. O local bombando e eu coloco uma música do CSS, inclusive uma que eles mandaram ver no show do Tim. O povo que estava na pista começou a urrar, de satisfação. A canção "A-la-la" é realmente uma das melhores músicas para tocar em pista que eu já ouvi uma banda nacional fazer. Aí, quando olho num cantinho da pista, está a galera que tinha bronca do CSS, se descabelando de dançar. A maior parte dos urros estava vindo deles.



Tá.
Somebody up there likes me.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Blablabla.
Que sono, que preguiça, que dor de estômago. Pronto, passou. Agora é saber o que vai ser daqui pra frente e parece que vai ser incrível, apesar de toda a maldade e escrotidão jornalística. Jornal não é blog, alguém avisa. Síndrome do colunista estrela, meu cu. Todo mundo quer ser o Finatti agora? Hahahaha, tá Finatti, com todo o respeito do mundo que eu tenho por sua pessoa. Aliás ontem alguém falou uma coisa super engraçada de você, o que foi mesmo? Não lembro. Mas eu ri bastante. E ri pra não chorar também, porque aquele EXXEX tava superlotado.Superlotadão. Tomei uma vodka, dei oi e corri de lá. Um pouco capelão. Fomos lá pra boca do lixo comer um dog. Depois sentamos no banco do estacionamento e ficamos conversando horas, eu, Clara e Fábio. Blablabla, fomos pro Gourmet e lá a Adriana me lembrou o porre mais vexaminoso da minha vida, durante o qual eu perdi minha camiseta. Como alguém consegue perder a camiseta? Alguém me avisa. Mas daí vai, foi, vai foi, eram três da manhã e eu tinha que acordar cedo pra vir aqui pra masmorra. Aliás, o prazo de validade de mim aqui já venceu faz tempo. Não sei se aguento os treze dias que restam.
Amanhã tem show delícia do CSS (cansei de ser chata, segundo aquela gorda caixa cafona e desgraçada do Estadão) no Sesc Pompéia, no projeto Cidade Mutação. U uu. Vai ser gostosinho. Então tá.
Enquanto isso mentalize o baterista dos Libertines com aquele samba todo no pé que eu to te olhando daqui. Como é divertido ser brasileiro.

domingo, novembro 07, 2004

Já me escreveram perguntando de onde eu tirei essa crítica, foi do site do próprio Tim Festival.

"Critica - 6/11/2004 07:08:55
Uma boa piada - mas que dura só duas músicas - por Silvio Essinger
Quem chegava ao Motomix achava que tinha voltado aos terríveis anos 80. O Cansei de Ser Sexy, com seus modelitos de new wave precários e as duas vocalistas se esgoelando, lembrava a Blitz, na melhor das hipóteses, e O Espírito da Coisa – na não tão pior. A onda era fazer – de forma irônica, entende-se – um rock meio punk, com algumas eletrônicas toscas (o que se podia, com boa vontade, chamar de eletro). As meninas nas guitarras e baixo lembravam uma banda de sarau, sem muito jeito de palco. E as letras das músicas, em inglês, faziam grandes gozações com assuntos que passavam ao largo de boa parte do público. Dava para achar engraçado durante umas duas músicas, principalmente porque as vocalistas Luisa Lovefoxx e Clara se esforçavam, em músicas como “I Wanna Be Your J.Lo”. Mas precisa muito mais do que só ironia para segurar um show inteiro. "

Como me disse o velho Abu um dia, quem sabe faz, quem nao sabe fazer ensina, quem nao sabe fazer nem ensinar vira critico.
Triste profissão, mas uma feliz forma para escritores mediocres pagarem o aluguel.
Ninguém é obrigado a gostar do que eu faço. Ninguém é obrigado a entender a estética da minha piada interna. Base eletronica tosca no meio do teu rabo, seu filho da puta do caralho. Obviamente você foi escalado pra escrever de algo que você não tem o menor embasamento a não ser seu gosto duvidoso, a saber pelas outras críticas que você escreveu. Gosto não se discute e muito menos é verdade absoluta.
Galinha que come pedra sabe o tamanho do cu que tem. Obviamente o Cansei se apresentar no Tim Festival foi a maior dada de cara a tapa que eu já dei na minha vida. E eu não fui lá achando que íamos ser unanimidade, que íamos agradar aquelas pessoas que acharam a discotecagem antiséptica e publicitária do 2ManyDjs a coisa mais incrível do mundo. Eu toco há mais de dez anos e o Cansei é a banda mais criativa que eu já tive. Queria muito ouvir uma crítica construtiva a respeito do show. Primeiro porque falar que as bases são toscas é mais do que maldade, porque tosco estava o som que nos foi dado. Não tivemos passagem de som, nosso show era um tanto complicado tecnicamente já que havia músicas que eram tocadas junto com bases eletrônicas, músicas que era somente as bases eletrônicas e músicas tocadas sem bases eletrônicas. Era de suma importância que nós passássemos o som para tudo ficar no seu devido plano. Mas não, não nos deixaram passar o som por causa que o Kraftwerk, com o maior show de playback da história, mais até que a Britney Spears (sim, eu vi de onde saía a música do show deles, era de um Powerbook g4 que ficava na cochia), já havia montado o palco e foda-se o resto das atrações. Ainda bem que nós tínhamos ensaiado mais de cinquenta horas pra fazer esse show, caso contrário o desastre teria sido muito maior.
Vocês não tem idéida do caos que estava o som em cima do palco. Eu só ouvia as bases no meu retorno, não ouvia voz, não ouvia guitarra, baixo, nada. Nada. Nosso técnico de som operou verdadeiro milagre para que o som saísse com um mínimo de decência para o público, mas isso não é coisa que se faça com o show rolando. Sem passagem de som, o Tim festival quebrou nossas pernas. Como disse um amigo, nos atirou nas bocas dos leões, como esse panaca do Sílvio Essinger, que graças às pobres referências que tem nos comparou a uma piada sem graça, numa má vontade inexplicavel, mas ninguém é obrigado a ter boa vontade quando se gasta mais de cem reais por dia para ver shows. E ninguém é obrigado a ter boa vontade quando se é obrigado a escrever uma crítica a respeito de um show quando se está virado, com sono e mau humorado.
Eu realmente não quero ficar aqui me explicando e justificando o desastre que foi o show. Eu estou muito triste e desanimado, frustrado e com vontade de brigar com todas as pessoas que escreveram coisas ruins a respeito do show, porque realmente nós nos preparamos, investimos muito dinheiro e tempo pra fazer essa presepada. Que se tornou uma presepada graças a má organização do Tim, a falta de respeito e pouco caso com os artistas de primeira viagem.
No camarim do CSS: Smirnoff e suco Del Valle.
No camarim do Soulwax: Absolut e Cranberry Juice.
Tá, meu cu. No fim a gente ganhou Absolut deles.
Agora a coisa é que na verdade o Tim Festival é um festival mainstream. Nós não somos uma banda mainstream, nunca seremos, não temos a menor vontade. Se para uma pessoa média como o Sílvio Essinger nosso figurino era "precário" (e nada mais recalcado e maldoso que "precário"), isso só indica o quão distante estamos do imaginário da classe média, que ainda acha cool as roupinhas pretas do souwax. Se para outro jornalista nós somos um clone malfeito de Chicks On Speed e Tatu, eu só posso entender isso por causa da má qualidade do som. Obviamente as pessoas vão sempre pelo lado mais fácil. E realmente não dá pra culpar as pessoas pela falta de informação, agora jornalista que não faz lição de casa devia levar uma surra. Eu sou o primeiro a querer dar essa surra. Sempre. Mas não me misturo com gente recalcada e feia. Quanto mais dizem que São Paulo está fervendo de cultura, mais eu tenho certeza que isso aqui não passa de uma Belo HOrizonte mais convencida. Cada vez mais eu acho que símbolos de cosmopolitismo paulistano de cu é rola. O sonho mais moderno que o paulistano médio tem é poder comprar em dólar nos jardins para dar pinta no castelo de Caras ao som da trilha de comercial de sabão em pó dos 2manyDjs. E depois, comprar meia dúzia de revista moderna e deixar na mesinha do telefone pra fingir que realmente entende de modernidade.
Preguiça.
Eu não aguento mais meu trabalho, eu não aguento mais essa cidade, eu não aguento mais pessoas.
Ainda bem que daqui a quinze dias eu vou pra europa tocar com o Butchers. Quando eu voltar eu decido o que eu vou fazer da minha vida.

quinta-feira, outubro 14, 2004

Já que eu não ia embora tão cedo, dei um pulo no posto e comprei duas Smirnoff Ice. Quando estava quase na hora de ir embora, tomei a primeira. Bom, vamos combinar que o negócio é ruim, ainda mais essa nova, a Black. Mas quem falou que eu queria que fosse gostoso? Sendo ruim eu bebo mais rápido, já que eu nem estava afim de apreciar o bouquet da bobagem e sim acalmar as idéias. Quando a primeira garrafa acabou, parecia que eu tinha acabado de dar um mergulho num dia muito quente, foi quase a mesma sensação. Quase, porque mergulhar não dá azia e junto do último gole veio aquela queimação filhadaputa que nem Milanta tá resolvendo. Peguei meu carro, pus o cd do Liars (que eu tenho ouvido em loop nos últimos dias) e fui pro JukeJoint passar o som. I no longer want to be a man, I want to be a horse, men have small hearts, I need a tail, give me a tail, tell me a tale of the children that stood in the way of the endless winter e eu fui ficando transtornado a medida que ia virando a segunda garrafa de vodka infantil. Já era tarde, eu tinha trabalhado mais de doze horas, como de costume, e usualmente estava irritadíssimo, como de praxe, concordando plenamente com aquela idéia de querer ser um cavalo. I, I am the boy, she, she is the girl, he, he is the bear, we, we are the army you see throurgh the red haze of blood, blood, blood, blood. E eu ficava cantando blood, blood, blood e babando ao mesmo tempo, porque eu estava com vontade de vomitar, aquela vodka maldita caiu como um copo de tachinhas no meu estômago e eu cheguei no JukeJoint e resolvi dar uma caminhada pela chuva pra ver se passava aquela sensação de ter um buraco no meu estômago e outro dentro da minha cabeça e eu andei, andei, subi quase até a Paulista pela Augusta e a cada puteiro que eu passava alguém me oferecia xoxotas em promoção, lindas garotas e eu querendo vomitar aquela porcaria do diabo então eu tapei os ouvidos pra não ter mais que ouvir as pessoas falando comigo e eu estava ficando ensopado achando que se não morresses de dor de estômago eu ia morrer de pneumonia no dia seguinte o que de forma alguma ia ser agradável, já tive princípio de pneumonia duas vezes e foi horrível, até hoje não consigo escutar um cd do Porno for Pyros porque me lembro de quando tive isso e custou pra passar não tanto quanto estava custando pra passar todo esse processo de não conseguir parar de pensar e não conseguir prestar atenção em outra coisa senão na dor do estômago e não tinha uma farmácia aberta daí eu lembrei que estava de jejum havia o dia inteiro então parei numa padaria e comi um pedaço de pizza de muzzarela e eu nunca comi uma pizza tão deliciosa minha vida toda, era a pizza de muzzarela mais perfeita e suculenta e salgada no ponto e sublime que eu já havia comido, tudo isso por um real e sessenta centavos.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Colocou tudo numa caixa, pôs no armário. Um dia ele pensa em abrir a caixa e tomar as devidas providências com aquelas fotos, aqueles lenços, aquelas cartas, documentos. A providência mais sábia seria queimar tudo aquilo, mas antes , antes, tanta coisa pra fazer, pintar os armários, mas a casa não era dele, primeiro, comprar uma casa para depois pintar as portas dos armários para depois abrir a caixa e queimar tudo para seguir em frente sem se preocupar com um punhado de fotos e documentos antigos que ele não tinha pra quem deixar e toda noite quando ele deitava de frente praquela porta que escondia a caixa ele revia o processo das escolhas que haviam para serem feitas e nada como empurrar tudo com a barriga que cada dia ficava maior para conseguir achar que ele não estava adiando a coisa, mas só colocando as coisas no lugar na sua devida ordem. E o barulho da rua não importava mais, não era maior do que a vizinha arrumando os móveis todos os dias ela parecia mudar tudo de lugar, ele não, desde que se mudou as coisas continuam no mesmo lugar e só de pensar em mudar era como se um o teto caísse por sobre seu corpo, uma cãibra, uma dormência, melhor não. Melhor que arrumar a casa era sair e beber e toda noite ele bebia e ainda bebe e os dias passavam muito rápido, menos quando ele tinha que trabalhar até tarde mas nada mais providencial que morar numa cidade grande, não importava até que horas ele trabalhava ele fazia questão de sair e beber porque arrumar a casa ele não ia mesmo, dormir ele não queria pra ter que se deitar na frente daquela porta mal pintada que escondia a porra daquela caixa desgraçada que guardava toda uma segurança que não existia mais e por estar fadada a não existir um dia, nunca foi de fato um estofo, foi um estepe, um estepe que ele teimou em aceitar sem piscar e usar de desculpa para não fazer as coisas direito e então ele se jogou no chão e tentou bater a cabeça com toda a força nos tacos raspados mas doeu, como doeu, achou melhor não comentar isso com ninguém, só com os cachorros porque eles não entendiam nada mesmo e só queriam saber de subir no sofá e tentar ver teve como se isos fizesse alguam diferença porque no fim nada fazia muita diferença nem esse emprego estúpido que ele mantinha por pura falta de perspectiva e por tédio também, achava melhor se ocupar a contragosto do que se culpar pela falta do que fazer e ele tinha que comprar comida para os cachorros que ele tem a contragosto e que a contragosto deixava subir no sofá por preguiça de mandar descer, desce, desce, desce puta que pariu, desce, desce, desce, quem te convidou, quem falou que eu quero ouvir alguma coisa, quem falou que eu quero ficar aqui até agora, quem disse que eu tenho que fazer qualquer coisa, quem falou está dentro daquela caixa, aquela caixa abarrotada de coisas que devem estar mofando, que deviam ser queimadas por pura dignidade, por higiene, desce, desce, desce, vamos arrumar essa bagunça um dia, um dia, eu prometo, um dia, um dia, vou descer essa caixa e vou arrumar e vou sair na rua e vou andar até a sola do sapato acabar, até não sobrar um pedaço de borracha e vou encontrar dignidade e paz de espírito, sem as coisas dentro daquela caixa, as coisas que restaram e que eu recolhi na caixa, eu tenho até medo de abrir aquela caixa e exumar o que eu acho que me dá algum sossego, mesmo que seja só uma breve idéia, um deja vu, algo que poderia ter sido e não é mais, nunca vai ser, e os cachorros que não descem não descem não descem sefossemmaislimpossefossemmaislimpossefossemmaislimpossehouvessealgumadignidadesenãohouvesseacaixa.

terça-feira, outubro 05, 2004

De repente eu tinha doze anos de novo. Não conseguia mais olhar no rosto, devia estar fazendo a cara mais patética dentre todas da minha coleção. Todos os assuntos se perderam no vácuo das minhas expectativas (u u) e sorrir não parecia ser a solução mais pertinente. Quer beber? Não podia. Vamos sentar ali no sofá então, mais confortável. Descontrai, vamos, descontrai. Do que estávamos falando mesmo? Não sei. Não faço idéia. Tanto fazia. Era euforia misturada com desconforto e saudades e insegurança e vodka e a plena certeza de que eu estava sendo um chato mas ao mesmo tempo acreditando, porque o importante é acreditar, que se fosse pra ser ia ser de qualquer jeito, tá.
Pode ser que tudo tenha dado errado no fim, eu não sei. Não tenho idéia, nunca tive, de como funcionam essas coisas. O pouco que eu sei diz respeito a minha pessoa que eu achava estar calejada o suficiente para nunca mais passar por essas situações. Quem diria.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Sim, podia ter sido pior. Eu podia ter matado alguém, claro, a pior coisa que podia acontecer. E quem quer que tenha me levado pra casa, muito obrigado. Nessas horas eu penso que, ok, até sou um cara de sorte, mesmo com todas as merdas que eu faço deve haver um motivo pelo qual eu sou poupado. Pior parte do processo: acordar. Onde estou? Meus braços e pernas estão onde deveriam estar? Sim. Próxima checagem: meu carro. Onde foi que eu deixei o carro? Que diga-se de passagem nem é meu. Meu deus. Aonde está o carro? Recapitulando: vódka um, vódka dois, vódka três, oi, como você se chama? alguém te avisa que eu tô suuuuuperafim de você, vódka quatro. Corta. Meu rosto na parede chapiscada do muro do vizinho, ai, dói. Credo. E a chave que não entrava, não queria nem parar na minha mão. Toda vomitada. Vômito. Vermelho. Que foi que eu bebi mesmo? Suco de uva, ahn. Eca. Pensei em quebrar o portão pra poder entrar. Mas eis que a chave entrou. Ok. Agora o pior. Trancar o portão, subir treze degraus e abrir a porta da sala, meu deus do céu. Corta. Ana Maria gritou e correu quando me viu. Ok. Mas e o carro? A chave não estava onde deveria estar, pendurada na calça. Procurei pelo canhoto do estacionamento. Não achei. Havia vômito do lado de dentro da minha carteira. Meu deus. Capelão. Adriano, você bateu o carro? Não lembro. Não sei. Não estava lá. Liguei pra Amanda. Disse que numa certa altura da noite ela não me encontrou mais, foi até o estacionamento e o carro estava lá. Achou que eu estivesse no quarto escuro mas ficou com medo de entrar lá para me procurar. Sim, tenha medo, muito medo do quarto escuro da Loca. Eu bem sei. Ui. Tá. Banho. Meu deus, o que é isso no meu rosto? Céus. E esses roxos? E o cheiro de vômito? Sai, sai, sai. Água, água, água. Quente demais na pele esfolada da testa. Saco. Eu ria. Alto, quem me trouxe pra casa? Se eu vim de táxi eu não paguei. Meu dinheiro estava todo na carteira, não faltava nenhuma folha de cheque. Mistério. Será que eu apanhei do taxista? Não sei, nunca vou saber... meu cu. Minha nuca dói. Minha mão tem um furo. Tenho saudades da minha mãe.

quarta-feira, setembro 01, 2004

Aqui havia um post sobre judaísmo.
Judia, vá pra puta que te pariu,
Era era era, judia chupetera.
Não tem um dia que eu acorde e não deseje que você queime no inferno.

quarta-feira, agosto 18, 2004

O Focka saiu, eu gripei, toquei um monte, faltei um dia no serviço por conta da peleumonia (mew, c tá capelão, com peleumonia e tudo mew) e ahn, nada demais. A Margareth ta por aqui mas eu nem interagi muito, muito trabalho, tive até que cancelar um show em Americana. Viva o Fluimucil, viva a puta que o pariu. Olraite.

quarta-feira, julho 28, 2004

Focka, que cagada meu camarada. Que cagada. Vou fazer o que puder pra ajudar.

quarta-feira, julho 21, 2004

Sábado, acho, comprei um dvd da reunião dos Stooges, os originais. Com o Mike Watt tocando baixo e eu achei o Mike Watt parecido com o Tchello, tá, quase, se ele não tivesse aquela pancinha de azeitona, ae, Tchello, foi mal, mas é verdade, com todo respeito (porque hoje eu estou com um pouquinho de respeito sobrando aqui na gaveta). E o Ron Asheton ainda continua minha grande referência agora mais ainda depois de vê-lo velho, gordo, parecido com o Michael Moore, aquele chato, tá, eu também detesto os Estados Unidos, aliás detestar os Estados Unidos já está virando um statement, papinho mais demodê, tipo conta pro boneco você também porque eu não aguento mais discutir o quanto os Estados Unidos são isso, aquilo. Mate-se por favor. Tá, mas voltando ao dvd dos Stooges, a coisa mais incomodante que tem lá é a ameixa seca do Iggy Pop sacolejando aquela pele seca toda pra lá e pra cá, tá, tá, eu sei que não devia reparar nesse tipo de coisa, quem sou eu pra julgar o cara ainda mais pela aparência... e lá estava ele, com a calça apertada, cantando LAST YEAR I WAS TWENTY ONE, I DIDN'T HAVE A LOT OF FUN, caro Iggy, eu tinha 21 há belos nove anos atrás, o senhor eu nem imagino. Aliás quando eu ouvi 1969 pela primeira vez você já não tinha 21 fazia tempo e essa música definiu tanto o rumo da minha vida naquela época (imagino que tenha sido lá pelos idos de 1988, eu tinha parcos 14 anos e ficava contando os anos que faltavam para eu fazer 21 e achar que eu era velho o suficiente para poder fazer uma música como essa reclamando do tédio, afinal de contas nada mais maduro que o tédio achava eu) que quando eu ouvi você cantando isso agora, velho, tão emocionado, tudo fez sentido novamente e logo nos primeiros acordes eu fiquei todo arrepiado e lembrei a primeira vez que eu vi esse disco na minha vida e eu achei aquelas jaquetas de couro a coisa mais cool da face da terra e tive certeza de que era isso que eu queria fazer na minha vida mesmo nem tendo ouvido a música. Tá, tá, tá, chega.

sexta-feira, julho 16, 2004

Hoje eu acordei um lixo. Straight to hell, boys, straight to hell, boys. Daí me lembrei da frase da noite:
"Estou notando uma tendência nova aqui, tá cheio de bicha dando o cu pra sapatão. Antes, era boy dando pra travesti, agora é bicha dando pra sapatão".
Poize, fia, você devia ir lá pra Belo Horizonte pra ver como eles são precursores dessa nova tendência.
E eu estou visivelmente azedo, não me reparem hoje. É que eu vim da roça, lá é assim. Cornélio Procópio, sabe, minha família veio de lá. E de Bebedouro também, família Buscapé, mascando broto de grama, dando tiro de sal, sabe como? Eu nasci assim, eu cresci assim, lá no MadreAlix. Ú.
Um viva pra rua deserta às cinco e quarenta e cinco da manhã, pra total ausência de táxis na Vila Madalena em plena sexta feira de madrugada, pro meu celular sem bateria, pra cada miligrama de vódega que eu ingeri, pra cada folha de cheque que eu preenchi e não anotei no canhoto, pro Miltão que sempre está lá, firme e forte. Um viva pro Adriano, outro pro André, pra Yaya e pra Didi, pra Carol e pra Milena, pra Iracema tão bonita e tão querida. Luiza Sá, tem um viva pra você aqui também, pra Ana Boogie e seu incrível buzuzu, pro Caio que não tava lá também tem. Pra Ermínia, pro Paulo, pro sake da Torre, não podia deixar de dar um viva pra caipirinha de sake da Torre. Pro Hugo, um viva, pro Paulo outro. Pra Fera do Mar e seu Tchuco, pro Bispo, pro Fábio que embarca sempre nas minhas idéias fracas e pra SoGo que afinal de contas foi a cota bizarra da noite, até mais do que voltar a pé pra casa. Pro Dudu e pro Edu, pro Diego, pro Kleber e pra Claudia. Pro Carlos Charlos e pra Clara, sempre super afim e pro Bezzi que eu também já catei. Pra Ana que eu catei ontem, viva, viva, viva. Um viva pra mim, que não dormi, dormir pra que? Pra Rita. Pro Bruno, pra Zel e pra Fabi. Pra Erica, viva, Simone, Gláucia, Pipa, Keila, Paula, Gustavo, Tony, o outro Diego do bar do rock, um viva pro Bar Do Rock, pra Maria, pro Davi Churly Cabelo, viva o Bar do Rock, viva a Guiness do Bar do Rock, viva o Bolo de Guiness do Bar do Rock, viva a Barra Funda, viva o predinho onde era o Ateliê, viva a Luiza, viva o Marton (vaisefudervaitomarnoseucuvaichuparumarolabichadesgracada mendigatruqueirabagaceiradesaunabarbiefalidatatodacagadavai), viva o Jonas onde quer que ele esteja, viva o Daniel Pantera, viva o JotaJota, DoraLongoBahia lá na África do Sul.
Viva o judaísmo, viva o oportunismo, vive le freak show, le freak c'est chic, vive la merde, voici la merde. Viva a ignorância, viva a abafação. Morte súbita, morte morrida, a volta dos mortos vivos, banhistas no mar morto, mãozinha dada bar adentro, a-ba-fa, não vi nada, ninguém viu, o rabino não viu, o que os olhos não vêem a pica sente, viva Hugo Frasa, viva o glory hole, Station, SoGo, ForFriends, tudo kosher, tudo kosher, o menino do dedo kosher, sapatonismo kosher, vódega, barriga, barba, mãozinha boba, dedinhos, pequenos e gordos, voici mon passé, je suis le passé, mon cher, la mission, viva a hipocrisia, viva a arte contemporânea, viva Jamanta, Vermelho, Strina e Kohn, performance, foto, vídeo, instalação, viva a globalização, a miscigenação, o sincretismo radical da bicha tatuada que no fim das contas tanto fez, tanto faz, viva a infelicidade, viva viva viva, três vivas antes de bater as botas, botar as barbas de molho, viva o meu cu, viva o caralho.

E certo estava Jackson (e viva Jackson),
"Caguei. Caguei. Caguei, caguei, caguei".

quinta-feira, julho 15, 2004

THE BUTCHERS ORCHESTRA
,SAMBA NO PUNK ROCK YES TOUR 2004'
BLUES PUNK UND WILD WILD ROCK'N'ROLL VON SAO PAOLO IN BRASILIEN !!!!  IN
SÜDAMERIKA SEIT LANGEM DIE UNDERGRUND HELDEN DIESER ZEIT NUN DAS ERSTE MAL
IN EUROPA, EIN LIVE FEUERWERK.. EINE GEBALLTE LADUN AN BLUES PUNK.. EIN
SÜDAMERIKANISCHER MIX AUS DEN GORIES, MC5, THE STOOGIES, BLUES EXPLOSION
ODER DEN DIRTBOMBS, ERSTE CD WURDE VON DEN DEMOLITION DOLL RODS PRODUZIERT.
UND DIE NEUE WURDE VON TIM KERR (JACK O FIRE, NOW TIME DELEGATION, THE
MONKEYWRENCH, LORD HIGH FIXERS, TOTAL SOUND GROUP DIRECT ACTION COMMITTEE, )
PRODUZIERT DEN SIE EXTRA NACH BRASILIEN EINGEFLOGEN HABEN UM DIE AUFNAHMEN
ZU MACHEN.. ANYWAY . DAS IST BRASILIEN AUS EINER ANDEREN SICH.. BRASILIEN
IST NICH SAMBA BRASILIEN IST NICH METALL.. BRASILIEN IST ROCK'N'ROLL !!!!!


Tá, tá, tá.

segunda-feira, julho 12, 2004

you got your head on backwards baby
you don't know where you're at
got your head on backwards baby
watch out or you'll fall flat
instead of saying hi to the people that you meet
you oughta say goodbye as you're walking down the street
you got your head on backwards baby
you're gonna hit the ground
when you finaly fall down
i don't wanna be around
oh

quinta-feira, julho 08, 2004

Estriquinina, por favor. Então me vê uma jurupinga dupla, quente. Dizem que esse fim de semana vai fazer frio recorde, nem vou estar aqui, benza deus, naturalmente. E Cynthia também vai, vamos passear a tarde toda como adolescentes desempregados, tomar sorvete e ir no mercado central comprar pimenta e eu vou visitar Kelly. Faz anos que não a vejo, a última vez foi lá em São Francisco quando nós passamos a tarde na jacuzzi e tomamos vários metropolitans como adolescentes desempregados. De lá pra cá mudou tanta coisa, preguiça até de pensar, me dá agora uma jurupinga tripla, quente, batizada de metanol. Eu preciso tomar um ácido. Preciso muito, preciso tomar um ácido como aquele que eu tomei com a Ana e nós andamos a Paulista inteira abraçados, vendo as estrelas (que estrelas) refletidas no asfalto, como aqueles que eu tomava com o Arthur e íamos jogar fliperama, com a Roberta, Amanda... eu era um adolescente desempregado. Eu podia tomar um ácido domingo, mas agora tenho que trabalhar. Domingo. Eu vou voltar de BH domingo à noite e venho direto pra cá, responsabilidade. Num certo momento da evolução corporativa responsabilidade virou sinônimo de escravidão e nada mais normal do que deixar de viver pra ter a ilusão de que aqueles vários zeros na conta bancária indicam qualidade de vida. Mas que sou eu, sem estofo algum, pra me dar o direito de pensar sobre isso? Não, não. Não tá mais aqui quem falou e hoje vai ser muito bom. Mais tarde. Lá em bh. Eu ainda dou meus jeitos de aproveitar.

segunda-feira, junho 28, 2004

E a rua estava cheia, camelôs, crentes, lixo, desviávamos de tudo tomando cuidado pra não esquecer o que estávamos indo fazer. Acho que era verão, pouco importa, o sol dourava tudo à nossa volta e o centro da cidade nunca mais foi tão familiar quanto nessa tarde. A gente podia deitar no chão da 25 de Maio com a Praça da República, nós fazíamos parte daquele asfalto, aquele asfalto sujo me confortava, eu olhava pra baixo e ele parecia tão macio, quente, deslizando embaixo dos meus tênis tão rápido, tão rápido, vertiginosamente, como lava escorrendo. O Alfred não parava de falar, eu não entendia nada que ele dizia, eu só olhava pra Marina e pra Clarice e elas sorriam e andavam rápido e eu sorria de volta e fazia a contagem regressiva pra hora que tudo ia estar escuro e a música alta ia entupir a cabeça pra eu parar de pensar em mergulhar no asfalto. E dessa tarde isso é tudo que eu me lembro, das faíscas douradas do sol rebatendo nas pessoas e o Alfred falando sem parar e os sorrisos de Marina e Clarice me atingindo em cheio.
Vi Marina sábado, tão linda.

sexta-feira, junho 25, 2004

Queridão, queridão, é bom. E se a gente nunca encontrar também vai ter sido bom do mesmo jeito. Já ouviu o Nick Cave cantando LoveWillTearUsApart? Sensacional, quase não ficou gótico. Não gótico capa e espada, gótico cabeça, nerd, irritante. Gótico chato. Daqueles que leram Schoppenhauer e até hoje estão perturbados, vai, relaxa, bicha. Tá, aprendi que os góticos são masoquistas, aprendi na marra, aprendi tão aprendido que sublimei. Meu cu, queridão, meu cu. Agora eu estou leve, até meu sono está leve, eu não fico mais catatônico daquele jeito, eu não me cobro mais daquele jeito e acima de tudo, eu estou feliz, mas feliz de um jeito que eu não ficava desde os dezoito anos. Eu reencontrei tudo aquilo que eu achava que estava perdido e larguei mão de ficar comparando as coisas. Nem tenho mais somado as placas dos carros pra prever o futuro, porque no fundo eu sei bem o que vai acontecer, queridão. Sempre soube na verdade. Sabe que até lido eu tenho? Outro dia fui comprar sorvete no posto e ao invés disso, comprei 1933 foi um ano ruim, do Fante. Minha irmazinha Clarah Averbuck que me incitou a ler Fante. E eu tenho tido saudades do breve período que convivi com ela, pouco tempo bem gasto, aquele tipo de convívio que troca muita experiência sem ter que conversar muito. A gente bebia. Vódega, eu era rico e comprava Stolichnaia ou qq coisa parecida com essa grafia aí. Então tá, queridão. Vou pra casa tomar sake.

quinta-feira, junho 24, 2004

Eu olhei, olhei. Olhei mais um pouco, estranhei, não costumava ser assim, ou será que um dia foi? Fazia tanto tempo que eu não fazia aquilo, que não passava por ali, não é possível que eu nunca percebi que era daquele jeito... e o pior era ter aquela sensação deja vu maldita, estar ligado no piloto automático e ter que dividir a atenção da coisa com esses pensamentos mais inoportunos, que em nada ajudavam o ato em si. Como era mesmo a rua da casa da minha mãe? O prédio um dia foi bege, eu acho. E tinha detalhes em marrom, chamava Maison sei lá o que e quando comecei a aprender francês na escola eu adorava ler o nome do prédio. Lembro que tinha amigos naquele condomínio, primeiro eu tinha um tico tico, depois ganhei uma bicicleta com rodinhas. E andávamos por toda a volta dos prédios, num moto contínuo que durava a tarde toda, até a hora do jantar. E como era mesmo o nome da escola de natação? Era perto dali, perto do aeroporto, lembro que um dia um teco teco bateu num prédio ali perto e lá fomos nós ver o acidente, que eu lembro como uma pintura, o prédio furado com o rabo do avião pendurado, emoldurado por um uma mancha escura em forma de rosca como a fumaça que meu pai costumava soprar pra fazer graça e que me dava uma vontade desgraçada de fumar também, fumar aqueles cigarros que vinham embrulhados num papel dourado como a luz daqueles dias tão seguros e preciosos. Mas lá estava eu, o que eu estava fazendo mesmo? Céus, não é possível. Concentre-se, concentre-se. A primeira impressão é a que fica, não pense que tem gente em volta olhando, não se incomode com isso agora, pelo menos agora. E agora eu bem que devia estar fazendo outra coisa, não é mesmo? O que mesmo? A verdade é que eu não tinha nada pra fazer a não ser procurar alguma coisa pra fazer e eu já estava fazendo uma coisa muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia tentar arrumar pra fazer. E quem se importa que era uma quinta feira de madrugada e eu não ia ter tempo de dormir antes de voltar a trabalhar, dormir, pra que? Pra sonhar coisas bizarras mais uma vez? Outro dia sonhei que eu e minha mãe íamos visitar a Luma. E a Luma ficou constrangida, mas minha mãe foi lá e abraçou Luma e disse que não fazia mal o que tinha acontecido. Meu deus, eu não quero mais sonhar isso. Issos. Prefiro sonhar de novo que eu estava num safari pela África com a Gisele Bundchen e o ônibus tombava e os leões nos atacavam enquanto Gisele tocava violão, mas isso não é coisa pra se pensar agora. Agora, entende, agora. Mau, cérebro mau, me deixe em paz.

terça-feira, junho 22, 2004

"Dormir? Pra que? Tsc, ahn". Assim sendo, fomos eu e Carolina pro dEdge depois de acabar com a última das garrafas de sake fino que eu tinha comprado sexta feira. E tocou "Frede" no Garagem da Brasil 2000 bem na hora que eu e Carol gravávamos a versão demo de Catuaba é Bom Pra Voz e não ouvimos, saco. Em compensação eu dei tanta risada enquanto gravava que tive que deitar no chão frio do estúdio pra não morrer de espasmo. Pegamos a Larissa na rádio, fomos na casa de Dora e seguimos pro dEdge. Os Borderz iam tocar, a Luma ia discotecar. Nem que eu planejasse por meses eu ia conseguir juntar tantos amigos diferentes no mesmo lugar. A Flávia e sua hermana Paola, a Magrela querida, que saudades eu estava dela. Marquinho, Chiquinho, Psycho, Dora. E bebemos vodka com tônica até soar o alarme do bom senso, "e aí, quer morrer?". Não, não mais. Então voltamos pra casa antes do show dos borderz acabar.

segunda-feira, junho 21, 2004

Incrível como o sake fez o fim de semana render. O sake e a falta de sono, chega de sonho desgraçado. Tenho acordado todo dia antes do previsto (como se fosse possível prever alguma coisa depois de duas garrafas de sake) e pulado da cama, hoje eu fui dormir as três e meia da manhã e as oito e meia já estava lá na cadmía. Pedala, pedala, pedala, desgraçado. Mais rápido, olha a subida. E a mocinha do meu lado ficou verde musgo, disfarçou e saiu da sala, caindo sentada no chão da lanchonete, do outro lado da parede de vidro. Não foi dessa vez que ela conseguiu passar mal incólume, lá foi o professor acudir, nos largando no meio da segunda subida consecutiva. Suei desgraçadamente, voltei pra casa, tomei banho pelo sexto dia seguido ao som de I love you golden blue do Sonic Youth. Fui me trocar, saco, lembrei que meu cinto quebrou. Uma vez eu tinha dois cintos, um preto que o Jonas roubou, e esse quadriculado, que eu me apropriei. Quando você mora junto com outra pessoa, gradativamente se apropria de certas coisas, esse cinto foi assim. Quadriculado branco e preto, o cinto mais legal que eu já tive. E saindo do Amp Galaxy sábado depois de um qüiproqüo com os seguranças mais educados do brasil, o cinto arrebentou. Fui levar meu amplificador embora, apoiei o peso todo no fecho do cinto e pronto. Desmontou, caiu no chão, perdi um pedaço. Saco, saco, saco. Queria ter voltado pro Amp mas não ia rolar depois do que eu fiz. Aliás, pensando bem, eu não volto lá nunca mais, o que pode até ser uma coisa boa, se eu levar em consideração que eu devia ficar mais em casa do que eu tenho ficado. Por outro lado, eu não quero deixar a Vivi na mão e ela está contando que eu vá discotecar lá sexta que vem... hmmm.

quinta-feira, junho 17, 2004

Eu não sou místico. Não acho que tenha sido o espírito de minha mãe que veio no meu sonho me mandar recados. Acho que foi minha consciência me torturando por não ter ido visitá-la em coma na UTI. E por ter "fugido" do hospital no dia que ela foi pra UTI. Mas de verdade eu não achava que seria a última vez que eu a veria viva... eu nem sabia que ela ia pra UTI e eles iam induzi-la em coma. Agora não tem um dia que eu não pense nisso e talvez eu nunca consiga esquecer. Mas isso não quer dizer que eu vá usar de desculpa pro resto da vida pelo fato das coisas darem errado. Eu não sou místico. Eu não acredito em churumelas religiosas inventadas há cinco mil anos atrás. Eu só acredito no poder da culpa e estou lidando com isso da melhor forma possível, sem muletas supersticiosas.
Frede, seus olhos são vermelhos como um gato na fotografia.
Hoje tive um pesadelo. Ontem foi um dia bem estressante, daquela série "trabalho nunca tem fim e eu tenho compromisso a noite em casa, acho que vou ter que desmarcar e as pessoas vão ficar bravas comigo". Mas enfim, consegui ir embora, chegar em casa já um pouco bêbado por conta das duas SmirnoffesIces que eu comprei no posto aqui do lado. A Larissa já estava lá com Carol e Milena, bebendo. Vinho, detesto vinho, desde que vomitei duas garrafas com a Clarice eu nunca mais consegui tomar vinho e olha que isso já faz uns sete anos. Gravamos voz em quatro faixas do cd de Verafisher e fomos ensaiar, sábado tem show no AmpGalaxy. Meu celular não parava de tocar, work never ends. Voltei pra casa, bêbado, mais bêbado do que eu gostaria de ter ficado numa quarta feira desgraçada e ainda por cima era aniversário de cem anos de Ulisses e eu tinha combinado com Dora de irmos beber (mais) Guinnes ou Guiness no bar do Diego mas eu estava tão mal humorado que eu não consegui ir e fui pra casa tomar engov, dormir e ter um sonho tão triste, tão triste que eu acordei e chorei. Tomei banho e chorei, correndo, meio atrasado, com preguiça de vir trabalhar.
Faz anos que eu não vou ao sítio. Anos, não consigo lembrar qual a última vez que estive lá. E eu sonhei que tinha um monte de gente no sítio, festa de família e olha que eu tenho uma família imensa, cada festa que eu vou eu descubro mais uns cinco ou seis primos. E estavam todos esses estranhos familiares no sítio, eu não consegui entender qual o motivo da reunião e minha mãe estava lá, e minha mãe que estava lá era a mesma que eu vi pela última vez no hostpital, pesando quarenta quilos, sem voz, precisando ser escorada pra levantar e olhar pela janela. E ela estava, no sonho, visivelmente constrangida de estar naquele estado em companhia de tanta gente, e ela comia e vomitava e eu queria tirar ela dali e as pessoas também estavam constrangidas e eu me tranquei no banheiro e quando eu sai meu pai tinha levado ela embora e eu fiquei desesperado pra saber pra onde e minha avó me falou que ela mandou avisar que queria que eu fosse encontrar com ela. E eu ainda fiquei muito tempo do sonho procurando minha mãe até que parei na frente do canteiro com as flores dela e o caseiro falou que era ali que estavam as cinzas dela, e é lá que estão mesmo as cinzas dela e quando eu acordei eu fiquei com vontade de ir correndo pro sítio regar essas flores e ficar lá sentado olhando e tirar fotos e acender velas e incensos e conversar com essas plantas e abraçar e cuidar pra sempre delas.

segunda-feira, junho 07, 2004

No aguardo. Enquanto isso estive em Belo Horizonte por algumas horas que pareceram semanas inteiras repletas de detonação da mais grave espécie. Culpa de pouco sono somado a três garrafas de Salton compradas de madrugada no Extra da Floresta. A Obra estava cheia, cheia de pessoas bonitas de Belo Horizonte. E na hora do show eu já estava com o nível de jamantice no oito, o que faz com que minha habilidade baterística fique um pouco comprometida. Mas as pessoas bonitas de Belo Horizonte já estavam chababas também e as meninas da banda estavam cada qual com seu encosto predileto possuído no corpo e todos se divertiram pencas. E pencas e pencas de satisfação caíram do céu e pairou sobre nós aquela luminosa aura de felicidade incontestável e contagiante e sim, foi para nós tão inesquecível quanto os passeios de escola mais inesquecíveis de quando nós tínhamos dez anos de idade.

sexta-feira, junho 04, 2004

http://www.tramavirtual.com.br/mangokid
(you call me the mango kid but your girl calls me baby)

segunda-feira, maio 31, 2004

Chuva, azia, dor nas costas. Queria que fosse domingo pra eu poder ir lá na Praça da Liberdade fazer massagem com os cegos, comprar coisas do Japão pra cozinha e Tiger Balm porque eu perdi minha mochila com meu vidrinho dentro e aproveitar um dia ao ar livre. E essa chuva me dá vontade de fazer fofo, comer pipoca e ver tv, ficar pendurado no telefone com alguém bem da idéia fraca. E dias chuvosos me lembram cheiro de tatame, de kimono. Outro dia passei na frente do prédio onde ficava a academia Ono ali na Brigadeiro Luiz Antônio e fiquei com saudades de fazer karate. Ou aikido. Pelo cheiro do tatame. E do Noboru, do Pedro, do Chebel, do Dudu, do Magrão. Sexta feira, arrumando o armário, eu achei minha faixa marrom e meu kimono. Amarelei quando ia fazer o exame da faixa preta, eu ia apanhar horrores, não estava afim, não fiz. E eu fazia karate quase todo dia. Às vezes fazia duas aulas por dia, porque eu tinha tempo. E eu fui ficando bom naquilo e dava uma satisfação quando o professor ensinava katas de faixa preta quando eu ainda era faixa verde... é a mesma sensação de quando estou ensaiando e fazemos uma música muito boa ali, na hora. E amanhã o Jonas vai embora e eu já tenho saudades dele agora e eu espero que ele volte logo porque ele é o batera mais legal que já tocou com a gente e ele é o batera mais legal que já tocou com a gente porque ele ainda tem aquela quase inocência de quem tem 20 anos e ele está indo embora pra perder essa inocência e acho que ele tem mesmo que fazer isso porque foi exatamente o que eu fiz quando tinha vinte anos. E até hoje eu me arrependo de ter voltado e não ao mesmo tempo, acho que se eu tivesse ficado lá eu talvez nem estivesse vivo pra escrever isso hoje, o que também não seria de todo ruim. Não sei mais.
Sabe que outro dia eu estava em Brasília, passando o domingo sozinho, tinha que ir pro aeroporto umas cinco da tarde, não tinha hotel, não tinha o que fazer então eu comprei um caderno preto e umas etiquetas redondas laranjas e achei que eu ia escrever tudo aquilo que eu sempre quis escrever então eu sentei ali embaixo da torre da tv e dava pra ver as cumbucas lá longe e a feira hippie estava gritando e um povo tocava berimbau e jogava capoeira e isso me irritou profundamente porque era impossível de se concentrar pra escrever qualquer coisa ali e ainda por cima o sol estava assassino e então eu corri pro shopping center e fingi que eu estava em São Paulo. Tomei sorvete, olhei as vitrines, comprei coisas que eu não precisava e fui pro aeroporto quando deu quatro e meia. Eu odeio avião. Prefiro tratar três canais no mesmo dia que viajar de avião. Eu adoro aquela anestesia que dão na junção do maxilar, acho sexy. Não sei de onde eu inventei de achar essa anestesia sexy, mas desde a primeira vez que eu experimentei eu achei. Se eu tivesse essa anestesia em casa eu aplicava todo dia, aliás vou extrair o ciso mês que vem, já estou ansioso pela picada e pela total falta de sensibilidade. Da última vez que eu tomei essa anestesia eu machuquei a gengiva de tanto passar a unha. Mas voltando ao avião, sempre que eu sento naquela poltroninha desgraçada eu tenho certeza que "é agora, vai dar merda". Daí eu rezo uns pais nossos e umas aves marias, mas sempre tenho o cuidado de nunca rezar a ave maria por último porque desde criança eu tenho essa superstição de que se eu rezar uma ave maria e não rezar mais nada depois eu vou morrer. Então é simples assim, para eu não morrer eu só tenho que rezar uma ave maria e um pai nosso depois. E tenho que me lembrar de passar fio dental antes de dormir, pois o esquecimento do mesmo implicará na minha imediata morte no dia seguinte. Desde pequeno eu tenho certeza disso. Mas ainda no avião, como é que a maioria dos vôos nacionais duram sempre uma hora, uma hora e pouco? Tá, pro Rio é menos, mas pra Curitiba, pra Florianópolis, Porto Alegre, Goiãnia, Brasília... tudo uma hora. Pra Buenos Aires são duas e meia. Não gosto de pensar muito nisso, isso de ficar descobrindo falhas no funcionamento básico da realidade. Programaram direitinho, mas tem umas merdas.
Bem, domingo. Ou oitava feira. E eu não quero mais me sentir um leproso. Então eu decido que gosto do meu emprego, apesar de cada vez mais ele se tornar a minha vida. Bem, pelo menos eu tenho uma. Gosto dela.

sexta-feira, abril 30, 2004

There lies my passion, hidden
There lies my love
I'll hide it under a blanket
Lull it to sleep

I'll keep it in a hidden place
I'll keep it in a hidden place
Keep it in a hidden place
Keep it in a hidden place

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